Caro JAS e restantes amigos,
Em relação ao ajuste cambial dos indices, eu já expliquei exaustivamente acima, a razão porque isso não faz sentido (do ponto de vista da análise técnica de um gráfico) devido à natureza das bolsas, devido ao que os índices REALMENTE SÃO, fazendo sentido, isso sim, para um investidor estrangeiro, que quer saber o seu ganho real nessa bolsa de moeda diferente, no momento de liquidar os seus activos e transportar os lucros para a sua própria moeda. Mas até tu deves concordar comigo, que não interessa nada a um investidor americano na bolsa americana, traduzir o seu próprio indice noutra moeda qualquer... não tem interesse algum PARA ELE, logo, um analista técnico americano, ao analisar um indice americano, nem sequer pensa em ajustar o seu indice a qualquer outra moeda. Não lhe interessa NADA.
Quanto ao investidor estrangeiro (p.ex. um Europeu), na bolsa americana, actualmente tem à sua disposição instrumentos de cobertura de risco quanto às flutuações cambiais. Assim, ele poderá vender futuros do Dólar contra o Euro, na mesma proporção do investimento líquido em Dólares que fez nessas acções, para se proteger das flutuações cambiais adversas. FOI PARA ISTO, QUE OS FUTUROS FORAM ORIGINALMENTE CRIADOS, para cobertura de risco, e não apenas para fins de trading e especulação, como é no fundo, a assumpção errada da maioria das pessoas que não conhecem a finalidade e a história dos "futuros".
Assim, voltando ao exemplo, assumindo que a bolsa americana sobe, mas o Dólar desce contra o Euro. O investidor não se preocupa: o investidor recolhe o lucro em Dólares, obtido pela venda dos títulos e recolhe igualmente o lucro obtido pela posição "short" em futuros do Dólar contra o Euro, que deverá ser suficiente para "apagar" o efeito da perda cambial obtida no Dólar contra o Euro. E se acontecer o contrário? Ganha igualmente na bolsa americana, mas o Euro desvaloriza-se contra o Dólar, o que acontece? Se não tivésse vendido os futuros do Dólar, ele ficaria muito contente, pois acumularia os 2 lucros: o da bolsa e o da diferença cambial. Mas como vendeu os futuros do Dólar contra o Euro, ele perdeu nesses futuros o lucro exacto obtido pela valorização do Dólar contra a sua própria moeda, anulando-se assim um ao outro. É esta a finalidade dos futuros cambiais: "apagam" o efeito cambial, mas também não te deixam "ganhar duplamente" numa bolsa estrangeira, caso a bolsa e a moeda desse país subam ao mesmo tempo. É como se investisse na sua própria bolsa nacional, no fundo.
Simples, não é?
E como é minha convicção, que devido às correspondências quase perfeitas entre os mínimos e máximos relativos das diferentes bolsas mundiais e dos respectivos pontos principais de inversão de tendência, não existem presentemente várias, mas sim, uma única bolsa mundial, bastaria, no fundo, fazer uma análise técnica desse INDICE MUNDIAL e como tal, também não faz sentido ajustar um indice mundial a qualquer moeda individual.
É verdade que vivemos presentemente num mundo globalizado, e que até os investimentos não fogem a esta realidade da globalização. Daí que exista tanta correspondência entre os diferentes índices bolsistas. Correspondência exacta, repito, nos pontos principais de inversão de tendência, e não exactamente nas dimensões dos movimentos que cada bolsa faz após atingir esses pontos de inversão comuns. Apesar de os fazerem na MESMA direcção. E isto é o que é importante: Pois é na detecção de tendências que está o coração da Análise Técnica. "the trend is your friend"...
Segunda parte: O efeito da Inflacção.
