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Elite e concorrência

MensagemEnviado: 11/2/2004 16:08
por TRSM
Elite e concorrência
Sérgio Figueiredo
Elite e concorrência
Mas Aljubarrota resolveu o problema e levou à afirmaçãode uma elite dirigente.

Trinta anos depois, em 1415, chegámos a Ceuta e mudámoso mundo. Moral da história: a diferença entre ter ou nãoter uma elite está aqui " acrescentem os mesmos 30 anos aAbril de 1974, comparem com a situação que vivemos em2004 e tirem as vossas conclusões.

2. No século XVII, Portugal eEspanha iniciavam um processo deregressão económica e, emplena perdada hegemonia nas rotas marítimas, anossa decadência era assim registadaem 1618: «Desde que as outras naçõesda Europa tomaram as mesmas rotas ecomércio, eles [os portugueses] tiveramgrandes problemas, devido aos holandesesvenderem a preços mais baixos,e fazerem o seu negócio com muitomaior despacho...».

Elites fracas e aversão à concorrência.Qual é então a novidade do nossoatraso" Se, como António HortaOsório ontem anotava, já no início do século dezassete estavaidentificada a causa principal: havia quem vendesse a preçosmais baixos e com qualidade " ou «maior despacho».

Não podia ser naturalmente Horta Osório a fazer o outroparalelo histórico, com Aljubarrota, com os Descobrimentos.Essa parábola sobre a importância das elites é da autoria deErnâni Lopes, ouvida na noite de véspera por um grupo restrito de jornalistas.

O que o presidente da SaeR e aquele que foi promotor do"Compromisso Portugal" estão a dizer é a mesma coisa: aafirmação do país, rápida, urgente, passa por uma ruptura deatitudes. E o talmodelo estratégico é protagonizado, sem dúvida pelo Estado, mas sobretudo pelas empresas.

Não estamos seguros que seja essa a dinâmica que saiuontem do Beato. Sem dúvida, gente bem intencionada. Semdúvida, pessoas genuinamente empenhadas em mobilizar asociedade civil.

O «Compromisso Portugal» é sim uma mobilização geracional, não há como esconder isso, até porque se trata da gente que,pela primeira vez, não tem outro remédio senão competir. Qual éentão o problema" Continuam muito dependentes. Dependentesentre si. Dependentes dos seus accionistas: que são, em regra, osministros ou os tais empresários do antigamente.

Talvez por isso, talvez por ser dos poucos que recebe o saláriono estrangeiro, António Borges tocou nos nervos maissensíveis. Os nossos capitalistas têm medo do capitalismo.Têm o pânico da exposição. Não é só à invasão espanhola,mas também aos investidores. Por isso desprezam o mercado,não há capitais, embora capital seja hoje a coisa mais fácilde arranjar na economia global.

O professor Ernâni e o doutor Horta Osório estão cobertosde razão. O sobressalto colectivo não chega. E muita gentepercebeu o essencial: a nova elite vê mais longe. Provavelmenteaté tem vistas mais largas. Mas ainda não consegue irmais fundo.

2004/02/11 14:04:00
BCP- investimentos