EDP, TotalFina e Pfizer lideram escolhas dos fundos de acçõe

EDP, TotalFina e Pfizer lideram escolhas dos fundos de acções em 2003
Pedro Ferreira Esteves
Os fundos de acções tiveram, em 2003, um dos melhores anos em termos de valorizações dos últimos tempos, aproveitando a recuperação do valor da generalidade das acções para obter taxas de rentabilidade que, nalguns casos, superaram os 20%.
Para este desempenho, muito contribuiu a escolha criteriosa levada a cabo pelos gestores de carteira. As acções com uma presença mais significativa nas carteiras costumam incorporar as características mais adequadas à valorização dos fundos dos respectivos segmentos. Em 2003, os líderes das acções nacionais, europeias e internacionais foram a EDP, TotalFinaElf e Pfizer, respectivamente.
A eléctrica portuguesa apresentou, no final do ano passado, uma valorização de quase 40% em bolsa. Este comportamento foi contagiado pelo sentimento positivo das bolsas, no geral, e do sector eléctrico em particular. No caso da EDP, a reestruturação interna operada pela nova administração liderada por João Talone suscitou alguma expectativa entre os investidores, que aproveitaram de imediato para tirar partido do baixo valor do título. No entanto, o final do ano ficou marcado por alguma apatia, com o mercado à espera de novos desenvolvimentos na estrutura e balanço da empresa.
Neste contexto, os gestores nacionais de fundos reconheceram o potencial da EDP e investiram um total de 70,5 milhões de euros em acções da eléctrica. Este montante representou uma subida anual de 32,7% para uma quota de 12%, permitindo à EDP superar a PT na lista das acções com maior investimento por parte dos fundos de acções portugueses.
No que diz respeito à petrolífera francesa TotalFinaElf, o ano de 2003 foi marcado pela subida do valor das suas acções em cerca de 8%. Um ano em que se verificaram várias oscilações de preço do petróleo, quer provocadas pela incerteza em torno das repercussões da intervenção militar liderada pelos EUA no Iraque, quer devido às alterações nos limites de produção efectuadas pela Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP). Contudo, o elevado valor do crude, acima da fasquia idealizada nos 22 - 28 dólares por barril, permitiu à TotalFinaElf e às suas rivais obter um comportamento sólido em bolsa. E essa situação não passou despercebida aos fundos portugueses, tendo a petrolífera gaulesa conquistado a liderança das escolhas com um valor acima dos 27 milhões de euros, em detrimento da gigante tecnológica finlandesa Nokia.
De referir que tanto a tabela das acções europeias como a das internacionais apresentam uma maior dispersão do que no caso das portuguesas. Uma característica que explica a quota de apenas 3,4% conquistada pela empresa francesa, assim como a de 2,7% no caso da farmacêutica norte-americana Pfizer, um das maiores empresas do sector. A Pfizer foi aliás a única que assegurou a primeira posição do seu segmento entre 2002 e 2003, graças sobretudo a uma valorização das acções na ordem dos 14%, que a manteve a uma distância curta das suas perseguidoras. Note-se que a opção dos gestores por títulos da EDP, TotalFinaElf e Pfizer traduzem o carácter menos volátil de acções destes sectores, por oposição aos das telecomunicações, tecnologia ou financeiras.
EDP supera PT na liderança dos fundos de acções nacionais
A valorização de quase 40% da EDP no Euronext Lisboa foi suficiente para levar os responsáveis pelas carteiras dos fundos de acções nacionais a optar de forma mais decidida pelas acções da eléctrica. Partindo, no final de 2002, de um valor ligeiramente acima dos 50 milhões de euros, a EDP e a PT tiveram um 2003 semelhante porque aumentaram ambas o seu peso nas carteiras dos fundos. Contudo, a EDP destacou-se e garantiu a liderança.
O outro grande destaque entre as acções portuguesas preferidas dos fundos foi o BCP. O banco liderado por Jardim Gonçalves assistiu à forte subida do seu valor nas carteiras dos fundos, um desempenho explicado, em grande parte, pelo atractivo aumento de capital lançado no segundo trimestre do ano passado. Um factor que superou mesmo o fraco comportamento das acções em bolsa (-8%). O BCP passou de um valor de pouco mais de 16 milhões em Dezembro de 2002 para um superior a 50 milhões doze meses depois.
