Esta questão das alavancagens torna-se mais transparente com exemplos.
Aqui fica:
Corretora: 200x
Limite auto-imposto: 10x
Capital: 10.000€
Tomemos como exemplo o EURUSD. Abre-se uma posição longa de 100.000€, por exemplo, ficando assim alavancado a 10 vezes.
A corretora «dirá» que temos 9.500€ de margem ainda disponível. O nosso capital é nesta altura sensivelmente de 10.000€ (9.500 + 100.000/200).

Agora, imaginemos que o EURUSD sobe 1% (120pips).
Ora, como estamos alavancados a 10x, a subida de 1% no EURUSD representará uma valorização de 10% na nossa carteira, ou seja, 1.000€ (10% de 10.000€ e 1% de 100.000€).
Assim, nesta altura passamos a ter 10.500€ de margem disponível (500€ utilizados de uma carteira que vale agora 11.000€).
Assim, sem nada termos feito passamos a estar alavancados a 9.2x (101.000/11.000) e este valor continuará a baixar à medida que o EURUSD for subindo.

Consideremos agora a situação inversa com o EURUSD a cair 1%, ou seja, a cair 120pips.
Ora, como estamos alavancados a 10x, a descida de 1% no EURUSD representará uma desvalorização de 10% na nossa carteira, ou seja, 1.000€ (10% de 10.000€ e 1% de 100.000€).
Assim, nesta altura passamos a ter 8.500€ de margem disponível (500€ utilizados de uma carteira que vale agora 9.000€).
Assim, sem nada termos feito passamos a estar alavancados a 11.0x (99.000/9.000) e este valor continuará a subir à medida que o EURUSD for descendo.
Qual a implicação disto?
Bem, se estivermos perto dos limites que a corretora permite e esta activar os margin calls, a implicação é simplesmente fatal. Se alguém vir uma sua posição ser fechada por margin call deverá ficar consciente que está a tratar muito mal o seu capital e que está a jogar um jogo que - a prazo - não pode ganhar. Se o margin call foi activado quer dizer que se ultrapassou claramente os limites permitidos pela corretora. No momento em que o margin call foi activado estava-se tremendamente alavancado e assim que a posição é fechada a perda é abatida à margem que ficou assim reduzidissima. A próxima posição que se abre será obrigatoriamente inferior (em valor) pelo que se tornará muito difícil recuperar da perda anterior...
Exemplificando, imaginemos que o margin call foi activado e o capital ficou reduzido a 40%. Não só teremos de recuperar de uma perda de 60% (o que significa que temos de valorizar o nosso capital em 150%! como ainda por cima temos agora menos capital para o fazer e teremos que fazê-lo menos alavancados). É por essa razão que no global trader vimos muitos investidores que começaram bem ou mais ou menos bem mas depois de terem cometido um erro (grave) «nunca mais se levantaram», isto é, é muito mas muito difícil recuperar de perdas de 60 ou de 80%...
É claro que se poderá a seguir fazer um bom trade, mas esse trade não bastará, sería necessária uma série de bons trades, série essa difícil de conseguir, pois entretanto cometer-se-ão outros erros.
Mas mesmo que os margin calls não sejam atingidos, esta disparidade mantêm-se, ainda que em menor escala.
Assim, quando fechamos uma posição perdedora, a perda abate-se à margem (nessa altura já poderemos estar mais alavancados do que o limite que nos impusemos) e a posição seguinte que abriremos, se queremos respeitar os nossos limites, tenderá a ser bem menor do que a anterior que acabou de se revelar perdedora e também menos alavancada.
Esta será a tendência natural. Portanto, deveremos tentar contrariar esta tendência (reduzindo posições perdedoras para não se ver a alavancagem escalar ou, pelo menos, não reforçar e reforçar posições ganhadoras para equilibrar essa relação de alavancagens entre trades ganhadores e trades perdedores).