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por falar em "seguidismo", e mais ainda... "baixar a bolinha", "não pensar por nós" e a melhor forma de ter empolado e aprofundado uma recessão.... :
Dois Anos Estupidamente Perdidos
Por ISABEL ARRIAGA E CUNHA *Correspondente em Bruxelas - DE
Foram dois anos perdidos, que ajudaram a cavar a recessão económica em Portugal e provocaram um confronto inútil entre a Comissão Europeia e o conselho de ministros da UE, em nome do Pacto de Estabilidade e Crescimento do euro (PEC).
Joaquin Almunia, comissário europeu responsável pelo euro, reconheceu oficialmente na semana passada o que toda a gente já tinha percebido há muito: o PEC, que fornece o quadro legislativo destinado a garantir a disciplina orçamental dos membros da moeda única, é excessivamente rígido, não distingue os défices conjunturais dos estruturais e, sobretudo, trata da mesma forma países em abrandamento económico e em expansão.
Romano Prodi, presidente da Comissão Europeia, já tinha chegado à mesma conclusão quando, em Outubro de 2002,se saiu com o seu célebre "pacto estúpido". Mesmo se as premissas da sua análise estavam correctas, o adjectivo aniquilou por longos meses as possibilidades de lançar uma reflexão serena sobre as lacunas do PEC. Prodi apenas conseguiu provocar um confronto entre os defensores do pacto e os seus críticos em torno da questão de saber se o pacto era ou não estúpido.
Enquanto duravam as guerras de religião,os países do euro em situação de "défice excessivo", ou seja, superior a três por cento do PIB (Produto Interno Bruto), começaram a cair como castelos de cartas: primeiro Portugal, logo seguido da França e Alemanha e, mais recentemente, da Holanda, Reino Unido e Grécia. Alguns devido a comportamentos de cigarras nos tempos das vacas gordas, outros em resultado de uma severa recessão económica ou da necessidade de investir em infra-estruturas. A todos, o PEC exige indistintamente a redução dos défices num prazo de dois anos, sob pena de multas.
A recusa da França e Alemanha de se conformar com esta exigência para não comprometer um crescimento económico ainda muito tímido, provocou um braço de ferro com a Comissão Europeia, o "polícia" do direito comunitário e a suspensão de facto do PEC, que culminou numa batalha, ainda em curso, no tribunal de Justiça da UE.
As "pistas" lançadas por Almunia procuram responder, com dois anos de atraso, aos problemas detectados. Os procedimentos do PEC, defendeu, têm de ser adaptados às condições específicas de cada país, tendo nomeadamente em conta o seu endividamento global, a sustentabilidade a longo prazo das finanças públicas e as necessidades individuais de investimento público. Terão de ter em conta a fase do ciclo económico em que cada um se encontra, para não impôr a adopção de políticas pro-cíclicas em nome do princípio absoluto da redução do défice. E deverão pressionar os Estados a manterem os esforços de consolidação orçamental em tempos de forte crescimento.
São tudo ideias de bom-senso, que só não puderam ser lançadas mais cedo devido ao adjectivo deslocado de Romano Prodi. Os portugueses bem lhe podem agradecer a recessão em que ajudou a mergulhar o país.
Dois Anos Estupidamente Perdidos
Por ISABEL ARRIAGA E CUNHA *Correspondente em Bruxelas - DE
Foram dois anos perdidos, que ajudaram a cavar a recessão económica em Portugal e provocaram um confronto inútil entre a Comissão Europeia e o conselho de ministros da UE, em nome do Pacto de Estabilidade e Crescimento do euro (PEC).
Joaquin Almunia, comissário europeu responsável pelo euro, reconheceu oficialmente na semana passada o que toda a gente já tinha percebido há muito: o PEC, que fornece o quadro legislativo destinado a garantir a disciplina orçamental dos membros da moeda única, é excessivamente rígido, não distingue os défices conjunturais dos estruturais e, sobretudo, trata da mesma forma países em abrandamento económico e em expansão.
Romano Prodi, presidente da Comissão Europeia, já tinha chegado à mesma conclusão quando, em Outubro de 2002,se saiu com o seu célebre "pacto estúpido". Mesmo se as premissas da sua análise estavam correctas, o adjectivo aniquilou por longos meses as possibilidades de lançar uma reflexão serena sobre as lacunas do PEC. Prodi apenas conseguiu provocar um confronto entre os defensores do pacto e os seus críticos em torno da questão de saber se o pacto era ou não estúpido.
Enquanto duravam as guerras de religião,os países do euro em situação de "défice excessivo", ou seja, superior a três por cento do PIB (Produto Interno Bruto), começaram a cair como castelos de cartas: primeiro Portugal, logo seguido da França e Alemanha e, mais recentemente, da Holanda, Reino Unido e Grécia. Alguns devido a comportamentos de cigarras nos tempos das vacas gordas, outros em resultado de uma severa recessão económica ou da necessidade de investir em infra-estruturas. A todos, o PEC exige indistintamente a redução dos défices num prazo de dois anos, sob pena de multas.
A recusa da França e Alemanha de se conformar com esta exigência para não comprometer um crescimento económico ainda muito tímido, provocou um braço de ferro com a Comissão Europeia, o "polícia" do direito comunitário e a suspensão de facto do PEC, que culminou numa batalha, ainda em curso, no tribunal de Justiça da UE.
As "pistas" lançadas por Almunia procuram responder, com dois anos de atraso, aos problemas detectados. Os procedimentos do PEC, defendeu, têm de ser adaptados às condições específicas de cada país, tendo nomeadamente em conta o seu endividamento global, a sustentabilidade a longo prazo das finanças públicas e as necessidades individuais de investimento público. Terão de ter em conta a fase do ciclo económico em que cada um se encontra, para não impôr a adopção de políticas pro-cíclicas em nome do princípio absoluto da redução do défice. E deverão pressionar os Estados a manterem os esforços de consolidação orçamental em tempos de forte crescimento.
São tudo ideias de bom-senso, que só não puderam ser lançadas mais cedo devido ao adjectivo deslocado de Romano Prodi. Os portugueses bem lhe podem agradecer a recessão em que ajudou a mergulhar o país.