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Caldeirão da Bolsa

A actualidade e o Banco Central Europeu

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

A actualidade e o Banco Central Europeu

por TRSM » 1/6/2004 15:02

A actualidade e o Banco Central Europeu

Os mercados financeiros nas últimas semanas têm sido caracterizados por alguma instabilidade pelo que importa efectuar uma reflexão.

Após o período de earnings-seasons ocorrido no mês de Abril, em que os investidores centraram as suas atenções para os resultados das empresas - que revelaram, na generalidade, uma melhoria significativa - nos últimos dias os temas que têm predominado na actualidade financeira são: as perspectivas de evolução das taxas de juro na principal economia do mundo; o desempenho da economia chinesa e a evolução do preço do petróleo. Estes 3 vectores da actualidade – petróleo, taxas de juro e China – consubstanciam as possíveis ameaças ao cenário de crescimento económico a nível mundial, num momento em que se verifica uma melhoria dos fundamentais das principais economias, nomeadamente nos Estados Unidos e na Ásia.

No último boletim mensal do Banco Central Europeu (publicado durante o mês de Maio de 2004), é referido que “as perspectivas globais melhoraram significativamente ao longo dos últimos meses, em particular na Ásia excluindo o Japão e nos Estados Unidos da América, que têm registado taxas de crescimento excepcionalmente elevadas desde o segundo semestre de 2003”.

O recente ajuste macroeconómico da China atemoriza aqueles que perspectivam uma aterragem brusca da actividade chinesa. Contudo, há que referir que nos últimos 10 anos, as autoridades chinesas sempre evitaram ajustes bruscos na sua economia, privilegiando a estabilidade. A principal preocupação é o valor da inflação chinesa, que em Abril de 2004 registou o seu valor mais alto dos últimos 7 anos, atingindo os 3,8%(anual). Mas observando em detalhe, a componente com maior contributo para esta variação, foi a componente da alimentação, que aumentou cerca de 10% face ao ano anterior (em especial os cereais). Excluindo a alimentação, o aumento dos preços foi de apenas 0,5%. As autoridades chinesas admitem uma alteração à sua política monetária caso a inflação registe valores acima dos 5%(anual).

A evolução do mercado de trabalho dos Estados Unidos registou um impacto positivo nas taxas de juro. Na sequência da divulgação de dados relativos à situação do emprego nos EUA (acima das expectativas do mercado), constatou-se uma subida das taxas de rendibilidade das obrigações de longo prazo. De modo a aprofundarmos um pouco esta relação, tomemos em consideração um artigo publicado pelo BCE no seu Boletim Mensal de Maio 2004, intitulado ''O impacto de divulgações recentes de dados do emprego nos Estados Unidos sobre os mercados obrigacionistas mundiais'' e do qual foi retirado o gráfico que se apresenta ao lado. Neste estudo é demonstrado o impacto da publicação dos dados económicos nos “movimentos das taxas de rendibilidade das obrigações dos Estados Unidos e, em certa medida, também na área do euro”.
Nota: a componente surpresa é definida como a diferença entre os resultados para a variação mensal nos dados dos pagamentos de salários, excluindo a agricultura, e os valores esperados pelos participantes no mercado inquiridos pela Bloomberg.

Assim, atendendo a que as obrigações de longo prazo reflectem as expectativas das taxas de juro de curto prazo no futuro, é admissível que a melhoria das expectativas das famílias americanas induzem a um aumento das taxas de juro, pelo que eventuais novos aumentos das taxas de juro de curto prazo estarão associados a uma melhoria dos indicadores do emprego e do consumo das famílias americanas.

Quanto ao Japão, o consumo das famílias já revela um acentuado dinamismo, tendo apresentado no passado mês de Abril um aumento de 9% face a igual período do ano anterior. Este acréscimo foi o maior registado nos últimos 10 anos, sugerindo um reforço na recuperação da economia do Sol Nascente.

Como é referido no relatório do Banco Central Europeu que estamos a citar, o “crescimento económico mundial continua robusto, o que deverá apoiar a expansão das exportações da área do euro” pelo que o “crescimento da procura interna deverá continuar a beneficiar de condições financeiras favoráveis, de melhorias da eficácia e dos lucros empresariais e do crescimento do rendimento disponível real”.