Certamente tens conhecimento que umas das premissas principais da Análise Técnica, é a plena convicção de que os mercados (isto é, os gráficos dos indices) já englobam todo o conhecimento que existe a um dado momento da soma de todos os intervinientes nesse mercado, seja conhecimento a nível dos fundamentais macro e micro económicos, seja de expectativas ou até simples boatos. Tudo isto está SEMPRE incorporado no mercado a todo o momento, pela acção dos diferentes intervinientes no mercado, adeptos das mais diferentes formas de análise e possuidores dos mais diversos conhecimentos sobre os fundamentais/planos/expectativas mesmo que seja "informação inside", não disponível para todos os intervinientes. Só o facto destes saberem, as suas posições na bolsa vão reflectir imediatamente o que eles sabem, o que vai influenciar o resto dos investidores, todo este processo acontece em tempo real, instantaneamente.
Convictos desta realidade, os analistas técnicos, consideram um gráfico como o seu "Deus" (perdoem-me o sacrilégio). Para um analista técnico, UM GRÁFICO É TODA E A UNICA REALIDADE QUE EXISTE, a realidade mais pura e objectiva que existe, e eles acreditam, que da sua análise, pode-se inferir com grande rigor, a direcção MAIS PROVÁVEL para o rumo futuro do mercado.
Assim, e aludindo à tua questão... Devemos ou não, ajustar um gráfico de um indice bolsista ao efeito da Inflacção?
Também não.
Porquê? Porque o efeito (aliás, EXPECTATIVA) da subida da inflacção, e da correspondente subida nas taxas de juro, também ele está JÁ ESTÁ INCORPORADO no preço das acções. Ou não seria o aumento das taxas de juro um dos maiores fantasmas que fazem cair as acções... O mercado antecipa o aumento da inflacção e das taxas de juro muito atempadamente, imediatamente, constantemente e em tempo real. Assim, não é comum assistirmos a uma subida prolongada das bolsas num ambiente de subida prolongada das taxas de juro. Muito pelo contrário! E assim, o exemplo hipotético que deste da subida de 20% da bolsa num ambiente de aumento de 50% da inflacção, não é muito verosímil.
Mas a questão que quero salientar nem está no teu exemplo... o Facto é que é preciso entender e compreender o que é um índice bolsista! Um índice bolsista, não é precisamente um índice de preços, sujeito às regras da inflacção e por isso é preciso ajustá-lo... Nada disso. Um índice bolsista é antes de mais um indice do estado PSICOLOGICO das pessoas, como já argumentei incessantemente em todos os meus posts! É nisto que eu acredito PROFUNDAMENTE.
E esta é uma ideia fundamental na qual baseio a minha previsão "negra" para os próximos anos desses "indices" bolsistas (ou na minha linguagem, os próximos anos negros na psicologia e estado de 'humor' das pessoas).
A economia não melhora sem melhorar o optimismo das pessoas, porque a economia É O SENTIMENTO das pessoas! Mesmo que segundo as fórmulas dos livros, tudo já esteja em "teoria", prontinho para um arranque imparável das economias e das bolsas. Sem melhorar a psicologia dos investidores a nível mundial, as bolsas também não subirão muito mais! Esta é uma realidade indismentível, que o futuro próximo vai-se encarregar de demonstrar!
Mas os "poderosos" já reconhecem isto que eu estou a dizer... a própria ministra Ferreira Leite diz: "a economia só melhora quando melhorar a confiança dos agentes económicos".
Por outras palavras, o futuro bem-estar material de todos nós, da nossa comunidade planetária (desde os comuns cidadãos-consumidores aos empresários-investidores), ESTÁ DEPENDENTE do estado de optimismo DESSA MESMA COMUNIDADE! O que é uma conclusão apaixonante! Um círculo vicioso, uma pescadinha de rabo-na-boca!
