CGD regista menos valia superior a 300 milhões com acções do BCP
A dispersão em bolsa do capital da Caixa Seguros, a holding do grupo Caixa Geral de De para a área seguradora, dificilmente ocorrerá antes de 2007, devido ao processo de consolidação que terá de ser feito na sequência da aquisição da Império Bonança ao BCP. A instituição financeira estatal quer prosseguir a estratégia de se afirmar como um «player» ibérico.
--------------------------------------------------------------------------------
Sílvia de Oliveira
so@mediafin.pt
A dispersão em bolsa do capital da Caixa Seguros, a holding do grupo Caixa Geral de De para a área seguradora, dificilmente ocorrerá antes de 2007, devido ao processo de consolidação que terá de ser feito na sequência da aquisição da Império Bonança ao BCP. A instituição financeira estatal quer prosseguir a estratégia de se afirmar como um «player» ibérico.
Segundo António de Sousa, presidente da Caixa, esta opção passará ainda necessariamente por um processo de decisão política, tendo em conta que o accionista, neste caso, é o Estado.
A BCP chegou a acordo para comprar, ao BCP, o negócio não Vida da Seguros e Pensões, por um total de 343 milhões de euros. Através deste negócio a CGD passou a contar com uma quota de mercado de 38% do ramo não vida, o que somando aos 21% detidos no ramo Vida, perfaz uma quota global no mercado de seguros português de 28%.
Em conferência de imprensa o presidente da CGD adiantou ainda que a redução da participação da Caixa no BCP, para os cerca de 3%, se traduz numa menos valia «que deve andar na ordem dos trezentos e tal milhões de euros».
No âmbito do negócio hoje anunciado a CGD vai, em dois dias, alienar 110 milhões de acções que detém no BCP.
António de Sousa sublinha, porém, que esta menos valia já teria de ser reconhecida este ano devido às IAS – normas internacionais de contabilidade.
«A percentagem de um banco noutro banco atinge directamente os seus fundos próprios. Pelo que fazer um investimento adicional sem desinvestir seria complicado», explicou o presidente da CGD.
Este responsável precisou ainda que, na sequência do negócio do BCP, assistia-se a uma «certa descida do Tier I e uma subida dos restantes fundos próprios».
Por isso a CDG efectuou recentemente uma emissão de 250 milhões de euros e, em resultado desta operação, o Tier I, «fica quase na mesma» e o rácio total sobe cerca de 1 ponto percentual.
Terceira maior companhia seguradora da Península Ibérica
Com a compra de parte do negócio segurador da Seguros e Pensões, o objectivo da Caixa é prosseguir a sua estratégia de se tornar num «player» ibérico de dimensão. Passamos a ser a terceira maior seguradora ibérica. Agora queremos um compasso de espera, consolidaremos as operações, para depois podermos vir a pensar em novas coisas», disse António de Sousa.
O presidente da Caixa adiantou, porem, que não existem neste momento quaisquer outras possíveis aquisições em estudo.
O objectivo de crescimento visa, não só o mercado português, mas também o espanhol, onde no final do ano passado a CGD concorreu à compra da Seguros Bilbau, que acabou por perder, mais uma vez por uma questão de preço.
Neste momento, em Espanha, estará à venda a seguradora Aegon, mas segundo António de Sousa, «para já, não estamos a pensar comprar».
O interesse do Grupo Caixa, assenta, sobretudo, em crescer no ramo Não Vida.
CGD com efectivos a mais da área de seguros
Sobre uma eventual redução de efectivos, Vitor Fernandes, administrador da CGD, admitiu que irão ter pessoal redundante, mas «não são centenas e centenas de pessoas, porque, ao longo dos últimos anos foram feitas algumas reduções de pessoal».
«Alguma coisa vai acontecer, mas será feito com a maior das tranquilidades». O mesmo responsável escusou-se a revelar qual a estimativa sobre o excesso de trabalhadores. Na sequência do negócio com o BCP a CGD herdou 1.900 trabalhadores, sendo que a Fidelidade Mundial conta com mais 2.300 empregados.
Sobre o acordo de parceria assinado com o BCP, em 2000, na sequência do caso Champalimaud, António de Sousa adiantou que neste momento «não existe qualquer projecto de crescimento da CGD no exterior.
Desta forma o presidente do banco estatal não antevê qualquer desenvolvimento da parceria com o BCP, cujo espírito, reforçou António de Sousa, assenta nas áreas de seguros e internacional.