Bem, não sei sinceramente o que requere mais coragem, estar longo num Bull Market ou estar curto num Bull Market, independentemente do que já subiu...
Aliás, as últimas sessões têm sido terríveis para quem está short e creio mesmo que terá havido momentos de short squeeze nas últimas sessões.
É óbvio que este não será o momento ideal para entrar longo. Será mais sensato aguardar uma correcção em baixa, que provavelmente já não demorará muito a ocorrer, para uma entrada mais segura.
Por outro lado aproveito para lembrar que este momento não é muito diferente ao que se assistiu em Setembro/Outubro (numa altura em que o DAX até realizou uma H&S e assistiu-se a uma correcção violenta e depois a uma igualmente violenta correcção). Os gráficos têm algumas semelhanças a diversos níveis e existe ainda um outro ponto comum: na mesma altura assistiu-se a um spike no VIX...
Insisto, o momento não é de euforías (aliás, em minha opinião nunca é, embora haja momentos em que se justifica mais posições agressivas ou menos). Mas daí a traçar cenários catastróficos vai uma grande distância. Aliás, esses cenários catastróficos têm vindo a ser colocados há muitos, mas muitos meses, e nunca se confirmaram.
Ganha-se dinheiro do lado do mercado e não do lado contrário. O lado do mercado é de há bastante tempo para cá o lado Bull. É esse lado que tem estado mais forte e é esse lado que tem proporcionado os melhores ganhos. Outro dado a considerar é que as posições curtas são, intrinsecamente, mais arriscadas. Devem ser reservadas, em minha opinião, apenas para quando os dados apontam claramente nesse sentido. É uma opinião pessoal mas fundamentada (o risco adicional de uma posição curta em comparação com uma posição longa é um facto). Digo pessoal pois há quem prefira deter posições curtas a posições longas, por sistema. No entanto penso que é de sublinhar que o risco não é igual e é superior nas posições curtas (isto, independentemente da tendência, obviamente). A tendência, se for claramente de baixa, retorna um interesse adicional indiscutível às posições curtas (ainda que mesmo durante Bears Markets surjam aqui e ali situações complicadas originadas precisamente por excesso de posições curtas).
Quem detém posições curtas, além de poder falir com mais facilidade e em certas situações chegar mesmo a perder mais do que investiu, pode ser obrigado a fechar posições quando não o deseja e a admitir a perda em momentos impropícios, o que não ocorre em posições longas (a menos que se recorra a alavancagem nas posições longas). Ainda, é mais fácil acumular relativamente rapidamente uma grande perda (de várias dezenas de pontos percentuais) numa posição curta do que numa posição longa onde tal tende a demorar mais tempo a ocorrer (por vezes, mesmo em Bear Market se nota este desiquilibrio desfavorável às posições curtas).
O conceito de quanto mais subiu maior é a queda é um conceito algo falacioso. Não que esteja essencialmente errado mas porque é de pouca utilidade prática. Na realidade, ainda que em regra seja verdade, tal serve a maior parte das vezes para se usar tal argumento como argumento contrário quando o argumento não trás qualquer vantagem se for utilizado num timing desajustado.
Por mero exercício imaginemos que estamos perante um Bull que vai durar 3 ou 4 anos (é uma mera hipotese, possível, diga-se o que se disser, não estou portanto a defender que é isso que vai acontecer ou não). Há quase um ano que se ouvem argumentos como 'já subiu muito', 'o vix está muito baixo', 'há excesso de optimismo', 'quanto mais sobe maior será a queda', etc. E continuaríam a ouvir-se por mais dois ou três anos...
A queda lá viría e sería provavelmente grande, exactamente como defende o argumento. Mas até lá, não tería servido de muito.
Eu peço desculpa por estar a insistir tanto nestes pontos mas parecem-me de grande importância muito embora não esteja empedrenidamente optimista (estou, como muitas vezes tenho dito nas últimas semanas, apenas moderadamente optimista e à espera de sinais de confirmação da manutenção da tendência para reforçar o meu optimismo). No entanto, tenho assistido a argumentos que falham há muitos meses e poderão continuar a falhar durante muitos mais, por mais certos que possam parecer...
Há dois problemas na análise dos mercados quando se olham para os gráficos que são:

Há coisas (relativas ao futuro) que parecem evidentes quando no momento actual se olha para os gráficos;

Há coisas que parecem que eram evidentes quando ocorreram no passado, quando se olha para trás nos gráficos...
Estes dois pontos são, em minha opinião, muito curiosos e estão na base de algumas falácias e de alguns argumentos que em minha opinião são relativamente frágeis (por muito coesos que possam parecer). Já desenvolvi um pouco a questão no post sobre o VIX e poderei voltar mais tarde a ele porque o considero realmente interessante...