Caixa vende 110 milhões de acções do BCP
BCP chega a acordo para vender Seguros e Pensões à CGD e Fortis por 843 milhões (act)
O Banco Comercial Português anunciou hoje que chegou a acordo para vender 100% de três companhias da Seguros e Pensões do negócio não vida, à Caixa Geral de Depósitos, por 343 milhões de euros, alienando ainda 50% do capital de mais quatro companhias da sua unidade de seguros, ao banco belga holandês Fortis, por 500 milhões de euros. Estas duas operações resultarão numa mais valia para o banco de Jardim Gonçalves no valor de 367 milhões de euros.
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Nuno Carregueiro
nc@mediafin.pt
O Banco Comercial Português anunciou hoje que chegou a acordo para vender 100% de três companhias da Seguros e Pensões do negócio não vida, à Caixa Geral de Depósitos, por 343 milhões de euros, alienando ainda 50% do capital de mais quatro companhias da sua unidade de seguros, ao banco belga holandês Fortis, por 500 milhões de euros. Estas duas operações resultarão numa mais valia para o banco de Jardim Gonçalves no valor de 367 milhões de euros.
Num comunicado o BCP [Cot] diz que chegou a acordo com vista à alienação de 100% do capital social das companhias Império Bonança – Companhia de Seguros, S.A., Seguro Directo Gere – Companhia de Seguros, S.A. , Impergesto – Assistência e Serviços, S. A. e Servicomercial – Consultoria e Informática, Lda.
Este negócio foi firmado pelo montante de 343 milhões de euros, com a Caixa a pagar em dinheiro 70% do valor quando a operação for concretizada e o restante no prazo de três anos, acrescido de juros.
O BCP diz que a este valor global acrescerá «ainda o pagamento pelo adquirente de um valor adicional correspondente à variação patrimonial positiva das sociedades alienadas ocorrida entre a data de referência do acordo e a data efectiva da sua concretização».
As seguradoras agora vendidas à CGD dedicam-se à comercialização de produtos de seguros através da rede própria de balcões Império Bonança, de agentes, corretores, e canais directos, tendo emitido prémios no valor de 806 milhões de euros em 2003.
Estes activos estavam contabilizados em 199 milhões de euros, pelo que a sua venda resulta numa mais valia de 144 milhões de euros.
Acções do BCP em três meses
Caixa vende 110 milhões de acções do BCP em dois dias
No âmbito deste negócio a Caixa Geral de Depósitos vai vender 110 milhões de acções BCP por si detidas, a realizar em processo de "accelerated book building" a preço de mercado, com início imediato e conclusão no prazo máximo de dois dias.
A Caixa detém 205 milhões de acções do BCP, correspondentes a 6,29% do capital da empresa, mas a instituição financeira estatal reiterou a intenção de se manter como accionista do banco de Jardim Gonçalves.
Segundo a agência Reuters as acções do BCP estão a ser vendidas entre 1,7 a 1,75 euros, explicando a queda de 3,26% das acções do BCP em bolsa, na sessão de hoje.
Jardim Gonçalves sobre venda da SeP
«A parceria hoje anunciada é uma decisão importante para o Grupo, já que concretiza a nossa opção de enfoque no negócio de retalho bancário, permitindo uma parceria estratégica com um especialista em bancassurance como a Fortis com experiência bancária e seguradora, de forte reputação e presença internacionais.
O propósito desta parceria é, assim, criar mais valor através do forte empenho dos parceiros no aumento da rentabilidade pela conjugação das nossas competências essenciais, nomeadamente a capacidade e força de mercado únicas do Millenniumbcp em Portugal e as capacidades de "cross-selling"».
Negócio Vida alienado da Seguros e Pensões vendido ao Fortis
Depois de um processo negocial que durou vários meses e ter incluído várias instituições (ficaram de fora a AXA, Mapfre e CNP) o BCP chegou também a acordo para vender 50% do negócio de seguros vida, bem como o controlo de gestão ao Fortis, um banco com origem na Bélgica e na Holanda.
As companhias em causa são a Ocidental – Companhia Portuguesa de Seguros de Vida, S. A., Ocidental – Companhia Portuguesa de Seguros, S. A. , Pensõesgere – Sociedade Gestora de Fundos de Pensões, S.A. e Companhia Portuguesa de Seguros de Saúde, S. A .- Médis, sendo que o montante envolvido no negócio é de 500 milhões de euros, a ser pago integralmente em dinheiro pelo adquirente no momento da venda.
No mesmo comunicado o BCP diz que estes activos estavam contabilizados a um valor de 244 milhões de euros, pelo que a mais valia é de 256 milhões de euros.
«Na sequência deste acordo, cuja documentação final se encontra em ultimação, as duas Instituições estabelecem parceria numa sociedade "joint-venture" Millenniumbcp-Fortis Grupo Segurador, holding que deterá as companhias referidas», explica o comunicado do BCP.
Estas seguradoras são líderes de mercado em bancassurance e seguros de saúde e registaram mais de 1,25 mil milhões de euros de prémios em 2003, actuando primordialmente na venda pelo canal bancário, tendo as partes celebrado um acordo de distribuição exclusiva de produtos de seguros vida, saúde, não vida e de fundos de pensões (estes comercializados também por outros canais) através da rede bancária Millenniumbcp em Portugal, combinando assim o potencial de mercado dos mais de 3 milhões de clientes e 1000 sucursais do Millenniumbcp, com a reconhecida competência da Fortis no sector segurador.
Segundo o BCP, «as duas instituições financeiras manifestaram ainda interesse em explorar áreas de negócio adicionais de cooperação, podendo considerar outras iniciativas para alargar a parceria entre os dois Grupos, sempre que o considerem de interesse mútuo».
Mais valias de 367 milhões de euros com operações
Através destes dois negócios o BCP apurou uma mais valia patrimonial de 367 milhões de euros, a que corresponde um acréscimo de 0.7% no rácio de capitais tier 1 (fundos próprios de base).
O Banco, através da Seguros e Pensões, mantém nos seus livros 50% das sociedades parcialmente alienadas, referidas no ponto 2, relativamente às quais prosseguirá a consolidação pelo método de equivalência patrimonial.
O maior banco privado português adianta que estes negócios visam reduzir «a exposição a negócios como a actividade seguradora não relacionada com o canal bancário, e de reforço dos capitais próprios do Grupo para níveis próximos dos por nós desejados».