Avaliação superior à do ING
Espírito Santo avalia Seguros & Pensões em 1,05 mil milhões
A Seguros & Pensões (S&P), unidade que agrega os activos de seguros do BCP, foi avaliada em 1,05 mil milhões de euros pela Espírito Santo Research (ESR), um valor que supera em 155 milhões de euros uma recente avaliação do ING.
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Pedro Carvalho
pc@mediafin.pt
Negócio demorado
O processo de venda da unidade de seguros do BCP já decorre há cerca de um ano e meio. Já vários candidatos, como a francesa CMP Assurance e a espanhola Mapfre, apresentaram ofertas, mas as partes não chegaram a acordo.
A Seguros & Pensões (S&P), unidade que agrega os activos de seguros do BCP, foi avaliada em 1,05 mil milhões de euros pela Espírito Santo Research (ESR), um valor que supera em 155 milhões de euros uma recente avaliação do ING. Os analistas não consideram o «Dia do Investidor» como limite para chegar a um acordo de venda.
As edições de hoje do «Diário Económico» e do «Semanário Económico» avançam que a alienação da Seguros & Pensões (S&P) deverá acontecer até ao final de Junho, de forma a que o Banco Comercial Português (BCP) [Cot] possa explicar os contornos da operação aos analistas no «Dia do Investidor», agendado para 25 de Junho, permitindo igualmente facturar o valor da venda nas contas do primeiro semestre.
A Espírito Santo Research (ESR), sobre este «timing», não acredita que o banco liderado por Jardim Gonçalves tenha estabelecido esse dia como meta para fechar um eventual negócio.
A casa de investimento considera que o impacto positivo da referida venda «já está incorporado» nas acções, uma visão que ajuda a explicar a queda de hoje do BCP que via as acções cederem um máximo de 1,02% [Cot].
Usando múltiplos para aferir o valor da S&P, a ESR diz que a totalidade da S&P valerá 1,05 mil milhões de euros, imputando 315 milhões de euros ao segmento não vida. O valor no balanço deste activo (total da S&P) ascendia a 615 milhões de euros no final do primeiro trimestre de 2004.
Há exactamente um mês, o banco holandês ING divulgou as suas estimativas para a S&P, mais conservadoras face aos números hoje apresentados pela ESR. O ING avaliava a S&P em 895 milhões de euros, calculando em 315 milhões o valor da unidade não vida e em 580 milhões de euros a unidade vida. Este valor fica 155 milhões de euros abaixo dos cálculos da ESR
Acordo de distribuição será determinante para o preço final
Os especialistas do BPI, apesar de considerarem que a alienação da unidade não vida do BCP possa trazer um impacto «positivo» para as acções do banco (podendo levar a algumas revisões de recomendação) dizem que esta poderá conduzir a alguma deterioração no rácio EPS (lucros unitário sobre valor das acções).
O banco de investimento defende ainda que a avaliação do preço final, numa potencial venda, vai depender muito da existência, ou não, de um acordo de distribuição com o potencial comprador.
O BPI tem uma recomendação de «manter» para o BCP e um preço alvo de 1,95 euros. A ESR sugere um «target» de 2,06 euros que suporta a recomendação de «neutral». As acções do BCP negociavam inalteradas nos 1,96 euros.