O aumento verificado nas acções do BCP compensou, de certa forma, a saída da Vodafone da bolsa e, consequentemente, as escolhas dos gestores. O investimento em acções da Vodafone atingia no final de 2002 cerca de 44 milhões de euros, um montante que lhe garantia a quarta posição da tabela. Destaque ainda para a troca de posições verificada entre a Sonae SGPS e a Brisa. A concessionária detinha o terceiro posto com um valor que ascendia a 52,4 milhões de euros, tendo em 2003 descido nas prioridades dos fundos para cerca de 38,2 milhões. E beneficiando, desta forma, a Sonae SGPS cujo valor nas carteiras dos fundos disparou de 35 para 60 milhões e permitiu conquistar o último lugar do pódio.
Nokia baixa do primeiro lugar por troca com Total Fina Elf
As acções da petrolífera francesa TotalFinaElf foram, durante o ano passado, as preferidas pelos gestores de fundos portugueses dentro dos mercados da União Europeia. Apesar do peso das principais acções europeias ter uma dispersão mais acentuada comparativamente ao das acções portuguesas, a petrolífera francesa conseguiu garantir a liderança de forma clara, substituindo a Nokia. A gigante finlandesa do sector tecnológico foi ainda ultrapassada pelo banco italiano Banca Intesa. Os valores das acções da TotalFinaElf e do Banca Intesa ascendem a uma quota conjunta de 6,4%, destacando-se assim da rival tecnológica (2,6%).
No resto da tabela, destaque para a saída da GlaxoSmithKline e da British Petrolem da lista das dez mais preferidas pelos fundos de acções europeias. Em sua substituição entraram a seguradora holandesa ING Groep e a tecnológica alemã Siemens, precisamente num ano em que estes dois sectores - seguros e tecnologia - tiveram um ano muito positivo em bolsa, compensado de alguma forma a fortíssima queda das suas acções nos anos anteriores.
Numa análise por sectores, verifica-se aliás que existe algum equilíbrio no topo das escolhas dos gestores de fundos, com o petrolífero, o tecnológico, as telecomunicações e a banca com dois representantes cada. Completam o conjunto das dez maiores, os sectores dos seguros e farmacêutico. Refira-se que, ao contrário do que se verificou nas acções nacionais, o valor investido pelos fundos nas acções europeias sofreu uma ligeira queda durante 2003.
Pfizer, Microsoft, Novartis e Nestlé confirmam domínio
O grupo das quatro acções mais incluídas nos 'portfolios' dos fundos de acções fora da União Europeia (UE) manteve-se inalterado durante 2003. Apesar de algumas trocas nas respectivas posições, estes quatro títulos permaneceram a alguma distância da concorrência, num ano em que as subidas da generalidades dos mercados accionistas mundiais poderia ter levado os gestores de fundos a operar alterações mais profundas na estrutura das suas carteiras.
A farmacêutica norte-americana Pfizer segurou o primeiro lugar com uma quota de 2,7%. A Novartis (2,4%) ascendeu ao segundo posto por troca com a Microsoft (2,3%), tendo a Nestlé (2,3%) permanecido no quarto posto. As restantes acções ficaram a alguma distância destas quatro, com a Amgen a aproveitar o crescimento de quase 50% do seu valor para destronar a Roche Holdings na quinta posição. Neste segmento dominam as acções dos sectores farmacêutico ou de saúde, um sector que garante alguma estabilidade de retorno aos fundos. São cinco as empresas ligadas a esta área, desde as já mencionadas Pfizer, Novartis e Amgen, até à Roche e UnitedHealth.
Destaque para o desempenho da Procter & Gamble, cujos fundamentais parecem ter agradado significativamente aos fundos portugueses. O seu peso nas carteiras disparou 132%, uma situação que a colocou no grupo das dez mais escolhidas, por troca com a FedEx. No segmento das acções fora da EU, o investimento apresentou um ligeiro crescimento, apesar de terem apresentado em 2003 as rendibilidade mais baixas de todos os fundos de acções.
