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Mais uma vez à espera do FED

MensagemEnviado: 28/6/2004 15:44
por TRSM
Mais uma vez à espera do FED
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Jorge Ramos


O comportamento dos mercados, numa semana de acalmia relativa em termos de dados económicos e resultados de empresas, pode considerar-se como neutral: ...
O comportamento dos mercados, numa semana de acalmia relativa em termos de dados económicos e resultados de empresas, pode considerar-se como neutral: o Dow Jones e o Euro Stock 50 fecharam «flat» e apenas a tecnologia apresentou um desempenho positivo com o Nasdaq a subir 1,8%. Não esperávamos outra coisa, já que todos os olhos estão postos no próximo dia 30, na magna reunião do FED tão ansiosamente aguardada.

Independentemente da decisão que venha a ser tomada por Mr. Greenspan e seus pares - prevemos uma subida de 25 pontos na taxa dos «fed funds» - acreditamos que grande parte do «ajustamento» a este novo cenário de taxas está feito. E para aqueles que vêem este facto como um «drama», há que lembrar que a economia é feita destes ciclos e que, apesar de tudo, continuamos a ter uma das políticas monetárias mais expansionistas das últimas décadas. Uma das maneiras de medir o carácter expansionista da política económica é através do nível da taxa de juro real (i.e. taxa nominal, descontada da inflação anual).

No início de 2004, com a taxa «fed funds» no seu mínimo histórico (1%) e uma inflação de 2%, este indicador era negativo em -1%. Mas, com o crescimento dos preços neste primeiro semestre, provocado por um maior «pricing power» das empresas e pela alta do petróleo e outras matérias primas, a taxa real dos «fed funds» já está em cerca de -2%. Nem mesmo em 1994, no último ciclo de baixa de taxas, se atingiram níveis tão baixos (nessa altura este indicador era nulo).

E mesmo que baixe a factura energética, com o petróleo «controlado» abaixo dos 40 dólares, há que juntar às expectativas inflacionistas um novo fenómeno: a expansão dos salários nos EUA cujo crescimento tem sido moderado mas que a recente expansão do mercado de trabalho, deverá alterar. As estatísticas já mostram esta tendência: aumento dos «average hourly earnings» (ganhos horários por trabalhador) de 3% em 2004 (contra 2,1% em 2003), e expectativas que este indicador atinja 3,5% em 2005. Conjugado com um crescimento esperado da produtividade de 2,5% este aumento da massa salarial não deverá constituir uma grande ameaça para os lucros das empresas, que deverão progredir a bom ritmo, em 2005.

Ou seja, se é certo que a inversão de expectativas sobre inflação e as taxas de juro é sempre um fenómeno «doloroso» para os mercados, pela desvalorização relativa sobre os activos (e aqui as obrigações, não escapam à erosão de valor), não é menos verdade, que é também um «mal necessário», para a prevenção de futuros desequilíbrios e a garantia da continuação do bom ritmo do ciclo económico. Aos mercados resta «acomodar» estes movimentos

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