Após uma fase de adormecimento e de uma série de tentativas falhadas de arranque eis que o mercado se começa a definir no curto-prazo. Para baixo...
Conforme tenho defendido de há algumas sessões para cá, em particular com algum destaque na passada segunda-feira no
forum, considero que nenhum dos papéis que acompanho se encontra actualmente minimamente apetecível. Haverá apenas os que estão «menos mal».
The Tide is Turning...
Em termos de curto/médio-prazo a tendência é ela cada vez mais descendente após uma fase em que o mercado esteve bastante indefinido e na generalidade dos casos, lateral. Este é um desfecho desagradável para a maioría dos investidores que investem sistematicamente do lado longo. Nem tão pouco considero que as quedas a que assistimos até ao momento sejam exageradas: apenas, o mercado já não estava habituado a este comportamento que acaba por colher alguns, ou muitos, de surpresa.
A tentação de entrar longo a estes níveis é enorme mas, como defendi nesse comentário a que já fiz aqui referência, começa a fazer mais sentido, na minha opinião, aproveitar um ressalto ou uma fase de consolidação para sair do mercado ou mesmo começar a apostar em posições curtas em detrimento de aproveitar estas quedas para alongar... indo contra o mercado.
BCP: Depois de uma fase semi-desastrosa, em particular na sequência do fait-divers
Eng. Jardim Gonçalves - OPA, o
BCP acaba por se segurar no que era até aqui apenas uma pequena referência, suporte de muito curto-prazo nos 1.91€.
Esta referência tem vindo a fortalecer-se e a ganhar relevância técnica ao longo das últimas sessões porquanto tem suportado bem a cotação.
No entanto, caso seja quebrado em baixa, deixará o BCP numa situação técnica muito debilitada. Nesse caso o target com maior potencial no muito curto-prazo passaría imediatamente para os 1.82-1.85€...
BPI: O
BPI teve um comportamento desastroso assim que entrou em ex-dividendos. Como refiro frequentemente, o desconto do dividendo em si não tem significado. Mas esta correcção técnica e praticamente inevitável (salvo quando o
dividend yield não tem expressão) acaba muitas vezes por servir de catalizador, ora para arrancadas criando a ilusão do que o activo está «mais barato» e atraindo os compradores, ora para quedas significativas ao criar a ilusão de que o papel quebrou em baixa níveis de suporte de relevo.
Ora, o próximo suporte de relevo eram naquela altura no BPI os 3.10/3.11€, os quais foram praticamente testados na primeira sessão de ex-dividendos. O comportamento dos mercados em geral fizeram o resto e assim que o BPI quebrou o suporte entrou em queda desamparada viajando rapidamente para o suporte seguinte e que aqui já tinha apontado como eventual target para a eventualidade de uma quebra em baixa dos 3.10/3.11€... os 2.95€.
A partir daqui considero que o nível de incerteza relativamente ao comportamento imediato do BPI é elevado. Não o considero atraente apesar da enorme correcção e para já não está a demonstrar grande força para reagir ao suporte. Aguarde-se por melhores dias...
BRI: No grupo dos melhores, senão mesmo o melhor comportamento técnico entre os papéis que acompanho, a
Brisa tem estado a segurar-se bastante bem. Corrige ligeiramente após ter realizado uma vela de elevada probabilidade de inversão de
swing conforme tinha apontado em comentários anteriores.
Para ficar realmente interessante, em termos de médio e longo-prazo, a Brisa terá de quebrar em alta definitivamente a importantíssima barreira psicológica dos 6 euros.
EDP: De momento entre as menos mal e com um comportamento de muito curto-prazo praticamente lateral, a
EDP faz juz ao seu título de papel caracteristicamente defensivo. Ainda assim está pouco apetecível no imediato começando a ter um aspecto técnico minimamente interessante caso quebre em alta os 2.34€, o nível de resistência mais imediato.
O padrão de consolidação a tender para o triângulo lateral e idêntico ao que tivemos na mesma EDP em meados de 2003 é ainda, como tenho vindo a referir, um cenário a ter em linha de conta.
IPR: Nas últimas sessões os 4 euros têm suportado a
Impresa que não está mesmo assim particularmente interessante. Chamaría atenção apenas para a situação bastante precária em que ficaría caso venha a quebrar em baixa este pequeno suporte, não muito relevante tecnicamente mas de importante carga psicológica.
JMT: Após ter hibernado mais de um mês junto aos 9 euros, eis que a
Jerónimo Martins aproveita um mau momento dos mercados para testar o seu nível imediato de resistência mais importante - a zona dos 9.30€...
Tem havido alguma especulação em torno do papel o que terá alimentado este ataque à resistência. Para já a resistência está a levar a melhor mas caso a JMT venha a conseguir superar esta barreira poderá ter um comportamento interessante dado que do ponto de vista técnico existe um interessante pontencial de subida acima dos 9.30€...
PTC: A
Portugal Telecom ficou numa situação claramente debilitada assim que quebrou em baixa o já seu longo range lateral dos 8.85-9.45€. Destaca-se o facto de ter caído com um volume relativamente significativo, pormenor que tinha já destacado no início das quedas. Este aspecto toma ainda alguma relevância mais dado que, em virtude do plano de compra de acções próprias, o free-float deste papel estar a diminuir.
Nas duas últimas sessões entrou em consolidação na casa dos 8.60€ mas não demonstra para já capacidade ou força para reagir. Mesmo ontem quando os mercados tiveram um comportamento favorável a essa recuperação.
Referência ainda para os níveis dos 8.30 e 8.50€, níveis de suporte com relativamente alta probabilidade de virem a ser testados no muito curto-prazo.
PTM: A
PT Multimédia parece-me estar a desenvolver um movimento típico de ressalto, recuperando ligeiramente das acentuadas quedas recentes. O volume na sessão de ontem foi relativamente elevado mas a recuperação acabou por ser, em termos relativos, bastante pequena. Hoje o volume está a ser particularmente fraco. Chamo ainda a atenção para um pequeno nível de suporte horizontal pelos 17.35€...
SON: Falhado que foi o teste ao «euro», a
Sonae SGPS retornou ao seu range lateral, o que nas actuais circunstâncias de mercado é até um comportamento relativamente positivo. Acima da fasquia psicológica do «euro» começaría a ficar tecnicamente interessante. Mas para já...
SNC: Aqui são os 3 euros que têm vindo a desempenhar o papel de suporte. Merecerá muita atenção a
Sonae.com caso venha a quebrar em baixa esta referência. Por enquanto lateraliza, tal como a casa-mãe.
Síntese: Não existe portanto um único papel que apresente um tendência claramente ascendente ou um padrão técnico bastante favorável. O mercado já não estaría habituado a estes movimentos marcadamente descendentes pelo que os investidores tenderão a considerá-los mais expressivos do que realmente são. A tendência de curto-prazo, essa, é cada vez menos lateral e mais descendente pelo que a possibilidade de a prazo virmos a assistir a mais quedas parece-me elevada. Ainda que no entretanto os papéis realizem um natural ressalto...