AIE fala em «choque petrolífero»
Crude sobe a perto de 40 dólares com preocupações sobre a oferta
Os contratos de futuro de crude atingiram quase os 40 dólares hoje, ao tocar nos 39,97 dólares, o que representam o valor ‘intraday’ mais elevado desde Fevereiro de 2003, com preocupações que as reservas de gasolina poderão ser inadequadas para fazer face à procura do Verão.
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Isabel Aveiro
ia@mediafin.pt
Os contratos de futuro de crude atingiram quase os 40 dólares hoje, ao tocar nos 39,97 dólares, o que representam o valor ‘intraday’ mais elevado desde Fevereiro de 2003, com preocupações que as reservas de gasolina poderão ser inadequadas para fazer face à procura do Verão e com a possibilidade que a insegurança no Médio Oriente venha a causar mais interrupções às exportações de petróleo.
O contrato futuro de crude [Cot] atingiu hoje os 39,97 dólares (32,85 euros), subindo 0,88%, seguindo agora a recuar 0,81%, para 39,25 dólares (32,26 euros) e depois de ter ultrapassado no passado dia 27 de Abril o valor de 37 dólares (30,41 euros), o valor de fecho mais elevado dos últimos 13 anos. Os futuros do ‘brent’ [Cot] caíram 0,52%, para 36,53 dólares (30,02 euros).
O avanço da procura de gasolina surge nas vésperas do Verão, e agravada por um contexto de insegurança quer na Arábia Saudita, um dos maiores aliados dos EUA na região, quer no Iraque, país que há um ano foi invadido e está a sob gestão da maior economia do mundo. Os dois países, note-se, detêm as duas maiores reservas de petróleo conhecidas do mundo.
Choque petrolífero «é possível»
Hoje, em declarações ao jornal francês «Libération» o director executivo da agência Internacional da Energia (AIE), Claude Mandil, afirmou que um novo choque petrolífero «é possível», se por tal se entender «preços a subir no decorrer das próximas semanas ao ponto de hipotecar a retoma económica mundial».
O mesmo responsável defendeu que um aumento duradouro do petróleo (pelo menos durante um ano) e de 10 dólares por barril acarreta uma baixa de 0,5 pontos no crescimento ao nível mundial. «Ora, mais 10 dólares, é justamente a amplitude do aumento do preço do barril em bruto: ele transaccionava-se a uma média de 25 dólares há um ano, contra 35 dólares actualmente».
Claude Mandil estima que na economia dos países da Zona Euro possa ocorrer um impacto na ordem dos 0,5 pontos, 0,4 pontos para o Japão e 0,3 pontos para os EUA. Mas, «para os países pobres muito endividados, o impacto poderá ascender a perto de dois pontos». «Esta situação», conclui o mesmo responsável, é «perigosa para todo o mundo», incluindo «para os países produtores».
Para os analistas que gostam de culpar a China nestas questões de gastos de energia, o presidente do AIE relembra que cada habitante daquele país asiático consome 10 vezes menos petróleo que um francês ou um norte-americano.
A «melhor forma de sair desta situação» será «aumentar as capacidades de produção e os níveis de reservas». «Mas não tenho a impressão que os países produtores queiram contribuir para a restauração dos ‘stocks’», adiantou.
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