Não sou o Ulisses mas permita-me intervir,
Homem da Fé Escreveu: É preciso dizer claramente ás pessoas que os valores alavancados conduzem 90%/95% à desgraça.
Bem, este ponto tem sido debatido diversas vezes e por diversas vezes que já foram destacadas, por diversos participantes, as reais dificuldades de negociar produtos alavancados.
Existe um certa ideia (errada) de que os produtos alavancados apenas alavancam os ganhos e as perdas de forma que, quem ganha em acções em produtos alavancados ganha ainda mais e quem perde em acções, em produtos alavancados perde mais.
Ora, não é assim. Quanto mais alavancado o produto financeiro, menos são os que conseguem ganhar consistentemente (a percentagem de investidores ganhadores decresce) havendo portanto investidores que conseguem ter uma performance positiva em produtos não alavancados e passam a perdedores assim que começam a alavancar (e mais perdedores quanto mais alavancam).
Esta é uma questão bastante importante e algo ignorada dado que existe uma elevada aptência (e atracção) pelos produtos alavancados pela expectativa de ganhos elevada que têm (e têm). A questão é que a prazo, quanto mais se alavanca, mais cai drasticamente a consistência dos resultados.
Isto é: é (relativamente) fácil duplicar ou até triplicar o capital com um produto alavancado. Mas é tremendamente difícil manter a consistência desse resultado e os erros saíem extremamente caros. Existem essencialmente dois aspectos que ganham grande relevância nos produtos alavancados (e não apenas nos warrants, apesar de nesses ser mais importante): o timing e a disciplina.
Mas existem outros aspectos igualmente importantes como a dificuldade acrescida de recuperar das perdas (pelo impacto percentual que têm). É bastante mais fácil recuperar de perdas em produtos de menor risco (a título de exemplo, se alguém perde 50% num trade, terá de realizar a seguir um trade de 100% para recuperar ou dois trades ganhadores de cerca de 40%). Ou seja, ao alavancar mais a fasquia de eficiência do trader é tb ela elevada (ou seja, para manter a consistencia ele tem de ser um trader significativamente melhor do que é em acções).
Tenho por estas razões sido um defensor do trading mais conservador (que eu sei que não atrai a grande maioria dos investidores e leitores do Caldeirão), que não passa apenas pela questão da alavancagem mas também pelo time-frame (pois em grande medida, e até porque muitas vezes está directamente associado), os aspectos que referí têm expressão não apenas na alavancagem mas também no investimento agressivo (de muito curto-prazo).
Homem da Fé Escreveu:Isto porque, se acreditarmos que a tend~encia de médio longo prazo é bullish, como diz,um investidor desses prazos nada perde se for entrando com uma parte do capital em alturas propicías. É muito dificíl entrar sempre nos fundos e sair sempre nas altas.
No entanto, aqui discordo. Por uma razão simples: em termos de longo-prazo eu tb tenho uma visão identica à do Ulisses e tb acredito, como tenho dito por diversas vezes, que a prazo os mercados voltarão às subidas. Mas o trading não é apenas apostar naquilo que acreditamos. Há que gerir o risco e a segurança. Ora, uma coisa é acreditarmos que «vai subir», outra é subir mesmo!
É claro que se subir mesmo, será um pouco indiferente comprar já ou quando existir um sinal concreto (que confirme essa crença). Talvez até se viesse a verificar mais benéfico entrar já...
Mas isso é assumindo que a «crença» está correcta!
No entanto, considero errado assumirmos que a crença está correcta (aliás, o trading não passa totalmente por adivinharmos o que vai acontecer sendo por vezes (quase) irrelevante aquilo que «achamos»).
Esperar por um sinal (que poderá surgir «amanhã», daqui a uns meses ou... «nunca») permitirá entrar com um nível de segurança mais elevado ou... não chegar a entrar sequer, evitando assim uma entrada errada.
Esta questão para mim é bastante importante também. Por vezes, quando refiro lateralizações ou mesmo refiro que penso que essa lateralização será quebrada num determinado sentido e dou a minha opinião de que não compensa o risco entrar já neesse momento, sem um sinal concreto, tem a ver exactamente com esta questão. Uma coisa é termos uma opinião, outra é assumirmos que essa opinião está correcta e agirmos de acordo com essa opinião (prematuramente).
É claro que se assumimos que está correcta, mais vale entrar logo e não aguardar por um sinal concreto. Mas isso tem um preço...