A morte do capitalismo popular
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A morte do capitalismo popular
A morte do capitalisno popular
rd@mediafin.pt
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Hoje, o investidor particular português já não é o parvinho que é enganado sem reclamar os seus direitos.
Já não estamos em 1997 - ano em que a bolsa valorizou 70%, os Governos de Guterres garantiam-nos uma maior convergência económica com a Europa e o Estado avançou com a primeira fase de privatização da EDP.
Os números eram impressionantes. Cerca de 500 mil portugueses passaram a adoptar o mercado de capitais como forma de investimento. Até então, com rentabilidades de dois dígitos, os Certificados de Aforro eram reis e senhores das aplicações nacionais.
Apesar de, por essa altura, a privatização da PT ter já dado os primeiros passos, só em 1997 os especialistas ousaram apelidar o movimento de adesão à EDP como o início de algo designado então por Capitalismo Popular.
Taxistas, donas de casa, empregados de café - até estudantes - subscreveram acções e obtiveram os retornos mais elevados com que alguma vez tinham sido confrontados até então – a EDP subiu cerca de 60% nos primeiros meses após a IPO.
A especulação em bolsa tornou-se num «hobbie» que, naquele ano, não conheceu perdedores. Passados sete anos, muita coisa mudou.
A terceira fase da EDP foi um logro (na segunda, fez-se a venda directa de 5% à Iberdrola), o fim da bolha especulativa com os títulos ligados à Internet em 2000 deixou mazelas difíceis de esquecer, e as poupanças dos portugueses foram substituídas pelas prestações a pagar pelo crédito pedido.
Hoje em dia, o investidor nacional é mais avisado, educado, e culto. Sabe interpretar notícias de empresas cotadas publicadas a meio da sessão. E fá-lo imediata e acertadamente. Já não é o parvinho subserviente que mete poupanças em acções e se deixa ser enganado, sem reclamar os seus direitos.
Os próprios analistas, sempre medrosos em publicar as opiniões que realmente tinham sobre a condução de empresas-chave, foram-se desinibindo, tornando-se mais objectivos, como o prova o estudo sobre a banca nacional do analista Manuel Preto (ver em www.negocios.pt), do Santander.
As últimas alterações ao Código de Valores Mobiliários, que permite uma maior velocidade na introdução de valores mobiliários inovadores - a proliferação de instrumentos alternativos (como os «warrants» e certificados), as punições – se bem que tímidas – aos crimes de mercado, o acesso quer à informação quer a mais instrumentos de análise e de risco.
Tudo isto são factores que contribuíram para a educação do investidor particular nacional, desmistificando a ideia de que a bolsa é só para os iluminados.
É, por isso, cada vez mais importante que os emitentes e o regulador tenham noção disso e se comportem em conformidade com a maior exigência do investidor português. A bem do mercado.
rd@mediafin.pt
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Hoje, o investidor particular português já não é o parvinho que é enganado sem reclamar os seus direitos.
Já não estamos em 1997 - ano em que a bolsa valorizou 70%, os Governos de Guterres garantiam-nos uma maior convergência económica com a Europa e o Estado avançou com a primeira fase de privatização da EDP.
Os números eram impressionantes. Cerca de 500 mil portugueses passaram a adoptar o mercado de capitais como forma de investimento. Até então, com rentabilidades de dois dígitos, os Certificados de Aforro eram reis e senhores das aplicações nacionais.
Apesar de, por essa altura, a privatização da PT ter já dado os primeiros passos, só em 1997 os especialistas ousaram apelidar o movimento de adesão à EDP como o início de algo designado então por Capitalismo Popular.
Taxistas, donas de casa, empregados de café - até estudantes - subscreveram acções e obtiveram os retornos mais elevados com que alguma vez tinham sido confrontados até então – a EDP subiu cerca de 60% nos primeiros meses após a IPO.
A especulação em bolsa tornou-se num «hobbie» que, naquele ano, não conheceu perdedores. Passados sete anos, muita coisa mudou.
A terceira fase da EDP foi um logro (na segunda, fez-se a venda directa de 5% à Iberdrola), o fim da bolha especulativa com os títulos ligados à Internet em 2000 deixou mazelas difíceis de esquecer, e as poupanças dos portugueses foram substituídas pelas prestações a pagar pelo crédito pedido.
Hoje em dia, o investidor nacional é mais avisado, educado, e culto. Sabe interpretar notícias de empresas cotadas publicadas a meio da sessão. E fá-lo imediata e acertadamente. Já não é o parvinho subserviente que mete poupanças em acções e se deixa ser enganado, sem reclamar os seus direitos.
Os próprios analistas, sempre medrosos em publicar as opiniões que realmente tinham sobre a condução de empresas-chave, foram-se desinibindo, tornando-se mais objectivos, como o prova o estudo sobre a banca nacional do analista Manuel Preto (ver em www.negocios.pt), do Santander.
As últimas alterações ao Código de Valores Mobiliários, que permite uma maior velocidade na introdução de valores mobiliários inovadores - a proliferação de instrumentos alternativos (como os «warrants» e certificados), as punições – se bem que tímidas – aos crimes de mercado, o acesso quer à informação quer a mais instrumentos de análise e de risco.
Tudo isto são factores que contribuíram para a educação do investidor particular nacional, desmistificando a ideia de que a bolsa é só para os iluminados.
É, por isso, cada vez mais importante que os emitentes e o regulador tenham noção disso e se comportem em conformidade com a maior exigência do investidor português. A bem do mercado.
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