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Caldeirão da Bolsa

Cenários para final feliz

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por MozHawk » 27/2/2004 8:35

Apenas um esclarecimento adicional sobre a Sonae:

A dívida líquida no Q3.2003 era de "apenas" 3268,4 MEUR, ie, 655 milhões de contos. A alienação da posição que detém na PTI a €1.55 permitir-lhe-ia um encaixe de 297,5 MEUR, ie, 60 milhões de contos.

Já agora, a distribuição era a seguinte:

Derivados de Madeira 657,0 MEUR
Distribuição 801,5 MEUR
Centros Comerciais 369,5 MEUR
Telecomunicações 445,8 MEUR
Sonae Capital 119,9 MEUR
Holding e Outras 874,7 MEUR

A dívida líquida corresponde a €1.63 por acção. Os resultados financeiros até Q3.2003 foram de €0.0876 por acção contra €0.0957!!! Isto numa situação em que a empresa até Setembro teve Resultados Correntes de €0.0617...

Ou seja, não sendo os valores de que se fala a brutalidade dos mesmos é impressionante pelos encargos financeiros a suportar.

O grande problema é que as dívidas da Sonae para com terceiros (incluindo a dívida líquida de financiamento) era de 5824 MEUR em Q3.2003 contra apenas dívidas de terceiros de 1257 MEUR no mesmo período.

Um abraço,

MozHawk
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O Engº. já está derrotado?

por Col » 27/2/2004 3:45

acho que não e ainda vai fazer tudo para ficar na PTI e deixar a reputação do Ministro abalada, porque quem o trata mal não pode esperar palmadinhas nas costas. A EDP também vendeu à Thorn Finance a sua posição na Sonae.Com, mas parece-me que ainda age como se fosse dona dessa participação e se o Engº. tiver acordado um negócio similar?
Col
 

Re: Bons cálculos

por JAS » 27/2/2004 2:59

Elevador Escreveu:Que interesse tem o comprador de dar uma "pipa de massa" ao Belmiro se sabe que daqui a 2 ou 3 anos o Belmiro tem que vender a qualquer preço?

Aqui há um pequeno pormenor: Os estatutos da PTI estão blindados e limitam os votos a 25%. Isso significa que o "novo accionista" só controla a AG com os votos do "Estado accionista" e que se espera um acordo tacito nesse sentido.
Mas se o "novo accionista" vier a comprar ao Estado os restantes 26% (com que fica após esta fase de privatização) terá tantos votos como a SON ou seja estará limitado aos mesmos 25%.
A alteração deste estado de coisas só é possível com a desblindagem dos estatutos.
Para alterar os estatutos a lei exige uma maioria qualificada (75%) impossível de obter contra o voto da SON.
Portanto só há duas hipóteses:
- Comprar a posição da SON (bom para a SON)
- Não comprar mantendo-se o Estado como accionista para constituir uma maioria de 50% suficiente para governar a sociedade (mau para a SON)


Elevador Escreveu:Quem vai pagar os 700 milhões de contos de divida da Sonae?

Sempre ouvi falar numa dívida de 1700 milhões de contos e não de 700.
Pode ser que sejam 1600 ou 1500 mas para menos de metade não passou.

JAS
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Bons cálculos

por Elevador » 26/2/2004 22:58

Vamos fazer outros: imaginemos que o vencedor vai jogar a prazo como a maioria dos investimentos na bolsa.Ter em atenção que o vencedor só ao fim de 5 anos pode vender a posição e sob condições.Que interesse tem o comprador de dar uma "pipa de massa" ao Belmiro se sabe que daqui a 2 ou 3 anos o Belmiro tem que vender a qualquer preço? Quem vai pagar os 700 milhões de contos de divida da Sonae?

Aliás a pipa do Belmiro é aparente Vejam o preço médio das acções e o tempo de permanência....

