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Caldeirão da Bolsa

Uma semana difícil

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Uma semana difícil

por TRSM » 20/3/2004 10:10

Uma semana difícil

A última semana foi vivida de forma difícil pela generalidade dos investidores. Nos mercados de acções, os índices retraíram-se, não só devido à percepção de que o ciclo mais curto dentro da tendência de longo prazo tinha atingido uma fase de manutenção, mas também como reacção aos ataques terroristas da passada semana. Assim, assistimos à maior descida nos mercados de acções desde há várias semanas, sendo natural que, pelo menos no princípio da semana em curso, se repitam novas quebras nas cotações.

Haverá, no entanto, que ter em atenção que, para já, não se perspectivam desvios significativos nas projecções antes divulgadas pela generalidade dos analistas, relativamente ao comportamento das economias e dos mercados para o ano em curso, pelo que os cenários de maior probabilidade continuam a manter a sua validade.

O Boletim de Março do Banco Central Europeu, publicado no passado dia 11, acentua justamente o cenário provável de retoma económica, ainda que se acrescente que, em consequência dos atentados de Madrid, possam estar agora mais evidenciados os riscos de natureza geopolítica, com impacto não só na volatilidade dos mercados como também na sua valorização.

Neste sentido, parece neste momento correcto efectuar alguns ajustamentos na estratégia de investimento, especialmente para os investidores com posições nos mercados accionistas.

Assim:

O mercado de acções parece ter entrado numa fase de estabilidade ou crescimento mais reduzido que nos últimos meses, o que não significa a entrada numa fase de “bear market”. Deste modo, não será, neste momento aconselhado o reforço das posições nos mercados de acções, devendo ser mantidas as actuais ponderações das carteiras.
Excertos do Boletim de Março do BCE
(Divulgado em 11 de Março de 2004, antes dos atentados de Madrid)
“... permanece válido o cenário principal de continuação de uma retoma gradual no decurso de 2004 e 2005. As previsões e projecções disponíveis partilham desta perspectiva, que em geral se encontra também reflectida na evolução dos mercados financeiros. Os riscos para este cenário são considerados geralmente equilibrados. Todavia, existem incertezas relacionadas com o consumo privado na área do euro e com os desequilíbrios persistentes em algumas regiões do mundo e suas potenciais repercussões na sustentabilidade do crescimento económico mundial.
...

“(Nos EUA) Numa análise prospectiva, o crescimento do investimento empresarial privado deverá permanecer forte devido a condições financeiras favoráveis, a recuperação da rendibilidade das empresas e a melhoria dos balanços das empresas.”

“Na Ásia excluindo o Japão, as novas divulgações de dados confirmaram a robusta expansão em curso da actividade económica”.

“Na América Latina, existem sinais seguros de recuperação económica.”


Relativamente à alocação sectorial, parece que este momento aconselha a redução dos investimentos em sectores de natureza mais cíclica, designadamente aqueles ligados às tecnologias, por troca com os sectores mais defensivos das utilities, da área financeira e da energia;


Apesar de se admitir um período de estabilidade na relação entre o euro e o dólar no curto prazo, alguns analistas colocam a hipótese da moeda europeia poder vir a sofrer alguma pressão face ao dólar, apontando o nível de 1,20 dólares por euro, ou mais baixo, como possível nos próximos meses. O investimento num fundo de tesouraria denominado em dólares, poderá aproveitar este eventual efeito de valorização da moeda americana;


Poder-se-á assistir a uma manutenção relativamente estável do valor das obrigações, admitindo-se, assim, a manutenção das posições de investimento em obrigações.


Os investimentos nos produtos de natureza estratégica deverão ser mantidos na perspectiva do horizonte temporal para que foram aconselhados e, independentemente do que acima se referiu, os mercados de acções mantêm as perspectivas de valorização a médio e longo prazo e a previsão de crescimento positivo no ano em curso, ainda que com um valor mais reduzido que no ano passado.

Fundos de investimento com acções, mais conservadores e protegidos

Neste momento surgem no mercado novos tipos de fundos de investimento que integram acções nas suas carteiras, mas procuram alguma protecção contra a descida das cotações. Estão neste grupo dois tipos de fundos:

1. os fundos de gestão dinâmica e de retorno absoluto, que procuram atingir um objectivo de rendibilidade acima das taxas de juro de curto prazo, investindo para isso partes do seu capital nos mercados accionistas, quando os seus gestores aí encontram potencial de valor;

2. os fundos de perda máxima limitada, que investem parcialmente os seus capitais nos mercados de acções, garantindo aos investidores que, em situações de desvalorização, as suas cotações não descem para além de certo nível de protecção;

No ActivoBank7 encontram-se disponíveis fundos de investimento que correspondem a estas definições e que a seguir apresentamos:

1. Fundos de gestão dinâmica ou flexível
Millennium Gestão Dinâmica Fundo Flexível: Novo Fundo
Schroeder ISF European Absolute Return B: +12,64% no último ano*
Os objectivos destes fundos são proporcionar um retorno positivo de longo prazo, independentemente das condições dos mercados. Embora detenha acções, o nível de risco tende a ser baixo quando comparado com fundos “puros” de acções, uma vez que o gestor do fundo pode diminuir (até 0%) a exposição aos mercados accionistas.

