BCP
Libertação de capital com a S&P poderá ser reinvestido na redução de efectivos
As acções do BCP estão a reagir positivamente às metas traçadas pelo banco para o período até 2006, objectivos que os analistas classificam de «agressivos», mas que poderão levar a revisões em alta. O Santander defende que a libertação de fundos com a venda da Seguros & Pensões (S&P) poderá ser reinvestido na redução de efectivos.
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Pedro Carvalho
pc@mediafin.pt
Evolução dos títulos do BCP nos últimos 6 meses
As acções do BCP estão a reagir positivamente às metas traçadas pelo banco para o período até 2006, objectivos que os analistas classificam de «agressivos», mas que poderão levar a revisões em alta. O Santander defende que a libertação de fundos com a venda da Seguros & Pensões (S&P) poderá ser reinvestido na redução de efectivos.
Na sexta-feira, no «Investor Day», uma reunião anual com analistas e investidores institucionais, o BCP [Cot] anunciou que o Conselho Superior já analisou as propostas para a venda da Seguros e Pensões (S&P) e habilitou o conselho de administração a «prosseguir o trabalho das fases finais deste processo».
O impacto destas medidas, segundo os analistas do Santander, poderá ser «a libertação de capital que poderá ser reinvestido na redução de efectivos, o que poderá compensar a diluição em termos de resultados que a venda representaria para o grupo».
O BPI afirma que «o mercado está desejoso» de ver finalizado este acordo, «mas uma reacção positiva, a curto prazo, irá depender das condições finais da venda». O banco recorda que os lucros da S&P no primeiro trimestre de 2004 foram de 54 milhões de euros (antes do «value in force») divididos, quase igualitariamente, entre as unidades vida e não vida. O «value in force» avalia as seguradoras com base nos ganhos futuros para a carteira de seguros vida, tendo em conta os contratos de seguros vida existentes num determinado momento.
Objectivos de lucros do BCP poderão levar a revisões em alta
Na apresentação, o BCP apresentou os seus objectivos para os próximos três anos. A instituição espera aumentar os resultados líquidos em 310 milhões de euros entre 2003 e 2006, ou seja, «uma taxa de cerca de 20% ao ano», segundo os cálculos do Santander.
O objectivo de resultados apresentado para 2006 é visto «como bastante agressivo encontrando-se bastante acima do ‘consensus’ das análises do mercado e que poderá levar a uma reavaliação em alta dos preços alvo para o BCP», conclui a casa espanhola.
O BPI suporta uma opinião idêntica, já que «os objectivos para os lucros do grupo deverão conduzir, gradualmente, a revisões em alta nas previsões dos resultados». Apesar de reconhecer o empenho da gestão do banco em conseguir estes objectivos, Graça Graça Moura do BPI alerta para o impacto que as normas do IAS poderão ter nalguns dos itens desvendados.
São quatro os itens anunciados pelo banco. O primeiro é a redução esperada nas provisões para riscos de crédito, no valor de 80 milhões de euros. Com o aumento da rentabilidade da actividade de banca de empresas e «corporate», o BCP espera aumentar os lucros em 60 milhões de euros, enquanto na banca de retalho o montante de lucros adicionais estimados ascende a 100 milhões de euros. Por fim, a melhoria da rentabilidade das operações internacionais representa mais 70 milhões de euros de lucros.
A Caixa BI refere que o impacto destas notícias é «neutral a positivo», tendo em conta os objectivos de melhoria da rentabilidade apresentados e o «forte» empenho do «management» na sua concretização.
ROE entre 17% a 20% em 2006
A opinião do Espírito Santo Research (ESR) coincide com a dos restantes analistas, e acrescentam que o objectivo (310 milhões de euros adicionais até 2006) fica acima das suas estimativas e do consenso do mercado que aponta para lucros de 600 milhões de euros em 2006.
O banco deverá rever em alta as estimativas para o médio prazo «e esperamos que o mercado faça o mesmo», mas para 2004, a casa pondera alterar as previsões de resultados só após a apresentação das contas semestrais a 22 de Julho.
O ESR, citando a apresentação do BCP, avança que o ROE (rendibilidade dos capitais próprios) para 2006 deverá atingir os 17% a 20%, enquanto o rácio de eficiência deverá quedar-se entre 50% a 52%.
Empréstimos em 2004 deverão crescer 5% a 6%
Para 2004, o BCP espera um crescimento dos empréstimos de 5% a 6%, com base numa subida estimada dos empréstimos hipotecários de 12% a 15%, numa melhoria no crédito ao consumo de 3% a 4% e nos empréstimos às famílias de 2% a 4%.
As acções do BCP negociavam em subida de 0,53% para 1,91 euros, a aliviarem de uma valorização máxima de 1,05%.