Madchester
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No dia em que o Manchester United foi afastado da Liga dos Campeões pelo FC Porto, a BBC divulgou o título da melhor canção para escutar quando se está deprimido.
No dia em que o Manchester United foi afastado da Liga dos Campeões pelo FC Porto, a BBC divulgou o título da melhor canção para escutar quando se está deprimido.
Chama-se “It’s Over” e é dos Smiths, por acaso um grupo de Manchester.
É também um símbolo do que se passa com o clube mais rico do mundo e que, um dia, foi considerado o “McDonald’s do futebol”. O Manchester United está prestes a chegar ao fim de um ciclo.
Por um lado viu sair o seu executivo mais brilhante, o sr. Peter Kenyon, para o Chelsea. Depois não conseguiu travar o encantamento do previsível sucessor do sr. Ferguson, o sr. Carlos Queiroz, pelo Real Madrid.
Como pano de fundo vive uma indisfarçável luta de bastidores entre accionistas que querem controlar a maioria do clube. E, como se não bastasse, o sr. Beckham bateu as asas para Madrid, retirando ao clube aquele que era o seu ícone para manter o mercado que criou da Ásia à América.
E os novos jogadores ainda não têm carisma suficiente para substituírem o seu imaginário. Tudo o que sobe, cai. Mas o espantoso no Manchester United é ser um clube que cresceu no meio de ruínas. A cidade de Manchester foi das que mais sofreu com a síncope da industrialização britânica.
Manchester, nos seus piores dias, parecia uma daquelas vilas industriais portuguesas onde o desespero reinava depois das fábricas fecharem. Mas foi aí, curiosamente, que mais despontou uma cultura jovem, muito ligada à música (Joy Division, Smiths), que nunca deixou de andar de braço dado com o futebol.
Foi aí que o Manchester United conheceu o deserto de títulos e de onde regressou para ser a mais conhecida marca de futebol de todo o mundo. Mas, como em todos os Impérios, há momentos em que a queda é inevitável.
É a isso que se está a assistir. Só que Impérios como o Manchester podem renascer quando menos se espera.
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