
Boa noite,
Desta vez, a propósito do artigo do Ulisses, vou destoar um pouco da maioria das opiniões sobre "Easy Al" !!!
Bom, ele tornou-se um protagonista e uma figura querida dos mercados, sobretudo accionistas, porque terá criado as condições objectivas para uma das maiores corridas Bull da História dos mesmos.
Mas há quem pense que o seu percurso é comtroverso e que mudou de opinião ao longo dos anos.
A propósito, sei que já foi editado na América uma biografia "livre" sobre Greenspan que está a causar uma certa polémica. Pode ser que descubra o nome do livro e o autor para poder passar essa informação.
Aqui, vamos a um pouco de história como o nosso Ulisses gosta
Na década de sessenta, AG defendia uma moeda ancorada pelo padrão Ouro, realidade que à época estava com os dias contados. Ele não era um purista, ou um gold-bug mas simpatizava com o padrão e defendia a sua manutenção, nem que fosse parcial. Assim, seria possível manter padrões de crescimento sem comprometer uma moeda forte e objectivos de inflação controlada.
Depois, ele adaptou-se às circunstâncias, como sabemos.
Muito mais importante do que ele, no passado recente, foi o seu antecessor, Paul Volcker, que chefiou o FED entre 1979 e meados de 1987 !!
Este senhor apanhou a América numa profunda crise social e económica, no fim da década perdida de estagnação e inflação - a famosa estagnaflação !!
Volcker sabia que havia que fazer sacrifícios num ponto para resolver o outro.
Assim, aumentou fortemente os juros e controlou a liquidez para atacar a inflação. Mesmo que isso aprofundasse a recessão não seria grave num primeiro momento, havendo consenso político.
Os juros aumentaram até 1980 ao ponto do yield da nota do Tesouro a 10 anos ter atingido cerca de 20%.
Mas os efeitos benéficos começaram pouco depois: a cotação do Ouro (e muitos outros itens) caiu a pique e a inflação começou também a cair com força. E nessa época, a dívida americana era bem menor.
Tudo isto criou as condições para o novo ciclo de crescimento de longo prazo que a América vive até ao presente.
Os juros atingiram um pique mas voltaram a baixar devido ao bom comportamento da inflação e do USD. Assim, houve condições para o rally accionista que começou em 1982, voltando o mercado de capitais a atrair start-ups.
O mercado de dívida entrou em Bull logo em 1981 - esse rally permitiu a queda dos juros de mercado, o que foi decisivo para que os EUA conseguissem aumentar o endividamento.
Foi o que Reagan fez para dinamizar a Economia.
Assim, em poucos anos, a inflação continuava bem controlada e a América voltava a crescer, o que foi decisivo para a retomada na Europa e para a queda do muro de Berlim. Para não falar da Globalização.
No final da era Reagan, Volcher sai e entra AG, pela mão do Secretário de Estado James Baker. Este tinha cozinhado em 1985 o Acordo do Plaza Hotel em NY. A ideia era reverter a subida fulgurante do USD (outros tempos), o que conseguiram.
Como a reacção foi muito forte, em 1987, foi feito o Acordo do Louvre, em Paris, para parar essa inversão, procurando estabilizar o mercado sem pôr em causa o espírito do Plaza Accord.
Acontece, porém, que houve uma falha e o USD continuou ainda a cair, seguindo a nova tendência inaugurada em 1985.
Entretanto, AG, acabado de chegar, cometeu um erro. Com medo de uma bolha dos activos, incluindo em Wall Street que estava a ter um ano louco em 1987, e achando que ia suportar o USD, decidiu subir os juros. Nesse momento, os mercados de obrigações e acções assustaram-se com o novo homem do FED e começaram em queda, que acabou naquele dia de outubro num violento crash.
O resto, é o que todos sabemos. AG prometeu dar aos mercados a liquidez necessária para impedir uma crise profunda. No fundo, resolveu um problema que ele mesmo junto com Baker criaram.
Com o tempo, tornou-se mais e mais monetarista e os seus discursos eram dúbios.
Falou de irracionalidade em 1996, mas alimentou-a com brutais niveis de liquidez - até hoje.
O episódio mais interessante foi a cedência recorde de liquidez por causa do Y2K, a qual foi inteirinha para alimentar a gula de Wally. Mas antes já havia sido assim por causa das ameaças de crise nos mercados emergentes. Por outro lado, ainda em 1999, aumentava a liquidez ao mesmo tempo que subia os juros, situação que se tornou complexa no ano 2000, uma vez que os juros reais ficaram demasiado elevados para a real ameaça de inflação, que era pequena. Assim, Wall Street foi ao tapete, o dólar entrou em sobreaquecimento, os défices externos avolumaram-se e a recessão começou.
De lá até aos dias de hoje, tem sido um problema para corrigir esses excessos, tentando reinflacionar as bolhas que ele mesmo criou e esvaziou.
As histórias que a História terá para contar valerão o tempo gasto na sua leitura.