Voltando à analogia do doente depressivo. Neste momento, somos todo um Mundo deprimido, somos uma única consciência colectiva DEPRIMIDA. E é por isso que não nos conseguimos pôr de pé e andar para a frente. A solução para isto? Bom, se de uma pessoa individual doente se tratásse, bastava receitar-lhe um "Prozac". Mas onde está a consciencia extra-terrestre, capaz de nos dar esse "Prozac" que todos nós precisamos neste momento? Não existe, que nós saibamos! (mas isto fica aberto a discussão).
Sendo assim, vai ser preciso ter de confiar na passagem do tempo, e confiar, ou "TER FÉ", que o "doente", todos nós (a economia, se preferirem), se consegue auto-curar! Só que nós sabemos do exemplo da vida real, que um doente fortemente depressivo (ainda não chegámos a esse nível de depressão colectiva, mas para lá caminhamos), se não for assistido, corre o sério risco de fazer actos irracionais, se auto-mutilar, e num extremo, até se suicidar! E se a minha analogia estiver certa, e existir realmente esta actual consciencia colectiva global e planetária num estado progressivamente mais depressivo, nós corremos sérios riscos de não sobrevivermos como Espécie.
Até o Ertai disse... a futura prevalência da nossa Espécie na superfície deste planeta, não está nada assegurada. E qualquer pessoa sabe isso consciente ou inconscientemente (basta ver a tendência incessante do aumento da poluição do planeta, da proliferação nuclear e de armas biológicas, dos extremismos e fundamentalismos). Logo, o cenário de um fim catastrófico para a humanidade (para os indices bolsistas, se preferirem), é uma possibilidade absolutamente nada irreal, nada da "ficção", e até está de acordo com as minhas análises técnicas do gráfico secular da bolsa (i.e., o gráfico da psicologia humana).
Mais um aspecto que abordaste... e que se prendia com o efeito da globalização que justificaria a correspondencia perfeita nos ultimos anos entre as diferentes bolsas mundiais, mas que esse efeito de sincronia desapareceria ENTRE AS DIFERENTES BOLSAS MUNDIAIS, com o tempo. Só tenho a dizer: Concordo contigo perfeitamente.
Seria preciso recuar muito no tempo, para descobrir o ponto em que a "psicologia" do povos nativos da América do Norte e da Europa começaram a estar interligadas (ou na linguagem corrente, que ambas as bolsas entraram em sintonia). Talvez só apartir da época de Colombo! Sim, antes disso, poderíamos ter uma Europa medieval socialmente e psicologicamente deprimida (como está hoje), e os Indios, isolados da nossa realidade e estado de espírito, viviam na sua terra todos felizes da vida, a caçar bisontes e a fumar ervas nos seus cachimbos!
É claro que há uma altura em que as duas realidades entraram em sintonia, até chegarmos à sintonia que existe hoje em dia. Mas pelo menos é admissível que no inicio do século XX, ambas as realidades dos mercados de ambos os países (isto é, o estado psicológico de ambos os povos), já estavam razoavelmente sincronizadas. Eu ponho esta assumpção porque não tenho dados históricos das bolsas Europeias do ínicio do Século XX, apenas tenho dos EUA, logo não posso afirmar com toda a certeza. Mas não importa muito: O que é um facto é que pelo efeito da massificação cultural e dos meios de difusão das noticias e da cultura, HOJE existe sincronia perfeita.
E se o longo bullmarket secular nos EUA de 28 mil porcento desde 1903, terá de sofrer uma correcção proporcional a essa subida, nem a Europa, nem nenhuma parte do mundo, concerteza que ficarão incólumes, como aliás, vimos desde Março de 2000 até 2003 (até o Brasil caiu 40% nesse período). Porque hoje, todos somos um só, a nível mundial.
Agarrem-se bem! Os gráficos dizem que futuro pode trazer transformações (já começámos a ver em 11/2001), que ainda vão surpreender milhões de pessoas!
Até lá, procurem ser felizes,
Um abraço.
Disclaimer: Estou muito convicto

... mas também posso estar errado!