Contudo, e conforme é também realçado neste documento “deverão ter-se devidamente em conta alguns riscos e incertezas relacionados com preços elevados do petróleo e de outras matérias-primas” assim como as “incertezas relativas à política orçamental e às reformas estruturais na área do euro, que parecem ter tido um efeito atenuante sobre a confiança dos consumidores”.
Para consultar o boletim mensal de Maio do Banco Central Europeu, aceda a: http://www.bportugal.pt à opção Publicações » BCE » Boletim Mensal

Conjuntura e investimentos

Tendo presentes os elementos acima referidos, valerá a pena tomar algumas notas sobre as sugestões de investimento que temos efectuado nos últimos meses e às perspectivas para os próximos meses.

Considerando os elementos que acima referimos, apesar dos riscos sempre presentes, poderemos em geral caracterizar os mercados com as seguintes perspectivas: (i) os mercados accionistas mantêm as perspectivas favoráveis para o final do ano, apesar dos valores esperados se poderem situar abaixo dos níveis do ano anterior, em virtude dos riscos que se mantêm vivos; (ii) os mercados de obrigações apresentam-se pouco atractivos do lado dos títulos governamentais, especialmente os emitidas pelos EUA, e relativamente favoráveis quanto às obrigações não governamentais; (iii) não são expectáveis grandes variações das relações cambiais entre o euro e o dólar, apontando-se valores em redor de 1,20 dólares por cada euro como os mais prováveis nos próximos meses; (iv) os activos de tesouraria são, como é normal, neutros em termos de alocação, devendo porém ser tomadas posições mais curtas para investimentos com taxas de juro inferiores a 2,0% ou 2,5%, que se prevêem venham a ser alcançadas antes dos próximos 12 meses.

Deste modo, apesar dos riscos e da instabilidade das últimas semanas, pensamos que os dados fundamentais não sofreram alterações muito significativas, pelo que os investimentos de natureza estratégica, de mais longo prazo, deverão manter-se estabilizados nas actuais posições.

Por outro lado, os investimentos que procuram complementos de rendibilidade em posições reduzidas das carteiras (entre 5% e 10%), designadamente em acções da China, Índia, Novos Mercados da União Europeia e sectores de matérias-primas e recursos naturais, mantêm o seu potencial de crescimento, num horizonte de médio e longo prazo. Efectivamente, apesar da grande volatilidade que estes títulos sempre sofrem, os fundamentos que subjazem a estas escolhas mantêm-se válidos: tratam-se de países com perspectivas de crescimento económico elevado nos próximos anos (China, Índia e Novos Mercados da UE) e de sectores ligados a recursos naturais que se antevêem num ciclo alargado de preços mais ou menos elevados, em resultado natural do crescimento da procura fundamentalmente por aqueles países. São, assim, faces de uma mesma moeda, que se interligam de forma determinante.

Carteira de Investimento


Exemplos de oportunidades

Máx 40%
China
Europa Convergente
Global Resources
Índia

Min 60%
Investimento estratégico

Gestão Activa UBS
ou
Carteira de Fundos


Resta o preço do petróleo e a sua evolução (em resultado do aumento da procura e da grave situação de instabilidade do Médio Oriente) como o grande factor de incerteza na evolução dos mercados no curto prazo. É consensual nos analistas que o preço do petróleo, bem como da generalidade das matérias-primas, se manterá no futuro em valores superiores à média das últimas décadas, mas ainda assim, espera-se que abaixo dos actuais valores.

Feitos os investimentos, será, assim, altura de manter as ponderações das carteiras, na relação dos diversos componentes. Para reforços de carteira, sugerem-se, nesta altura, investimentos em activos de menor volatilidade, reduzindo ligeiramente o respectivo risco geral.










Semana positiva para as acções, apesar do petróleo

Os mercados accionistas europeus fecharam a semana em alta, tendo registado a maior subida das últimas oito semanas. Esta valorização da Europa foi acompanhada da subida dos mercados norte-americanos (o S&P500 subiu 2.5%) e asiáticos (Nikkei valorizou-se em sete das últimas nove sessões). As atenções dos investidores estiveram focadas principalmente sobre a evolução do preço do petróleo, numa semana em que foram escasseando as apresentações de resultados. A nível macroeconómico, alguns indicadores na Zona Euro mostram-se relativamente favoráveis, com o PIB alemão do 1º trimestre revisto em alta e as exportações a recuperarem. Nos Estados Unidos alguns indicadores, como as encomendas de bens duradouros e os pedidos de subsídio de desemprego, desapontaram os investidores.

