Re: BCP não acompanha aumento de capital do Sabadell

Edepista Escreveu:Disse-o em entrevista Jatdim Gonçalves.
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Proposta do Sabadell supera a CGD em 100 milhões de
Aumento de capital do Sabadell contraria estratégia do BCP
19-12-2003, Maria Teixeira Alves, mtalves@economica.iol.pt
A estratégia do Millennium BCP passa pela focalização internacional nos dois mercados Polónia e Grécia e pelo reforço dos fundos próprios através, entre outros, da alienação de outras participações internacionais (incluindo Sabadell). Investir 76 milhões no aumento de capital do Sabadell contraria essa estratégia. O BCP prepara-se para não acompanhar.
Cada vez mais próximo de ser o vencedor do concurso para a venda dos 68,5% que os árabes ABC detêm no Banco Atlántico, o Banco Sabadell prepara-se para aumentar o capital em cerca de 900 milhões de euros segundo estimativas dos analistas espanhóis. O BCP (Millennium BCP) sendo accionista com 8,5% terá de decidir se acompanha ou não esse aumento, investindo para tal cerca de 76,5 Me.
Segundo soubemos, o BCP prepara-se para não acompanhar o referido aumento do seu accionista espanhol. Isto porque contraria a estratégia delineada pelo banco português e apresentada em Fevereiro deste ano.
Fonte do Grupo referiu que é “um problema que ainda não se nos colocou e por isso não nos pronunciaremos”.
Mas é preciso não ignorarque o banco liderado por Jardim Gonçalves, após o aumento de capital de 930 Me, anunciou que a estratégia futura passava pelo reforço dos fundos próprios através (entre outros) da alienação de activos internacionais não estratégicos. ”O BCP acaba de entrar num novo ciclo”, era referido. A sua estratégia passa pela focalização internacional nos dois mercados Polónia e Grécia, as restantes participações internacionais poderão ser alienadas (o que pode incluir por exemplo a participada em Macau, soube e a participação de 8,5% no espanhol Banco Sabadell). Logo o acompanhamento de um reforço do capital (ainda por cima para comprar um activo que o BCP já manifestou ser excessivamente caro) contraria esta estratégia.
Recorde-se que o BCP e o Sabadell eram parceiros no Activo Bank, tendo tal sido desfeita no final do ano passado. Paralelamente, a partir de 1 de Janeiro de 2003, a participação no Banco Sabadell deixou de ser consolidada no BCP.
Mas apesar de em teoria a participação no Sabadell ter deixado de ser estratégica, a verdade é que Jardim Gonçalves nunca assumiu claramente a sua intenção face à participação no banco espanhol. Esta semana voltou a ser questionado sobre o assunto do reforço de capital do Sabadell e respondeu que “o BCP concorda que o Sabadell faça uma proposta para controlar o Atlántico”. O plano de financiamento dessa operação, acrescentou, caberá à equipa de gestão do Sabadell. Recusando-se a dizer se ia ou não acompanhar o aumento para manter a posição relativa. Mas questionado sobre o desinvestimento no Intesa e no Sabadell, Jardim Gonçalves disse que nada se fará “sem comum acordo” e no “melhor momento”.
Para os analistas e para fontes ligadas às instituições em causa o BCP pretende não acompanhar o aumento do Sabadell. No entanto poderá ser chamado a tal pelo banco espanhol que no início deste ano respondeu positivamente ao apelo de Jardim Gonçalves para acompanhar o aumento de 930 Me. Tendo apenas reduzido a sua posição relativa de 3,36% para 3,12%. O Banco Sabadell exerceu os direitos que detinha, num investimento de 29 Me.
Esta semana os analistas do BPI ficaram surpreendidos com o facto de o BCP poder estar disponível para acompanhar o aumento de capital de 900 milhões de euros que o Banco Sabadell irá realizar caso vença a corrida ao Banco Atlántico. tal como avançou o Diário Económico. “Ficámos de alguma forma surpreendidos, uma vez que, até aqui, todos os sinais apontavam para uma redução gradual das participações cruzadas entre os dois», sublinha .
Sabadell ultrapassa CGD
O Banco Sabadell deve ser o vencedor do concurso, intermediado pelo DeutscheBank, para comprar o Atlántico, dado apresentado uma oferta superior em 100 Me à da CGD segundo noticiou ontem o «Wall Street Journal». Citando fontes próximas do processo, o jornal afirma que o Sabadell e o Arab Banking Corporation ainda não chegaram a acordo, mas que o banco espanhol é o favorito para adquirir o Atlántico. O Sabadell encontra-se num estado avançado de conversações para comprar o Atlantico, por 1,5 mil milhões de dólares, refere a mesma notícia. A decisão é tomada amanhã.
Segundo uma notícia desta semana do «Expansion» a CGD e o Sabadell foram os únicos que se mostraram dispostos a elevarem as suas ofertas, depois do convite para tal feito pelo Deutsche Bank.
Não se conhecem os valores oferecidos mas a Agência espanhola EFE referia no início da semana, e citando fontes financeiras, que o Sabadell terá oferecido 1,55 mil milhões de euros pelo controlo do Banco Atlántico, pelo que é apontado como favorito neste processo. A EFE dizia também que o banco deverá duplicar o seu capital recorrendo a fundos próprios para financiar o restante investimento na operação.
A EFE dizia que tinham ficado para trás outros concorrentes como o Barclays, o Unicrédito, o belga Fortis e a CAM.
Ainda a imprensa espanhola desta semana afirmava que também as famílias que são accionistas de referência do grupo catalão Olius, Corominas e García Planes pretendem manter as suas participações no Sabadell. O accionista La Caixa com 15% também deve aompanhar o aumento. A realizar-se o aumento de capital este deverá ser colocado pelo JP Morgan e pelo Chase Manhattan, instituições que segundo a agência de notícias EFE poderão ficar com os títulos Sabadell que acabarem por não ser subscritos pelos actuais accionistas do banco.
CGD precisa ainda de emitir dívida
O Governo português já aprovou a possibilidade de a Caixa Geral de Depósitos realizar um aumento de capital de 400 Me para financiar a aquisição do banco espanhol, caso seja a vencedora deste concurso.
Entretanto a CGD conta com um encaixe de 310 Me (o que dá 30 Me em proveitos, que entram para capitais próprios) por via da venda da sua participação de 13,5% da GalpEnergia à REN. No entanto mantêm-se a necessidade de para além do aumento de capital, emitir dívida para comprar a Atlántico. caso isse se venha a proporcionar.
O Atlántico e o cartel
da Colômbia
Entretanto, na semana passada, o Financial Times referia que os bancos que estão na corrida para a aquisição do Atlántico entre os quais se encontra a CGD - estariam preocupados com os procedimentos de controlo e gestão de risco do banco espanhol, que foi já investigado pelas autoridades norte-americanas, por ter concedido um empréstimo a um cartel de droga da Colômbia: uma notícia divulgada pelo «Financial Times», que cita fontes ligadas ao processo. Os bancos interessados no Atlántico terão descoberto durante o processo de due diligence, que as autoridades norte-americanas, entre as quais o FED, investigaram o banco espanhol em nos anos 90, devido às relações que este mantinha com um cartel de droga de Cali e uma família suspeita da Venezuela, cujo líder está preso por fraudes. As autoridades americanas determinaram em 1999 que o Atlántico corrigisse «as violações das leis e dos regulamentos» que a dependência do banco nos EUA estava a praticar. Fontes consultadas pelo «Financial Times» afirmam que estes problemas no Atlántico podem ainda ser maiores, dado serem fracos os procedimentos de controlo do banco.
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