O patronato é uma Treta...
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O patronato é uma Treta...
Vã glória de mandar
sf@mediafin.pt
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Francisco van Zeller vai, muito provavelmente, suceder a Francisco van Zeller na presidência da CIP. Não há que recriminar. Até porque a vassourada que é absolutamente necessária no associativismo empresarial tem de trabalhar, trabalhar e trabalhar, antes de chegar a ele.
Desde logo porque é injusto dizer que o engenheiro van Zeller pertence à arqueologia industrial portuguesa. Ao contrário de outros, ele não está no cargo há mais de vinte anos. nem dez. Nem cinco. Na realidade, nem sequer um mandato completo tem, uma vez que foi o falecimento de Nogueira Simões que o elevou à condição de «patrão dos patrões» portugueses.
Além disso, e este «isso» é o mais importante, a CIP mudou de estilo e de atitude com a sua liderança. E o balanço da sua direcção é globalmente positivo.
Com um estilo «politicamente incorrecto», van Zeller correu riscos, disse coisas que normalmente as pessoas têm medo de dizer e, sobretudo, fez a Confederação regressar a uma prática mais construtiva.
Contra a posição maioritária dos seus pares, subscreveu o Código de Trabalho porque, embora sabendo que o país precisava ir mais além na reforma do mercado laboral, percebeu que era melhor alguma que nenhuma.
Mas ninguém espere que seja van Zeller o homem que vai mudar o essencial. Porque, no essencial, ele está ao lado daqueles que não querem que mude absolutamente nada. O entusiasmo com que mobilizou a turma do «manifesto dos 40», a forma como alinhou nas teses mais ortodoxas desse movimento, é elucidativo dos seus compromissos óbvios com o ‘establishment’.
Dito de outra forma, van Zeller não está entre aqueles que devem ser varridos imediatamente. Mas é bastante improvável que seja ele a pegar na vassoura e fazer a renovação que a sociedade e a economia precisavam ver nas organizações empresariais.
Não é grave, portanto, que o actual líder da CIP por lá continue mais três ou quatro anos. Grave é o facto de ele se ter tornado um inevitável sucessor de si próprio. Graves são as razões que inviabilizaram a passagem de testemunho, que o próprio num primeiro momento reconheceu ser normal e desejável.
Era Diogo Vaz Guedes quem protagonizava a renovação que ele mesmo começou por reivindicar. Foi Diogo Vaz Guedes que, entre a sua geração, ganhou o estatuto de candidato natural às próximas eleições da CIP.
Era e foi. Porque, como é óbvio e evidente, deixou de o ser no exacto minuto em que anunciava ao país o negócio firmado entre a sua família e os espanhóis da Sacyr. É impensável, a nossa sociedade não está estruturalmente preparada, para que o máximo representante dos seus industriais seja um assalariado de um grupo espanhol.
Como é que o presidente da CIP pode ser espanhol? Não pode. No entanto, já ninguém se importa com o facto de o eterno presidente da AIP, o comendador Rocha de Matos, ter um percurso empresarial que dá mais cadastro que curriculum. Mas é assim: estamos a reagir contra os espanhóis, mas continuamos tolerantes com a nossa mediocridade.
sf@mediafin.pt
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Francisco van Zeller vai, muito provavelmente, suceder a Francisco van Zeller na presidência da CIP. Não há que recriminar. Até porque a vassourada que é absolutamente necessária no associativismo empresarial tem de trabalhar, trabalhar e trabalhar, antes de chegar a ele.
Desde logo porque é injusto dizer que o engenheiro van Zeller pertence à arqueologia industrial portuguesa. Ao contrário de outros, ele não está no cargo há mais de vinte anos. nem dez. Nem cinco. Na realidade, nem sequer um mandato completo tem, uma vez que foi o falecimento de Nogueira Simões que o elevou à condição de «patrão dos patrões» portugueses.
Além disso, e este «isso» é o mais importante, a CIP mudou de estilo e de atitude com a sua liderança. E o balanço da sua direcção é globalmente positivo.
Com um estilo «politicamente incorrecto», van Zeller correu riscos, disse coisas que normalmente as pessoas têm medo de dizer e, sobretudo, fez a Confederação regressar a uma prática mais construtiva.
Contra a posição maioritária dos seus pares, subscreveu o Código de Trabalho porque, embora sabendo que o país precisava ir mais além na reforma do mercado laboral, percebeu que era melhor alguma que nenhuma.
Mas ninguém espere que seja van Zeller o homem que vai mudar o essencial. Porque, no essencial, ele está ao lado daqueles que não querem que mude absolutamente nada. O entusiasmo com que mobilizou a turma do «manifesto dos 40», a forma como alinhou nas teses mais ortodoxas desse movimento, é elucidativo dos seus compromissos óbvios com o ‘establishment’.
Dito de outra forma, van Zeller não está entre aqueles que devem ser varridos imediatamente. Mas é bastante improvável que seja ele a pegar na vassoura e fazer a renovação que a sociedade e a economia precisavam ver nas organizações empresariais.
Não é grave, portanto, que o actual líder da CIP por lá continue mais três ou quatro anos. Grave é o facto de ele se ter tornado um inevitável sucessor de si próprio. Graves são as razões que inviabilizaram a passagem de testemunho, que o próprio num primeiro momento reconheceu ser normal e desejável.
Era Diogo Vaz Guedes quem protagonizava a renovação que ele mesmo começou por reivindicar. Foi Diogo Vaz Guedes que, entre a sua geração, ganhou o estatuto de candidato natural às próximas eleições da CIP.
Era e foi. Porque, como é óbvio e evidente, deixou de o ser no exacto minuto em que anunciava ao país o negócio firmado entre a sua família e os espanhóis da Sacyr. É impensável, a nossa sociedade não está estruturalmente preparada, para que o máximo representante dos seus industriais seja um assalariado de um grupo espanhol.
Como é que o presidente da CIP pode ser espanhol? Não pode. No entanto, já ninguém se importa com o facto de o eterno presidente da AIP, o comendador Rocha de Matos, ter um percurso empresarial que dá mais cadastro que curriculum. Mas é assim: estamos a reagir contra os espanhóis, mas continuamos tolerantes com a nossa mediocridade.
Todo o Homem tem um preço, nem que seja uma lata de atum
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