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Caldeirão da Bolsa

Terminologia de bolsa

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Ulisses Pereira » 28/4/2004 17:41

João Costa, é exactamente isso. :)

Um abraço,
Ulisses
"Acreditar é possuir antes de ter..."

Ulisses Pereira

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Oh Ulisses,

por pergas » 28/4/2004 17:22

...tens o dom da palavra! Nem digo mais nada...

Abraço
pergas
 
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por joaocosta » 28/4/2004 17:13

Obrigado a ambos pelas explicações,

Sendo assim, pelo que entendo, abrir uma posição "short", significa vender acções, que não temos em carteira, e fechar a posição "short", significa comprar o mesmo número de acções que antes tinha vendido.

Mas então, quando fecho uma posição short, isso não quer dizer que depois fico com os títulos que acabei de comprar em carteira, certo ?

O negócio do tipo "short" começa quando se vende, e acaba quando se compra ?

É um conceito muito interessante. Um pouco estranho, porque a lógica é invertida, mas é bom aprender mais qualquer coisa.
 
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por Pata-Hari » 28/4/2004 15:10

um short trade é quando se vendem as acções inicialmente e se recompram depois esperando que entretanto desvalorizem. Fechar um short significa recomprar a posição.

Mas eu admito que sou perita em dizer "vendam os meus shorts" quando tecnicamente é um disparate e levo sempre na tola dos corretores, hehe. Por definição de short, se já se vendeu e se fica short, só falta recomprar. E quando eu digo "vendam os meus shorts", quero dizer "fechem a posição comprando o mesmo número de acções que eu vendi para abrir o meu short".

Sou perita em complicar coisas simples :evil: , o joão percebeu alguma coisa no meio disto tudo?
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por Ulisses Pereira » 28/4/2004 15:08

Caro João,

Vou transcrever-lhe um artigo que escrevi onde penso encontrar a resposta à sua questão.

Um abraço,
Ulisses

A maior parte das pessoas associa as quedas dos mercados às perdas dos investidores. No entanto, tal não corresponde inteiramente à verdade. Os investidores podem ganhar dinheiro com as descidas e sorrir em dias que são de quedas fortes nas Bolsas.

A maior parte dos investidores portugueses não conhece esta realidade e ainda menos são aqueles que aplicam este género de estratégias. Neste artigo, vou tentar explicar de que forma se pode lucrar com as quedas no mercado e quais as vantagens e riscos desta estratégia.

Quem acredita que uma determinada acção vai cair deve abrir uma posição curta sobre ela. Isto consiste em que um investidor venda primeiro a acção e apenas a compre depois, numa operação cronologicamente inversa ao habitual, de forma a tentar aproveitar a queda que prevê vir a acontecer.

Se, em termos teóricos, isto pode parecer complicado, com um exemplo prático creio que será de compreensão fácil. Imaginemos que a PT está a 9 euros e que um investidor acredita que ela irá cair nos próximos tempos. Com base nessa sua análise, ele pode abrir uma posição curta sobre a PT, vendendo as acções antes de sequer as ter, para as voltar a comprar quando as acções cairem.

Suponhamos que abre uma posição curta sobre 1000 acções a 9 euros (vende 1000 acções da PT sem as deter em carteira) e, passado uns dias a PT está a 8,5 euros, altura em que ele aproveita para fechar a posição curta que detinha sobre a PT comprando agora as 1000 acções. Com esta operação ele ganha 500 euros, pois vendeu 1000 acções da PT a 9 e comprou-as a 8,5, ganhando 0,5 euros por acção.

É evidente que se, ao invés das cotações terem caído, as cotações tivessem subido, levando o investidor a fechar a posição curta a um preço mais elevado daquele a que abriu, ele perderia dinheiro.

No fundo, a mecânica é exactamente a mesma que acontece habitualmente em relação às acções, com a inversão da ordem cronológica, ou seja, primeiro vende-se e depois compra-se.