Um abraço
djovarius
Desta vez, a propósito do artigo do Ulisses, vou destoar um pouco da maioria das opiniões sobre "Easy Al" !!!

Bom, ele tornou-se um protagonista e uma figura querida dos mercados, sobretudo accionistas, porque terá criado as condições objectivas para uma das maiores corridas Bull da História dos mesmos.
Mas há quem pense que o seu percurso é comtroverso e que mudou de opinião ao longo dos anos.
A propósito, sei que já foi editado na América uma biografia "livre" sobre Greenspan que está a causar uma certa polémica. Pode ser que descubra o nome do livro e o autor para poder passar essa informação.
Aqui, vamos a um pouco de história como o nosso Ulisses gosta

Na década de sessenta, AG defendia uma moeda ancorada pelo padrão Ouro, realidade que à época estava com os dias contados. Ele não era um purista, ou um gold-bug mas simpatizava com o padrão e defendia a sua manutenção, nem que fosse parcial. Assim, seria possível manter padrões de crescimento sem comprometer uma moeda forte e objectivos de inflação controlada.
Depois, ele adaptou-se às circunstâncias, como sabemos.
Muito mais importante do que ele, no passado recente, foi o seu antecessor, Paul Volcker, que chefiou o FED entre 1979 e meados de 1987 !!
Este senhor apanhou a América numa profunda crise social e económica, no fim da década perdida de estagnação e inflação - a famosa estagnaflação !!
Volcker sabia que havia que fazer sacrifícios num ponto para resolver o outro.
Assim, aumentou fortemente os juros e controlou a liquidez para atacar a inflação. Mesmo que isso aprofundasse a recessão não seria grave num primeiro momento, havendo consenso político.
Os juros aumentaram até 1980 ao ponto do yield da nota do Tesouro a 10 anos ter atingido cerca de 20%.
Mas os efeitos benéficos começaram pouco depois: a cotação do Ouro (e muitos outros itens) caiu a pique e a inflação começou também a cair com força. E nessa época, a dívida americana era bem menor.
Tudo isto criou as condições para o novo ciclo de crescimento de longo prazo que a América vive até ao presente.
Os juros atingiram um pique mas voltaram a baixar devido ao bom comportamento da inflação e do USD. Assim, houve condições para o rally accionista que começou em 1982, voltando o mercado de capitais a atrair start-ups.
O mercado de dívida entrou em Bull logo em 1981 - esse rally permitiu a queda dos juros de mercado, o que foi decisivo para que os EUA conseguissem aumentar o endividamento.
Foi o que Reagan fez para dinamizar a Economia.
Assim, em poucos anos, a inflação continuava bem controlada e a América voltava a crescer, o que foi decisivo para a retomada na Europa e para a queda do muro de Berlim. Para não falar da Globalização.
No final da era Reagan, Volcher sai e entra AG, pela mão do Secretário de Estado James Baker. Este tinha cozinhado em 1985 o Acordo do Plaza Hotel em NY. A ideia era reverter a subida fulgurante do USD (outros tempos), o que conseguiram.
Como a reacção foi muito forte, em 1987, foi feito o Acordo do Louvre, em Paris, para parar essa inversão, procurando estabilizar o mercado sem pôr em causa o espírito do Plaza Accord.
Acontece, porém, que houve uma falha e o USD continuou ainda a cair, seguindo a nova tendência inaugurada em 1985.
Entretanto, AG, acabado de chegar, cometeu um erro. Com medo de uma bolha dos activos, incluindo em Wall Street que estava a ter um ano louco em 1987, e achando que ia suportar o USD, decidiu subir os juros. Nesse momento, os mercados de obrigações e acções assustaram-se com o novo homem do FED e começaram em queda, que acabou naquele dia de outubro num violento crash.
O resto, é o que todos sabemos. AG prometeu dar aos mercados a liquidez necessária para impedir uma crise profunda. No fundo, resolveu um problema que ele mesmo junto com Baker criaram.
Com o tempo, tornou-se mais e mais monetarista e os seus discursos eram dúbios.
Falou de irracionalidade em 1996, mas alimentou-a com brutais niveis de liquidez - até hoje.
O episódio mais interessante foi a cedência recorde de liquidez por causa do Y2K, a qual foi inteirinha para alimentar a gula de Wally. Mas antes já havia sido assim por causa das ameaças de crise nos mercados emergentes. Por outro lado, ainda em 1999, aumentava a liquidez ao mesmo tempo que subia os juros, situação que se tornou complexa no ano 2000, uma vez que os juros reais ficaram demasiado elevados para a real ameaça de inflação, que era pequena. Assim, Wall Street foi ao tapete, o dólar entrou em sobreaquecimento, os défices externos avolumaram-se e a recessão começou.
De lá até aos dias de hoje, tem sido um problema para corrigir esses excessos, tentando reinflacionar as bolhas que ele mesmo criou e esvaziou.
As histórias que a História terá para contar valerão o tempo gasto na sua leitura.
Um abraço
djovarius