Revê em baixa recomendação da operadora nacional
Deutsche Bank aconselha à PT venda da Vivo para financiar recompra de acções
O Deutsche Bank divulgou um “research” onde aconselha a Portugal Telecom a vender os 50% que detém da brasileira Vivo, de forma a arrecadar fundos para dar continuidade ao programa de recompra de acções próprias da PT.
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Pedro Viana
pviana@mediafin.pt
O Deutsche Bank divulgou um “research” onde aconselha a Portugal Telecom a vender os 50% que detém da brasileira Vivo, de forma a arrecadar fundos para dar continuidade ao programa de recompra de acções próprias da PT.
O banco afirma que a operadora nacional poderá auferir 2,65 mil milhões de euros com a venda da sua participação na maior operadora da América Latina. Este valor é repartido por dois mil milhões referentes à avaliação da empresa no mercado accionista e o remanescente relativo ao pagamento da dívida, explica a mesma fonte.
Com este “income” suplementar, a Portugal Telecom deveria proceder à compra de 27% de acções próprias nos próximos três anos, a contar a partir de 2005, promovendo uma forte oportunidade de retorno para os accionistas.
A PT anunciou, no ano passado, já uma programa de recompra de acções próprias de 10% do seu capital. A empresa só pode ter 10% em acções próprias, mas se proceder à sua eliminação, pode continuar, essa recompra.
A venda da Vivo é fundamentada com a recuperação económica no Brasil e com a melhoria de expectativas para o crescimento dos clientes da empresa e porque, em 2005, a taxa de crescimento da Vivo vai abrandar. Segundo afirmou o responsável por este “research”, ao Canal de Negócios, “os activos devem vender-se quando são lucrativos”.
O analista afirma que a sua avaliação da Vivo, participada da PT no Brasil, é de quase oito vezes superior ao EBITDA estimado para 2004, colocando a empresa como a mais cara do sector nos mercados emergentes. Por outro lado prevê um crescimento de 17% do EBITDA em 2004.
Todavia, a comissão executiva da PT tem vindo a afirmar que estão no Brasil, numa perspectiva de longo prazo. A operadora nacional vê a telefonia móvel no Brasil como tendo um forte potencial de crescimento, não perspectivando sair daquele mercado.
Deutsche Bank revê em baixa recomendação
Ao mesmo tempo, reviu em baixa a recomendação para os títulos da Portugal Telecom (PT) [Cot] de “manter” para “vender” aumentando o seu preço-alvo de 7,1 para 7,8 euros, que implicando uma diminuição do potencial de descida das acções da empresa.
Neste momento está com um potencial de perda de 9,5%, enquanto que em relação ao preço-alvo anterior, o potencial era de 21,51%.
Para a Telesp Celular Participações, participada da Vivo que contribui com 49% para o seu EBITDA, o banco recomenda vender as acções, ao invés das recomendações para as operadoras de rede fixa Telemar, Brasil Telecom, e Telemex Mexcio cuja recomendação é comprar.
O analista tem, portanto, uma análise positiva para o sector da rede fixa no Brasil e também por isso, recomenda comprar as acções da Telefónica, já que esta detém a operadora fixa Telesp.
Comparando as taxas de crescimento da PT com a Telefónica – empresas mãe, em partes iguais da Vivo – o analista afirma que estão “significativamente abaixo” da empresa espanhola. As estimativas apontam para 5% e 1% para a operadora nacional e 7% e 3% para a operadora espanhola, em 2004 e 2005, respectivamente.
Outro ponto fraco da “holding” que a PT tem com a Telefónica no Brasil é a sua “ineficiente estrutura de accionistas” que faz com que 43% dos seus “cash flows” se dispersem por entidades minoritárias.
As acções da Portugal Telecom seguiam a desvalorizar 1,37% para 8,62 euros