Ex-presidente executivo da Vivendi investigado por fraude e manipulação de acções (act)
O ex-presidente executivo da Vivendi Universal, Jean-Marie Messier, está a ser investigado formalmente, alegadamente por fraude e manipulação de acções na altura em que dirigia e empresa francesa que opera na área dos media e das telecomunicações, depois de ter sido detido para interrogatório pela polícia de Paris.
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Ana Filipa Rego
arego@mediafin.pt
O ex-presidente executivo da Vivendi Universal, Jean-Marie Messier, está a ser investigado formalmente, alegadamente por fraude e manipulação de acções na altura em que dirigia e empresa francesa que opera na área dos media e das telecomunicações, depois de ter sido detido para interrogatório pela polícia de Paris.
Messier está a ser formalmente investigado por manipulação de acções, por providenciar informações falsas e por fraude, disse Olivier Metzner, advogado do investigado, à Bloomberg.
O antigo presidente da empresa detentora da maior companhia mundial de música – Universal Music Group – e da segunda maior operadora de telemóveis de França – SFR – ficou detido na judiciária durante 36 horas após ter sido questionado pelos juízes.
Messier compareceu na manhã de segunda-feira na polícia e o seu advogado explicou que o antigo presidente tinha pedido para ser incluído na investigação há três meses «por solidariedade com os seus subordinados e para poder explicar-se». Além disso, «esta é a única maneira de ter acesso aos ficheiros», explicou o causídico.
O procurador público de Paris iniciou a investigação em Outubro de 2002 para averiguar se a Vivendi tinha publicado contas falsas em 2000 e 2001 e se tinha dado previsões erróneas nesses anos. Como parte da investigação, os juízes franceses estão a analisar a compra de 21 milhões de acções próprias da Vivendi em Setembro e Outubro de 2001 realizadas através do Deutsche Bank.
Messier, que deixou a Vivendi em Julho de 2002 sob forte pressão, disse em Março deste ano que a compra de acções próprias era responsabilidade sua, pedindo para ser incluído na investigação como os seus antigos empregados.
O ex-presidente executivo da empresa demitiu-se depois de pressionado pela administração da companhia francesa, já que nos últimos anos tinha elaborado um plano de diversas aquisições, que aumentaram a dívida da companhia francesa e provocaram uma quebra de 42 mil milhões de euros no valor da empresa só em 2002.
Messier reivindica inocência e afirma que actuou «em benefício dos accionistas»
O ex-presidente da Vivendi Universal publicou hoje um comunicado no qual se defende das acusações que lhe foram feitas, assegurando que actuou «em benefício dos accionistas» e que a justiça não o acusa de «nenhum enriquecimento pessoal nem delito de abuso de informação privilegiada».
Messier recorda, no seu comunicado, que foi o próprio quem pediu, em Março, a sua entrada no processo para defender-se juntamente com os outros quatro acusados, antigos companheiros na direcção da empresa.
Em relação à primeira acusação – a manipulação de acções – Messier afirma que tinha um acordo com a autoridade da bolsa norte-americana, a SEC, para comprar 21 milhões de acções próprias depois dos atentados do 11 de Setembro de 2001 numa tentativa de manter a cotação dos títulos da empresa.
A operação foi levada a cabo menos de duas semanas antes da apresentação dos resultados semestrais, algo proibido. O empresário não nega a decisão, inclusivamente assume-a «plenamente em interesse dos accionistas não especuladores».
Messier, que sempre foi reconhecido como um liberal, assegura que uma das suas motivações foi «não deixar campo livre às manifestações excessivas dos mercados».
Relativamente à acusação de falsas informações ao mercado, Jean Marie Messier alega que os dados sobre as contas da Vivendi foram aprovados pelos auditores que estudaram a situação da empresa depois do seu período como presidente executivo, de 1996 a 2002.
A acusação formal contra Messier é apenas mais um passo na investigação judicial do caso Vivendi, que começou com o processo contra outros quatro dirigentes da empresa.
Em Março de 2003 o tesoureiro adjunto da Vivendi, Hubert Dupont-Lhotelain e o presidente do conselho da direcção do Deutsche Equities (cujas actividades estão integradas no Deutsche Bank), Philippe Gez, foram inocentados.
No passado dia 4 de Junho, o ex-director financeiro do grupo, Guillaume Hannezo também foi acusado de presumível manipulação de acções, abuso de informação privilegiada e difusão ao mercado de informações falsas.