A grande vantagem deste género de estratégias é os investidores poderem lucrar também em mercados cuja tendência é de queda. Uma vez que a Bolsa é feita de ciclos, nos ciclos descendentes surgem excelentes oportunidades para se aproveitar estas quedas. Além disso, o simples facto de abrir a possibilidade de ganhar dinheiro com as subidas e com as quedas, torna o investidor mais racional e com a mente mais aberta a aceitar a possibilidade de quedas, dado poder lucrar com elas.

A maior desvantagem prende-se com o facto das posições curtas terem ganhos limitados e perdas ilimitadas. Isto deriva do facto de uma acção nunca poder descer abaixo do zero (limitando os ganhos) e poder subir sem restrições (tornando as perdas ilimitadas).

Entre 2000 e 2003, durante o violento “bear market” que assolou as Bolsas mundiais, muitos dos investidores que detinham acções e estavam a sofrer na pele as fortes quedas, acusavam os detentores de posições curtas de serem os responsáveis pelas quedas dos mercados. Eu discordo completamente desta ideia.

Na minha opinião, o facto de se poder abrir posições curtas só traz vantagens ao mercado. Por um lado, permite um preço de equilíbrio entre compradores e vendedores mais justo. Por outro lado, aqueles que querem abrir posições curtas dotam o mercado de uma maior liquidez, para benefício dos investidores que enfrentam “spreads” (entre a melhor oferta de compra e a melhor oferta de venda) mais pequenos e das corretoras que vêem as suas comissões crescerem.

O grande argumento de quem acusa os detentores de posições curtas de serem os grandes responsáveis pelas quedas dos mercados mundiais é de que a pressão vendedora que exercem é tão forte que os mercados são, naturalmente, empurrados para baixo. Contudo, esquecem-se de um pormenor muito importante que é o facto dessas posições terem que ser fechadas. Quando isso acontece, a sua pressão deixa de ser vendedora para passar a ser compradora.

É por isso que as maiores subidas ocorrem em “bear markets”. Geralmente as subidas são violentas e curtas e resultam, sobretudo, dos detentores de posições curtas a apressarem-se a fechar posições, o que dá explosividade ao movimento de subida. A título de curiosidade, das maiores 10 subidas da história do Nasdaq, 8 registaram-se entre 2000 e 2003, período negro das Bolsas mundiais. Sintomático...

Presumo que alguns de vocês estarão a perguntar se amanhã forem ao seu banco e pedirem para abrir uma posição curta se o conseguem facilmente. Infelizmente, a resposta é negativa. Em Portugal, apesar de ser legal, as posições curtas sobre acções têm algumas limitações práticas e legais. É preciso avisar dessa intenção com alguma antecedência e só algumas corretoras estão em condições de o fazer e apenas nas acções mais líquidas da nossa praça.

Abrir posições curtas e fechá-las no próprio dia é possível em quase todas as corretoras do nosso país, mas permanecer com elas abertas, só mediante alguns formalismos nada práticos. No entanto, as posições curtas podem ser abertas através de outros instrumentos financeiros como sejam os futuros, CFD`s ou “warrants” (comprando “puts”). São instrumentos financeiros mais sofisticados que as acções e começam cada vez mais a expandir-se, ganhando o interesse de muitos investidores.

Em suma, não se admire se naqueles dias de quedas violentas, vir alguém aos pulos, radiante por ter ganho fortunas nos mercados. É que não são só as subidas que trazem alegrias aos investidores...
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Terminologia de bolsa

por joaocosta » 28/4/2004 14:37

Boa tarde a todos,

há uma coisa que nunca consegui perceber, que talvez alguém aqui me saiba explicar.

Qual a diferença entre os chamados "short trade" e "long trade" ?

Por exemplo, entrar num "long trade", significa comprar um determinado título, e sair do "long trade", significa vender, correcto ?

O que significa então o "short trade" ?

Obrigado
 
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