Arics, a estratégia de preço médio pode ser desenvolvida com sucesso mas não pelo argumento apresentado, que não passa de um artifício matemático.
O que está a dizer é que entre:

comprar 5000 a 1.00 e vender essas 5000 a 0.60;
e

comprar 5000 a 1.00 e mais 55000 a 0.60 para vender as 60000 a 0.60;
a segunda solução apresenta de alguma forma uma vantagem pois estamos perante um trade em que se perdeu apenas ~5% contra os 40% do primeiro trade.
Ora, isso não está correcto dado que os capitais envolvidos não são os mesmos. Pelo que o facto de um trade apresentar um prejuizo de apenas ~5% (em relação ao global do capital investido
na posição) tal não significa que esse trade seja melhor que um outro em que se perdeu 40% se não analisarmos os capitais envolvidos.
Ora, a
perda real foi exactamente a mesma num caso e no outro (na realidade o segundo trade tería gerado uma perda sensivelmente maior devido aos custos de negociação, mas ignoremos esse pormenor).
Note que se trader tem capacidade para aumentar a posição dessa forma é porque dispõe do capital. Se dispoe do capital para tal aumento então é porque a primeira posição (5000 a 1.00) era uma posição bastante pequena no global da carteira enquanto que após o reforço representaría uma posição substancialmente maior (quase 8x maior que a posição inicial).
Quer no primeiro quer no segundo caso, o trade representava uma perda de 3000€, embora o segundo caso tivesse envolvido mais capital.
Por seu turno, se a posição não fosse fechada a 0.60€ então essa acção resultava num aumento de exposição (maior risco). Isto significa que com uma mais pequena subida o trader podería recuperar da perda mas por seu turno se a tendência de queda se mantivesse as perdas cresceríam severamente.
Agora se é para fechar a posição, aumentar a posição para baixar aquela percentagem não tem qualquer vantagem prática (pelo contrário, aumentava o risco imediato quando a posição era para fechar e aumentava os custos de negociação pelo que o prejuízo tendería a ser ligeiramente maior).
Sublinho, o facto do trade no global representar uma perda percentualmente inferior não tem significado algum se não for tido em linha de conta o capital investido. Das duas uma, ou compara as perdas reais em valor absoluto em cada um dos trades - isto é, quantos euros perdeu - ou compara percentualmente mas em função do global da carteira, isto é, quantos % do global da carteira perdeu com aquele trade:

Se comparar pelo valor absoluto terá sido de 3000€ (ignorando despesas), em ambos os casos;

Se comparar em valor percentual do global da carteira chegará a % iguais em ambos os casos (imagine que a carteira valería inicialmente 100000€, se efectuar os calculos irá constatar que ambos os trades resultavam numa perda de 3% do
global da carteira).
É óbvio que nestes calculos ignoro a possibilidade de comprar 55000 a 0.57 e venda a 0.60, ou seja, não posso assumir que faría lucro na segunda compra pois da mesma forma podería ter ocorrido fechar a 0.57 (ou até ter feito novos mínimos no resto da sessão) e na sessão seguinte continuar a cair, o que sería desastroso para a carteira...
É claro que se partirmos do princípio que no segundo trade (reforço) vamos conseguir fechar acima do valor da abertura então vale sempre a pena reforçar e com quanto mais melhor. Mas se tivessemos esse nível de certeza então não tinhamos aberto o primeiro trade com 5000 mas logo com um valor superior. Não podemos tentar chegar a uma conclusao se o segundo trade vai «beneficiar» ou nao o resultado final se estamos a assumir que esse segundo trade vai ser certeiro (nao temos qualquer certeza disso, temos a mesma certeza que tinhamos no trade inicial e que falhou). Obviamente o segundo trade também podería ter falhado e víamo-nos então a braços com uma perda bastante superior...
Portanto, há aqui duas questões para reflexão. Em todo o caso, uma política de preço médio faz sentido em determinadas filosofias de investimento (mais baseada em fundamentais) caso o investidor tenha uma grande capacidade financeira para ir fazer reforços de posição no longo-prazo. É uma gestão que exige grande capacidade financeira e uma boa dose de paciencia pois os resultados poderão demorar anos a surgir (imagine-se uma política de preços médios no último bear market que durou cerca de 3 anos)...
Aproveito ainda para referir que no exemplo que apresentou o reforço é de uma ordem de grandeza muito elevada o que inviabilizaría tentativas sucessivas (para repetir o reforço caso numa segunda queda de 60% para os 0.36 teríamos de investir em 6600000 títulos num investimento adicional da ordem dos 237.600€ e assim sucessivamente). Rapidamente o investidor esgotava a sua capacidade financeira...