O homem da cadeira
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O homem da cadeira
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sf@mediafin.pt
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Chairman quer dizer isso mesmo: o homem da cadeira. Não há qualquer mal nisso. Pelo contrário, este modelo de governo de sociedades funciona nos países em que ele existe há mais tempo.
Chairman quer dizer isso mesmo: o homem da cadeira. Não há qualquer mal nisso. Pelo contrário, este modelo de governo de sociedades funciona nos países em que ele existe há mais tempo.
Os portugueses, que inventaram o astrolábio há cinco séculos e a Via Verde na década passada, só nos anos mais recentes descobriram a figura de “chairman”.
E gostaram, porque eles reproduzem-se à velocidade da luz. E do petróleo, dos telefones, dos bancos, dos aviões,... Enfim - na EDP, na Galp, na PT, na Caixa Geral de Depósitos, na TAP e agora também na REN.
Subitamente, foi descoberta a fórmula mágica para aquelas horas difíceis, aqueles momentos terríveis em que é preciso mudar uma administração.
Pois, se Portugal não inventou o modelo, pelo menos teve a capacidade de o recriar. Melhor dizendo, de o tornar mais animado, para não dizer imprevisível.
A primeira característica deste modelo «chairman / CEO» à portuguesa é que é o Estado - e não o sector privado - o motor da sua propagação.
A segunda, que vem intrinsecamente associada à primeira, é que são as pressões dos grupos organizados - e não os genuínos interesses dos accionistas - que acabam por determinar que o presidente da empresa é uma coisa e a sua gestão corrente é outra.
A terceira, que confirma as duas anteriores, é que deixaram o absurdo ir a um limite tal que, até para captar investimento estrangeiro, foi constituída uma agência pública com dois presidentes: o «chairman» Cadilhe, que se ocupa com os telefonemas para os burocratas; e o «executivo» Costa Lima, que viaja que se farta, porque o seu presidente não tem tempo para se deslocar até aos investidores.
Portanto, no nosso país, a discussão sobre este modelo de governação de empresas não é tanto se «funciona ou não». É, sobretudo, se «serve para alguma coisa».
Não é preciso fazer um debate académico sobre os graus de utilidade. Basta ver alguns dos casos postos em prática. Na PT, que foi pioneira, Murteira Nabo passou a «chairman», mas esqueceram-se dele no gabinete e de lá saiu frustrado.
Foi substituído pelo «senador Ernâni», que deve mandar muito, mas a gente não sabe ainda exactamente em quem. Na EDP, o respeitável Sánchez, engenheiro da casa, foi arrumado numa «prateleira dourada», para ouvir coisas como «só agora, a empresa tem uma gestão profissional».
Na Galp, se a ideia era Ferreira do Amaral substituir Rui Vilar como representante do accionista Estado, ficando António Mexia remetido à sua função de gestor profissional, o resultado foi uma dupla «Dupont e Dupont» - e, normalmente. desafiando o ministro que os nomeou.
Na TAP não se percebeu a ideia e jamais se irá perceber. Na CGD, com a incompreensível ampliação da administração para 13 (!!) elementos e a inenarrável contratação de Maldonado Gonelha, o modelo já nem é modelo, é um escândalo.
O modelo não funciona, mas que interessa? É que serve alguma coisa.
As caravanas da alegria, que entraram CGD adentro e já se organizam para a REN que se segue.
negocios.pt
sf@mediafin.pt
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Chairman quer dizer isso mesmo: o homem da cadeira. Não há qualquer mal nisso. Pelo contrário, este modelo de governo de sociedades funciona nos países em que ele existe há mais tempo.
Chairman quer dizer isso mesmo: o homem da cadeira. Não há qualquer mal nisso. Pelo contrário, este modelo de governo de sociedades funciona nos países em que ele existe há mais tempo.
Os portugueses, que inventaram o astrolábio há cinco séculos e a Via Verde na década passada, só nos anos mais recentes descobriram a figura de “chairman”.
E gostaram, porque eles reproduzem-se à velocidade da luz. E do petróleo, dos telefones, dos bancos, dos aviões,... Enfim - na EDP, na Galp, na PT, na Caixa Geral de Depósitos, na TAP e agora também na REN.
Subitamente, foi descoberta a fórmula mágica para aquelas horas difíceis, aqueles momentos terríveis em que é preciso mudar uma administração.
Pois, se Portugal não inventou o modelo, pelo menos teve a capacidade de o recriar. Melhor dizendo, de o tornar mais animado, para não dizer imprevisível.
A primeira característica deste modelo «chairman / CEO» à portuguesa é que é o Estado - e não o sector privado - o motor da sua propagação.
A segunda, que vem intrinsecamente associada à primeira, é que são as pressões dos grupos organizados - e não os genuínos interesses dos accionistas - que acabam por determinar que o presidente da empresa é uma coisa e a sua gestão corrente é outra.
A terceira, que confirma as duas anteriores, é que deixaram o absurdo ir a um limite tal que, até para captar investimento estrangeiro, foi constituída uma agência pública com dois presidentes: o «chairman» Cadilhe, que se ocupa com os telefonemas para os burocratas; e o «executivo» Costa Lima, que viaja que se farta, porque o seu presidente não tem tempo para se deslocar até aos investidores.
Portanto, no nosso país, a discussão sobre este modelo de governação de empresas não é tanto se «funciona ou não». É, sobretudo, se «serve para alguma coisa».
Não é preciso fazer um debate académico sobre os graus de utilidade. Basta ver alguns dos casos postos em prática. Na PT, que foi pioneira, Murteira Nabo passou a «chairman», mas esqueceram-se dele no gabinete e de lá saiu frustrado.
Foi substituído pelo «senador Ernâni», que deve mandar muito, mas a gente não sabe ainda exactamente em quem. Na EDP, o respeitável Sánchez, engenheiro da casa, foi arrumado numa «prateleira dourada», para ouvir coisas como «só agora, a empresa tem uma gestão profissional».
Na Galp, se a ideia era Ferreira do Amaral substituir Rui Vilar como representante do accionista Estado, ficando António Mexia remetido à sua função de gestor profissional, o resultado foi uma dupla «Dupont e Dupont» - e, normalmente. desafiando o ministro que os nomeou.
Na TAP não se percebeu a ideia e jamais se irá perceber. Na CGD, com a incompreensível ampliação da administração para 13 (!!) elementos e a inenarrável contratação de Maldonado Gonelha, o modelo já nem é modelo, é um escândalo.
O modelo não funciona, mas que interessa? É que serve alguma coisa.
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