O comportamento positivo das bolsas foi suportado pelo arrefecimento do preço do petróleo que se aproximou do mínimo das últimas 3 semanas. Apesar dos ministros do petróleo dos principais países da OPEP terem adiado para a reunião de 3 de Junho em Beirute qualquer decisão sobre aumento de quotas de produção, as declarações posteriores do presidente da OPEP ao revelar que os países membros poderão aumentar significativamente a sua produção e a disponibilidade da Arábia Saudita em aumentar a partir do próximo mês a produção diária de petróleo, levaram a uma reacção positiva à divulgação das reservas norte-americanas de gasolina (embora tenham descido, reduziu-se o défice face a período homólogo do ano passado) e a uma queda do preço do petróleo.

Nos EUA, as taxas de juro de longo prazo recuaram um pouco, na expectativa de uma subida gradual e não agressiva das taxas de juro de curto prazo pelo FED. Este facto contribuiu para uma queda do Dólar, que atingiu o mínimo dos últimos dois meses face ao Euro, aproximando-se dos 1,23. A subida do Iene, reflectindo a força da economia japonesa, contribuiu também para a queda da moeda norte-americana, que acabou por se reflectir na subida do ouro.

Nos mercados accionistas, registou-se uma subida generalizada em quase todos os sectores. O retalho liderou os ganhos, suportados pela forte valorização do Carrefour, dada a expectativa que venha a ser alvo de interesse comprador por parte da norte-americana Wal-Mart. De destacar também pela positiva as empresas tecnológicas, lideradas pela valorização da SAP, dadas as perspectivas optimistas reveladas pela companhia. O sector das telecomunicações acabou por registar a única queda da semana, penalizado pela desilusão com os resultados da Vodafone.

O PSI20 contrariou a tendência positiva da Europa, terminando a semana com uma perda de 0,8%. A Sonae liderou as perdas, com uma desvalorização de 3,4%, penalizada pela indefinição da venda da participação de 25% que detém na Portucel. A banca também registou quedas significativas, em linha com o sector europeu, com o BCP a cair 2%, o BPI 1,6% e o BES 1,5%. A limitar as perdas esteve a Jerónimo Martins, a subir mais de 7%. Durante a semana, a Jerónimo Martins divulgou as condições e datas do aumento de capital, que havia sido anunciado em Abril. Surgiu novamente no mercado alguma especulação em torno da possibilidade da Ahold vender a sua participação na JM Retalho, sobre a qual detém uma opção de compra. A Brisa subiu 1,8% na expectativa de que as SCUTS venham a ter portagens.


Mercado Accionista Variação Semanal

PSI 20 -0,80 %
DJ EuroStoxx50
1,46 %
DAX30
1,85 %
S&P500
2,48 %
Nasdaq
3,90 %
Entre 21 de Maio e
28 de Maio de 2004








Recomendações de Bolsa

Face às circunstâncias do mercado, o Millennium bcp investimento apresenta as seguintes recomendações para a Euronext Lisboa:

Empresas Preço Alvo Fecho(*) Recomendação
Brisa 6,90 5,63 Compra
Cimpor 4,10 4,32 Reduzir
J Martins 11,80 9,50 Neutral
Portucel 1,80 1,38 Compra
EDP 2,80 2,22 Compra
* Fecho do dia 31 Maio 2004


Tendo presente as relações de Grupo, o Millennium bcp investimentos não efectua análises e recomendações sobre o Banco Comercial Português, pelo que passamos a publicitar as opiniões sobre a acção do BCP de entidades externas ao Grupo:

Fonte Recomendação Preço Alvo Data
Deutsche Bank Hold 2,10 21 Abr 04
UBS Warburg Neutral 2,10 21 Abr 04
JP Morgan Neutral 1,90 21 Abr 04


Fonte: AB7
 
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