A sorte do Belmiro é ter enfiado milhões e milhões de acções a este preço, mas não sei se chega para as encomendas
Elevador
 

por Ming » 26/2/2004 20:45

Razão:
As tuas ideias sobre este assunto falham ao não considerar a obtenção de lucros da Portucel.
Esta empresa tem tido um PER anual (médio dos últimos 4 anos) da ordem dos 15. Desta forma, com as taxas de juro dos últimos anos, até uma empresa endividada e em dificuldades como a SON consegue que os resultados da sua participação na Portucel sejam superiores aos custos de financiamento ligados à compra dessa participação...
(Isto sem entrar em discusões sobre a dignidade do eng....)
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Romance

por Razao_Pura » 26/2/2004 19:23

Se por um lado sempre achei que a privatização da PTI nunca passaria pela SON, segundo os planos dos do Estado, e que a privatização se arrastaria até se encontrar uma solução que agradasse a Gregos (Estado e Administração da PTI) e a Troianos (SON), hoje, é nítido que está desenhada uma solução para este romance, que o processo das entregas de propostas será uma mera formalidade, e que a SON, resignada com o facto de andar há anos a tentar ter o controlo do grupo papeleiro, de, contra aquilo que tinha planeado inicialmente se ter endividado para adquirir em Bolsa + 25% de acções para poder ter na Assembleia Geral, o papel que não conseguiu ter junto do Centro de Poder Governamental, e finalmente de ter visto que esse poder de voto na Assembleia Geral, apesar de ser sufuciente para impugnar outras aspirações, não é suficiente para fazer vingar as suas, está disposta a bater em retirada, vendendo ao vencedor a sua fatia do capital da Portucel.
Mas atenção, acredito que não o fará levianamente. Desenganem-se os que pensarem que a SON está agora reduzida ao papel de detentor de um activo. O Eng. Belmiro é, acima de tudo uma pessoa digna e não creio que baixe os braços a troco de dinheiro, somente. Quererá isso sim ter ainda uma palavra final naquilo que for a solução final para a novela do sector papeleiro português.
Por outro lado, do ponto de vista estratégico, o activo Portucel, neste momento, para a SON, não é só mais 1 centimo no valor do Grupo SONAE. É um activo valioso, mas é também uma fonte de encargos financeiros que o Grupo não poderia comportar indefenidamente, uma vez que pediu dinheiro à Banca para ir amealhando acções da PTI. A venda deste activo irá tornar a estrutura de Capitais e da Dívida da SON mais leve, e irá libertar até alguma liquidez para outras apostas estratégicas.
Quem sabe não se está a fechar uma porta para se abrir uma janela para a SONAE?

Nota:
Isto é uma opinião pessoal.
Não detenho posições em qualquer dos papeis em causa.
Trade the trend.
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Re

por JAS » 26/2/2004 19:05

Sobre o assunto há duas notícias interessantes que muito podem influir na cotação da SON...

Lecta sem acordo para compra da posição da Sonae na Portucel

Se sair uma noticia que a Lecta tem a proposta mais vantajosa isso deve ser arrasador para a cotação da SON no momento imediato.
No momento seguinte não sei bem qual será a reacção... Tanto pode haver Acordo como também pode acontecer que a Lecta+Estado reduzirem o Belmiro a mero espectador e não tenham pressa em comprar-lhe a posição.

Sobre os 25% que Belmiro de Azevedo detém na Portucel [PTCL], os analistas calculam que a alienação dessa participação ao preço de 1,55 euros, aumentaria o preço alvo da «holding» em um cêntimo para os 0,81 euros. Caso a venda se processasse ao preço de 1,75 euros, o preço objectivo da Sonae SGPS subiria para os 0,83 euros, um valor que continua 18% abaixo da avaliação do mercado para a empresa.

Toda a gente acha que a SON se valorizará imenso com a venda dos 25% mas os analistas calculam que a participação influi apenas 1 cêntimo...
Ou seja se o Mercado fez subir a SON por causa da possível venda o Mercado fez contas erradas.
Com a venda a 1,55 os "espertos"(*1) da ESER aumentam o target de 0,80 para 0,81 e os do BPI de 0,94 para 1,08.

