NOVA1-Cofina admite ir tribunais com privatização Portucel
08/04/2004 11:41
(Acrescenta com background e posição da Lecta)
LISBOA, 8 Abr (Reuters) - A Cofina admite recorrer aos tribunais se não vencer a privatização de 30 pct da Portucel , pois o relatório do júri é profundamente injusto para com a sua proposta, afirmou Paulo Fernandes, presidente da Cofina.
O júri desta privatização, no seu projecto de relatório apresentado em audições aos concorrentes, colocou a proposta da Semapa como a melhor posicionada para vencer este concurso público e ser o parceiro estratégico daquela, segundo uma advogada representante da Semapa.
O júri entregará hoje o seu relatório final ao Governo, que terá a palavra definitiva sobre esta privatização que tem em concurso cinco concorrentes: a Semapa, a Cofina, a franco-espanhola Lecta, a canadiana Domtar e a sul-africana Mondi da Anglo American .
O Semanário Económico referia hoje que "com o objectivo de proceder à impugnação do previsível resultado do concurso da privatização da Portucel, o primeiro passo da Cofina será avançar com uma providência cautelar".
"O relatório apresentado pelo júri é profundamente injusto porque, na sua análise, reconhece as vantagens da Cofina e as desvantagens da Semapa, mas depois retira as conclusões erradas", disse Paulo Fernandes à Reuters.
"A Cofina vai defender os seus interesses até às últimas instâncias e pondera todas as vias possíveis e que, eventualmente, podem passar pelo recurso aos tribunais. Até lá aguardamos a decisão do Conselho de Ministros", referiu.
Adiantou: "reafirmamos que o relatório (do júri) assume factos que depois não são reconhecidos nas conclusões".
LECTA DIZ DESAPONTADA PRIVATIZAÇÃO
A Lecta, em comunicado, refere que "está desapontada com o facto do júri de privatização não a ter recomendado como vencedora", afirmando estar convencida que a sua proposta era o melhor projecto estratégico para a Portucel e "a melhor solução para os accionistas, clientes e empregados de ambas empresas".
"A oportunidade de criar um campeão do sul da Europa na indústra do papel foi perdida pela segunda vez", afirma, referindo-se ao anterior modelo de privatização em conjunto com a Cofina que foi bloqueado, em Assembleia Geral, por um grupo de accionistas liderado pela Sonae .
"Vamos mover-nos para trabalhar em outras alternativas estratégicas para a próxima fase de desenvolvimento da Lecta", afirmou.
O Estado, que tem 56 pct da Portucel, definiu o preço mínimo de 1,45 euros para a privatização de um lote indivisível de 230.250.000 acções - 30 pct do capital - valorizando esta posição em, pelo menos, cerca de 334 milhões de euros (ME).
A Semapa, a Cofina e a Domtar propuseram o preço mínimo, a Mondi ofereceu 1,50 euros por acção e a Lecta 1,55 euros, mas o preço oferecido não é decisivo dado que critérios como a estratégia proposta têm precedência.
As acções da Portucel estão a descer 0,65 pct para 1,52 euros, enquanto as da Cofina sobem 2,30 pct para 3,12 euros.
((---Sérgio Gonçalves, Lisboa Editorial, 351-21-3509204
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