Pedro Ferreira Esteves
Os fundos de acções tiveram, em 2003, um dos melhores anos em termos de valorizações dos últimos tempos, aproveitando a recuperação do valor da generalidade das acções para obter taxas de rentabilidade que, nalguns casos, superaram os 20%.
Para este desempenho, muito contribuiu a escolha criteriosa levada a cabo pelos gestores de carteira. As acções com uma presença mais significativa nas carteiras costumam incorporar as características mais adequadas à valorização dos fundos dos respectivos segmentos. Em 2003, os líderes das acções nacionais, europeias e internacionais foram a EDP, TotalFinaElf e Pfizer, respectivamente.
A eléctrica portuguesa apresentou, no final do ano passado, uma valorização de quase 40% em bolsa. Este comportamento foi contagiado pelo sentimento positivo das bolsas, no geral, e do sector eléctrico em particular. No caso da EDP, a reestruturação interna operada pela nova administração liderada por João Talone suscitou alguma expectativa entre os investidores, que aproveitaram de imediato para tirar partido do baixo valor do título. No entanto, o final do ano ficou marcado por alguma apatia, com o mercado à espera de novos desenvolvimentos na estrutura e balanço da empresa.
Neste contexto, os gestores nacionais de fundos reconheceram o potencial da EDP e investiram um total de 70,5 milhões de euros em acções da eléctrica. Este montante representou uma subida anual de 32,7% para uma quota de 12%, permitindo à EDP superar a PT na lista das acções com maior investimento por parte dos fundos de acções portugueses.
No que diz respeito à petrolífera francesa TotalFinaElf, o ano de 2003 foi marcado pela subida do valor das suas acções em cerca de 8%. Um ano em que se verificaram várias oscilações de preço do petróleo, quer provocadas pela incerteza em torno das repercussões da intervenção militar liderada pelos EUA no Iraque, quer devido às alterações nos limites de produção efectuadas pela Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP). Contudo, o elevado valor do crude, acima da fasquia idealizada nos 22 - 28 dólares por barril, permitiu à TotalFinaElf e às suas rivais obter um comportamento sólido em bolsa. E essa situação não passou despercebida aos fundos portugueses, tendo a petrolífera gaulesa conquistado a liderança das escolhas com um valor acima dos 27 milhões de euros, em detrimento da gigante tecnológica finlandesa Nokia.
De referir que tanto a tabela das acções europeias como a das internacionais apresentam uma maior dispersão do que no caso das portuguesas. Uma característica que explica a quota de apenas 3,4% conquistada pela empresa francesa, assim como a de 2,7% no caso da farmacêutica norte-americana Pfizer, um das maiores empresas do sector. A Pfizer foi aliás a única que assegurou a primeira posição do seu segmento entre 2002 e 2003, graças sobretudo a uma valorização das acções na ordem dos 14%, que a manteve a uma distância curta das suas perseguidoras. Note-se que a opção dos gestores por títulos da EDP, TotalFinaElf e Pfizer traduzem o carácter menos volátil de acções destes sectores, por oposição aos das telecomunicações, tecnologia ou financeiras.
EDP supera PT na liderança dos fundos de acções nacionais
A valorização de quase 40% da EDP no Euronext Lisboa foi suficiente para levar os responsáveis pelas carteiras dos fundos de acções nacionais a optar de forma mais decidida pelas acções da eléctrica. Partindo, no final de 2002, de um valor ligeiramente acima dos 50 milhões de euros, a EDP e a PT tiveram um 2003 semelhante porque aumentaram ambas o seu peso nas carteiras dos fundos. Contudo, a EDP destacou-se e garantiu a liderança.
O outro grande destaque entre as acções portuguesas preferidas dos fundos foi o BCP. O banco liderado por Jardim Gonçalves assistiu à forte subida do seu valor nas carteiras dos fundos, um desempenho explicado, em grande parte, pelo atractivo aumento de capital lançado no segundo trimestre do ano passado. Um factor que superou mesmo o fraco comportamento das acções em bolsa (-8%). O BCP passou de um valor de pouco mais de 16 milhões em Dezembro de 2002 para um superior a 50 milhões doze meses depois.
