Pavel Escreveu:- Euro 2000: penalty justamente assinalado contra Portugal no prolongamento. Seguem-se cenas lamentáveis de insultos ao árbitro, etc etc. Nuno Gomes, João Pinto e Abel Xavier (penso q não me enganei nos nomes) suspensos entre 4 a 6 meses.
Os castigos foram exagerados. Não houve agressões, apenas palavras. Vejo os jogadores de todas as selecções ficarem exasperados em circunstâncias semelhantes e vociferarem, nomeadamente, contra a equipa de arbitragem quando não tomam atitudes mais graves.
Pavel Escreveu:- Mundial 2002: Portugal-Coreia do Sul, João Pinto faz uma entrada por trás sobre um adversário, vê o cartão vermelho e resolve esmurrar o árbitro.
O mau génio de João Pinto tem paralelo com o de Eric Cantona (
FRANÇA). Não agrediu o árbitro mas um adepto (o qual estava fora do campo e ao qual o Eric Cantona se dirigiu premeditadamente para fazer o que fez à frente de todas as câmaras e de forma bem visível). Foi severamente castigado (um ano fora de todas as competições, salvo erro, e nunca mais foi chamado à Selecção da França, tal e qual João Vieira Pinto e a nossa Selecção).
Francesco Totti (
ITÁLIA) cuspiu de forma perfeitamente intencional e visível num jogador Dinamarquês (3 jogos de Castigo).
Zinedine Zidane (
FRANÇA) foi suspenso com 5 jogos por ter agredido um adversário em campo (com uma violenta cabeçada), ao serviço da Juventus na Liga dos Campeões.
Já agora, fui pesquisar e a agressão gratuita de que aqui falei no jogo França-Portugal foi penalizada pela UEFA. Cissé (
FRANÇA) foi castigado com 5 jogos e desta forma impedido de participar no Euro2004 pela França.
Já agora, gostaría de recordar que o próprio David Beckham (
INGLATERRA) esteve em vias de ser castigado pela UEFA devido a um gesto obsceno que dirigiu aos adeptos após a famosa derrota de Inglaterra por 2-3 contra Portugal no Euro2000.
O que eu pretendo sublinhar é que, casos isolados existem por toda a parte e não serve, regra geral, para classificar um todo, por esse mundo fora.
Em todas as (grandes) selecções existem casos lamentáveis de agressões e atitudes anti-desportivas ou deploráveis. Curiosamente são em regra geral praticadas por grandes génios do Futebol.
Se as formos contabilizar a todas não tenho qualquer dúvida que não figuraremos nos lugares cimeiros ou, pelo menos, não nos destacaremos de qualquer forma em especial.
Existe uma questão de fundo, uma falta de auto-estima dos Portugueses. Quando fazemos algo de errado somos os primeiros a auto-flagelarmo-nos, de nos categorizarmos como os piores que há por esse mundo fora. Não sabemos gerir a nossa imagem...
Existe ainda uma outra questão de carácter económico e social, pela forma como não nos conseguimos impor lá fora nem impor a nossa imagem. A título de exemplo, não possuímos uma grande agência noticiosa a nível europeu que imponha as (nossas) notícias que queremos que passem lá fora. Somos notícia lá fora praticamente apenas pelos maus motivos e de resto não somos notícia de todo.
Note-se, não defendo que somos melhores que os outros. Mas defendo que não somos seguramente piores, temos casos infelizes (que são sempre sublinhados) e casos felizes (que não são devidamente enaltecidos). E a imagem que passa por esse mundo (ou europa, em particular) fora, não é uma imagem genuína em muitos dos casos.
Pavel Escreveu:Nós como adeptos somos correctos, não temos nem metade dos problemas de outros países como a Inglaterra (Selecção) ou a Itália (clubes).
Sem dúvida que somos. Isso devía ser enaltecido pois lá fora, como adeptos, somos exemplares. Mesmo quando perdemos...
Pavel Escreveu:Agora, os nossos futebolistas já por diversas vezes nos envergonharam com o seu mau perder e má-criação.
Penso que os exemplos que deixei são mais do que suficientes para demonstrar que, nesse aspecto, não somos nem diferentes nem piores do que os outros.
Pavel Escreveu:Isso é indiscutível, temos essa fama e infelizmente é justa.
Eu considero que é discutível e, vou um pouco mais longe, considero que é em grande medida o facto de tomarmos (como povo) isso como adquirido que está na base de não nos conseguirmos impor por esse mundo fora e não conseguirmos impor outra imagem diferente de nós próprios.
É por auto-estima que me disponho a fazer estas comparações. E quando as faço não tenho dificuldades em encontrar situações bem lamentáveis, por vezes deploráveis, nas outras nações.
Não nos flagelemos pois esse é o primeiro passo para sermos flagelados pelos outros povos, muitas vezes de forma injusta.
PS: Gostaría de voltar a frizar que os meus comentários não se referíam ao caso lamentável dos balneários (um acto de miúdos e não da Selecção A) mas sim à forma como se assume a derrota, quer no discurso dos jogadores - arranjando toda e qualquer desculpa para espiar a derrota - quer ao nível da comunicação social (jornais desportivos principalmente) pondo em causa regras básicas do futebol das quais eles devíam ser conhecedores pois afinal são reconhecidos internacionalmente como os inventores do dito cujo. Era a essa tipo de atitudes que me refería acerca do «mau perder». Curiosamente nós por cá, quando perdemos, não podemos ser acusados de mau perder pois viramos a nossa ira sempre para os nossos jogadores, mesmo ao nível da comunicação social (jornais desportivos principalmente).