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Caldeirão da Bolsa

A China fora da muralha

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por D1as » 22/4/2004 18:32

Just my 2 cents...

"À retórica utilizada pelos Estados Unidos para impor a sua posição junta-se a imagem de uma superpotência disposta a utilizar todo o peso de que dispõe para defender os seus interesses. Quando Mickey Kantor era o representante do Comércio na primeira Administração Clinton, quis obrigar a China a acelerar a abertura dos seus mercados. Das negociações do Uruguay Round de 1994, em que ele desempenhou um papel de destaque, nasceu a Organização Mundial do Comércio e a definição de regras para os seus membros. O acordo previa um período de adaptação mais longo para os países em desenvolvimento. O Banco Mundial, e todos os economistas, tratam a China, cujo rendimento per capita é de 450 dólares, como um país em desenvolvimento de baixo rendimento. Mas Kantor, que é um negociador implacável, insistiu que se tratava de um país desenvolvido e que, como tal, a transição devia ser rápida.
Kantor dispunha de uma certa capacidade de manobra, porque a China precisava da aprovação dos Estados Unidos para ingressar na OMC. O acordo Estados Unidos-China que selou a admissão na OMC em Novembro de 2001 ilustra os dois aspectos da posição contraditória dos Estados Unidos. Enquanto este país arrastava as negociações, com o argumento irrazoável de que a China era um país desenvolvido, a China iniciou o processo de adaptação. Na realidade, os Estados Unidos, involuntáriamente, deram à China o tempo suplementar de que ela precisava. Mas o acordo propriamente dito ilustra a dualidade de critérios e a injustiça deste caso. Curiosamente, ao mesmo tempo que os Estados Unidos insistiam em que a China se adaptasse rapidamente, como se fosse um país desenvolvido - e, como este país utilizara bem o longo período de negociação, pôde satisfazer esta exigência -, exigiam também ser tratados como se eles fossem um país menos desenvolvido, nomeadamente que, além dos dez anos de adaptação para reduzirem os direitos alfandegários nas importações de texteis, como constava das negociações de 1994, lhes fossem concedidos mais quatro anos."

in Globalização - A grande desilusão, Joseph E. Stiglitz (pág. 103)

Dps o texto evolui sobre considerandos actualmente mto em voga sobre a liberalização do mercado financeiro Chinês.
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A china....

por Thomas Hobbes » 22/4/2004 16:20

O crescimento das exportações chinesas, só vem demonstrar que as economias Europeia, EUA e Japão têm de deixar cair um conjunto de industria na qual não podem competir, e têm de apostar em industrias de alto valor acrescentado, onde as barreiras de entrada são enormes para a China.

Outro factor de sobrevivência, é o facto de que só as Economias Europeia, Americana e Japonesa,é têm marcas de alto valor, que por vezes se confundem com o próprio produto.

Num futuro próximo, estas economias apenas irão fazer a gestão comercial da marca e deixar a produção para paises como a China, Mexico, etc....

Exemplo disto é o facto de que a Levis Strauss, já não tem uma única fábrica em território americano.

Sou da opinião que em breve, as barreiras de importação em alguns produtos se irão esbater, pois as próprias economias irão sofrer alterações.
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A China fora da muralha

por TRSM » 22/4/2004 15:46

A China fora da muralha
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A indústria têxtil americana, mexicana e turca está a reclamar o adiamento por três anos da liberalização mundial do comércio, agendada para Janeiro de 2005.
A indústria têxtil americana, mexicana e turca está a reclamar o adiamento por três anos da liberalização mundial do comércio, agendada para Janeiro de 2005.

Os representantes da indústria nestes países, aos quais se juntaram outros, entre os quais a principal associação portuguesa, pretendem um período adicional para se adaptar à concorrência chinesa.

A iniciativa assemelha-se a uma tentativa de travar a força do mar com um muro de areia.

O défice comercial americano com a China atingiu em 2003 o valor recorde de 125 mil milhões de dólares.

Mas o mercado chinês é a aquele para onde as exportações americanas mais crescem anualmente (quase 30% em 2003, para 28 mil milhões).

Os Estados Unidos, aliás, abriram uma guerra comercial em torno de «soutiens» e camisas de dormir quase só para acalmar pressões internas. Por tão pouco, Pequim nem retaliou.

Em pouco mais de 10 anos, a China já disputa com o Japão o lugar de terceiro exportador mundial. E não se pense que o consegue apenas com produtos de mão de obra intensiva.

O crescimento chinês tem por trás fortes investimentos em média e alta tecnologia.

Com todo este movimento e taxas de crescimento próximas dos 10%, a China poderá, dentro de quatro décadas, ultrapassar o produto americano.

Não é isto o mais assustador. Porque o crescimento tem contribuído para tirar milhões de pessoas da pobreza e ainda há mais de mil milhões à espera de uma oportunidade.

Assustador é o sobreaquecimento da economia chinesa e o risco de uma crise que não deixará de produzir efeitos à escala mundial.

Isso é o que mais devia preocupar a indústria europeia em relação à China, em vez de mais ano menos ano de protecção.

Porque não há muralha que trave o crescimento chinês, a não ser as suas próprias debilidades e contradições internas

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