2. Fundos de Capital Protegido
Invesco Capital Shield E: +3,73 nos últimos 6 meses**
Parvest Floor 90 Euro: +9,55% no ultimo ano*
Estes fundos procuram obter parte dos ganhos dos mercados accionistas, com a garantia de que a sua cotação não desce abaixo de determinado valor. Enquanto esta cotação de protecção é estabelecida anualmente no caso do fundo Parvest, no Invesco a cotação protegida é 90% do máximo alguma vez atingido pelo fundo. Uma vez que estão limitados a perdas máximas, os gestores destes fundos tendem a assumir riscos muito controlados.

Estes fundos não alcançarão os valores das rendibilidades dos fundos de acções, quando os mercados accionistas estão em subida, o que tradicionalmente acontece numa perspectiva de longo prazo. Porém, para todos os investidores que querem participar nestas subidas e pretendem uma certa protecção dos seus capitais, são óptimas alternativas de investimento com menor risco.

* As rendibilidades passadas não são garantia de rendibilidades futuras. A rendibilidade de cada fundo varia de acordo com as condições do mercado e com o preço dos activos que o compõem. A rendibilidade refere-se ao período de 07 de Março de 2003 a 05 de Março de 2004 e representa a rendibilidade de um investimento efectuado durante a totalidade do período referido. Os rendimentos obtidos estão sujeitos a retenção na fonte à taxa liberatória de 20%. Não dispensa a consulta dos prospectos dos Fundos.

** Apresentamos a rendibilidade acumulada dos últimos 6 meses, uma vez que o fundo ainda não apresenta histórico a um ano. A rendibilidade apresentada é relativa ao período de 05 de Setembro de 2003 a 05 de Março de 2004.





















DAX e NASDAQ quebram níveis psicológicos

A incerteza quanto aos autores dos atentados bombistas em Espanha e o receio que surjam mais ataques terroristas, revelaram-se decisivos para a queda dos mercados accionistas na semana passada, os quais registaram a maior descida semanal dos últimos seis meses. A falta de confiança que os mercados registaram no início da semana - reflectindo os fracos números do mercado de trabalho norte-americano - acabou por se agravar face às dúvidas sobre a autoria dos ataques terroristas (Al-Qaeda ou ETA). Alguns dos principais índices mundiais quebraram níveis psicológicos, caso dos 4.000 pontos no DAX e dos 2.000 pontos no Nasdaq.

No mercados monetários, o cenário de subida de taxas de juro pelo FED afastou-se, devido aos fracos sinais de recuperação do mercado de trabalho norte-americano, após terem sido criados menos empregos do que era esperado no passado mês de Fevereiro. A nível cambial, o Euro registou a quarta semana consecutiva de queda face ao Dólar, tendo-se depreciado 1,2%, terminando a semana nos 1,221.

Penalizados pelo clima negativo, os principais índices accionistas europeus fecharam a semana em queda, tendo o DAX liderado as perdas, após ter registado a maior subida na semana anterior.

Face ao clima de incerteza, o sector tecnológico foi dos mais penalizados esta semana, tendo os investidores realizado mais-valias sobre o sector que mais subiu este ano. Pela negativa destacaram-se ainda as transportadoras aéreas, as operadoras turísticas e as seguradoras, dado que, sendo dos sectores mais expostos à falta de confiança dos consumidores e ao pagamento de indemnizações, foram penalizados na sequência dos atentados em Madrid.

Os sectores defensivos, caso da alimentação e bebidas e farmacêuticas registaram as menores quedas, dada a preferência dos investidores por sectores refúgio neste período de incerteza. Também as petrolíferas estiveram entre as que menos se desvalorizaram, beneficiando da subida de recomendação sobre o sector por parte de um banco de investimento.

O PSI20 encerrou a semana em forte queda, em sintonia com o exterior. A Novabase e a PT Multimedia lideraram as desvalorizações, com perdas de 8,4% e 7,7% respectivamente. O Grupo Sonae também ajudou a pressionar o índice, num movimento de correcção face aos recentes ganhos. A Sonae perdeu 7,6%, enquanto a Sonaecom caiu 7,4%. No retalho, a Jerónimo Martins destacou-se pela negativa, na semana em que apresentou os seus resultados e anunciou uma proposta de aumento de capital de €150 Mn. O sector cimenteiro limitou as perdas na Euronext Lisbon, com a Semapa a subir 0,3% e a Cimpor inalterada face à semana anterior.


Mercado Accionista Variação Semanal

PSI 20 -2,55 %
DJ EuroStoxx50
-3,79 %
DAX30
-6,03 %
S&P500
-3,14 %
Nasdaq
-1,93 %
Entre 5 de Março e
12 de Março de 2004








Recomendações de Bolsa

Face às circunstâncias do mercado, o Millennium bcp investimento apresenta as seguintes recomendações para a Euronext Lisboa:

Empresas Preço Alvo Fecho(*) Recomendação
Cimpor 3,90 4,19 Reduzir
Novabase 8,40 6,97 Compra
Sonae 1,02 0,94 Neutral
Impresa 3,90 3,96 Neutral
Semapa 4,00 3,76 Neutral

* Fecho do dia 15 Março 2004


Nota: O Millennium bcp investimento não efectua recomendação sobre o título BCP, dadas as relações de grupo existentes entre estas entidades.
 
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