JAS

(*1) aportuguesando a palavra "expert"...
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por Ming » 26/2/2004 16:56

Interessante.
Parece-me bem pensado.
Podemos acabar com um grupo Cofina-Lecta, como antes... :lol:
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por vvv » 26/2/2004 16:56

Artigo curioso.
Acho cenário 1 - ganhador.
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Cenários para final feliz

por TRSM » 26/2/2004 16:43

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Está escrito nas estrelas o futuro da Sonae na Portucel e no sector da pasta e do papel: sai, recebe uma “pipa de massa”, canta a vitória financeira e resigna-se com a derrota estratégica.
Nas últimas 24 horas, como se previa, definiram-se coisas muito importantes na privatização mais encalhada da última década.

Destacam-se duas: o engenheiro Belmiro de Azevedo vai saltar da Portucel; o ministro Carlos Tavares dormiu esta noite mais aliviado. A mais fácil de demonstrar é, sem dúvida, a segunda.

Era, há anos, uma privatização difícil, um processo que estava todo enrolado, que andava aos ziguezagues, que umas vezes era “zigue” e outras parecia “zague”. Ontem ao meio da tarde fez-se luz, a operação está finalmente bem encaminhada e, com ela, este ministro e este Governo finalmente quebram o enguiço no “dossier” das privatizações.

Cinco candidatos à compra de uma posição minoritária, sendo três estrangeiros, só tem um significado possível: é um sucesso.

A segunda certeza só se irá comprovar dentro de semanas, provavelmente meses. O engenheiro Belmiro vai sair da Portucel, pela simples razão de que não é aos setenta anos que um homem vai mudar de temperamento. A Sonae nunca quis estar em lugar algum sem ser para mandar.

Parcerias sim, mas com o parceiro no “banco de trás”, como o engenheiro uma vez chegou a dizer, num dos arrufos de arrogância que às vezes deixa escapar. Foi esse, aliás, o único motivo que levou à separação com a Suzano.

Se era para haver um entendimento com outros accionistas, nas condições que a Sonae ontem admite aceitar, já tinha sido com os brasileiros.

Está, então, escrito nas estrelas o futuro da Sonae na Portucel, o que quer dizer a sua ambição para o sector da pasta e do papel: vender os seus 25%, receber uma “pipa de massa”, cantar vitória financeira e resignar-se perante uma inequívoca derrota estratégica.

Será, porventura, a vitória mais amarga da vida empresarial do engenheiro Belmiro. Mas se uns atingem o seu ponto de chegada, outros estão apenas a alinhar-se na casa de partida.

Os finalistas nacionais, Pedro Queiroz Pereira e Paulo Fernandes. Os três interessados estrangeiros, a sul-africana Mondi, a canadiana Domtar e a “globalizada” Lecta. Sinais dos tempos, tanta gente, que reforça a ideia que os ares mudaram efectivamente no mundo dos negócios.

Qual é a saída possível? Ou quais dos três cenários podem acontecer?

Cenário 1: ganha um português, com um acordo previamente ‘cozinhado’ com um dos três estrangeiros e este, numa estratégia de complementaridade, compra os 25% à Sonae, dividindo o governo da sociedade.

É a hipótese, teoricamente, mais simpática para o Governo.

Cenário 2: o júri qualifica dois, que vão ‘picar’ o preço, factor que desempata propostas de qualidade equivalente. Neste caso, é bom que sejam ambos portugueses... ou então estrangeiros. Porque, entre um estrangeiro e um português é fácil perceber qual dos dois terá mais pernas para correr no leilão.

O Governo, privilegiasse o encaixe, desse prioridade ao centro de decisão, perdia sempre.

Cenário 3: ganha um estrangeiro e não se sabe a quem Belmiro poderá vender. Porque, o vencedor poderá adquirir mais acções só com a autorização do Estado. Hipótese improvável e até indefensável.

A parceria do cenário um é, claramente, o desfecho mais provável
 
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