O aumento verificado nas acções do BCP compensou, de certa forma, a saída da Vodafone da bolsa e, consequentemente, as escolhas dos gestores. O investimento em acções da Vodafone atingia no final de 2002 cerca de 44 milhões de euros, um montante que lhe garantia a quarta posição da tabela. Destaque ainda para a troca de posições verificada entre a Sonae SGPS e a Brisa. A concessionária detinha o terceiro posto com um valor que ascendia a 52,4 milhões de euros, tendo em 2003 descido nas prioridades dos fundos para cerca de 38,2 milhões. E beneficiando, desta forma, a Sonae SGPS cujo valor nas carteiras dos fundos disparou de 35 para 60 milhões e permitiu conquistar o último lugar do pódio.
Nokia baixa do primeiro lugar por troca com Total Fina Elf
As acções da petrolífera francesa TotalFinaElf foram, durante o ano passado, as preferidas pelos gestores de fundos portugueses dentro dos mercados da União Europeia. Apesar do peso das principais acções europeias ter uma dispersão mais acentuada comparativamente ao das acções portuguesas, a petrolífera francesa conseguiu garantir a liderança de forma clara, substituindo a Nokia. A gigante finlandesa do sector tecnológico foi ainda ultrapassada pelo banco italiano Banca Intesa. Os valores das acções da TotalFinaElf e do Banca Intesa ascendem a uma quota conjunta de 6,4%, destacando-se assim da rival tecnológica (2,6%).
No resto da tabela, destaque para a saída da GlaxoSmithKline e da British Petrolem da lista das dez mais preferidas pelos fundos de acções europeias. Em sua substituição entraram a seguradora holandesa ING Groep e a tecnológica alemã Siemens, precisamente num ano em que estes dois sectores - seguros e tecnologia - tiveram um ano muito positivo em bolsa, compensado de alguma forma a fortíssima queda das suas acções nos anos anteriores.
Numa análise por sectores, verifica-se aliás que existe algum equilíbrio no topo das escolhas dos gestores de fundos, com o petrolífero, o tecnológico, as telecomunicações e a banca com dois representantes cada. Completam o conjunto das dez maiores, os sectores dos seguros e farmacêutico. Refira-se que, ao contrário do que se verificou nas acções nacionais, o valor investido pelos fundos nas acções europeias sofreu uma ligeira queda durante 2003.
Pfizer, Microsoft, Novartis e Nestlé confirmam domínio
O grupo das quatro acções mais incluídas nos 'portfolios' dos fundos de acções fora da União Europeia (UE) manteve-se inalterado durante 2003. Apesar de algumas trocas nas respectivas posições, estes quatro títulos permaneceram a alguma distância da concorrência, num ano em que as subidas da generalidades dos mercados accionistas mundiais poderia ter levado os gestores de fundos a operar alterações mais profundas na estrutura das suas carteiras.
A farmacêutica norte-americana Pfizer segurou o primeiro lugar com uma quota de 2,7%. A Novartis (2,4%) ascendeu ao segundo posto por troca com a Microsoft (2,3%), tendo a Nestlé (2,3%) permanecido no quarto posto. As restantes acções ficaram a alguma distância destas quatro, com a Amgen a aproveitar o crescimento de quase 50% do seu valor para destronar a Roche Holdings na quinta posição. Neste segmento dominam as acções dos sectores farmacêutico ou de saúde, um sector que garante alguma estabilidade de retorno aos fundos. São cinco as empresas ligadas a esta área, desde as já mencionadas Pfizer, Novartis e Amgen, até à Roche e UnitedHealth.
Destaque para o desempenho da Procter & Gamble, cujos fundamentais parecem ter agradado significativamente aos fundos portugueses. O seu peso nas carteiras disparou 132%, uma situação que a colocou no grupo das dez mais escolhidas, por troca com a FedEx. No segmento das acções fora da EU, o investimento apresentou um ligeiro crescimento, apesar de terem apresentado em 2003 as rendibilidade mais baixas de todos os fundos de acções.