Nos extractos do Charlie e do WB não vejo nada que contradiga a ideia de comprar barato, em termos de fundamentais, pelo contrário, parece-me que estão a dizer isso mesmo.
No caso da 1º citação o que está dito é que (também) tem de ser "boas companhias" (e nós sabemos o que eles entendem por isso: bons negócios, boa gestão, etc.). Nesse caso, uma vez compradas (baratas) podem ser mantidas mesmo que as cotações se aproximem do valor fundamental, pois é de esperar que esse valor vá subindo com os tempos.
Para mim, essa abordagem é demasiado passiva, e apropriada só para quem tem rios de dinheiro.
Quem tem menos deve vender quando as cotações já atingiram o valor "justo" em termos fundamentais, e entrar noutras oportunidades que nessa altura estejam baratas.
Nota importante: Esta abordagem de escolher empresas baratas em termos fundamentais e que simultaneamente estão bem geridas, etc. e ir fazendo vendas e entradas noutras empresas, é mais fácil para um investidor pequeno do que para a BH.
A maioria das empresas muito boas que estão bem abaixo dos valores fundamentais são empresas pequenas e pouco conhecidas. (Por isso a grande maioria dos investidores nem olha para elas, e a ineficiência das cotações demasiado baixas pode surgir e aguentar-se algum tempo, enquanto se muitos investidores olhassem para elas essa ineficiência seria impossível).
Eles (e a BH) não conseguem fazer investimentos nesse tipo de very-small-caps, porque não estão interessados em perder muito tempo a estudar uma empresa para investir aquilo que para eles são uns tostões...
No caso da segunda citação isso aparece totalmente explícito:
O que ele está a dizer é: "Neste momento (suponho que essa citação tem 3 anos ou 4 anos, e foi feita numa das cartas aos accionistas no tempo do final da bolha) não vejo boas oportunidades para fazer compras bem abaixo do valor fundamental. Essas oportunidades eram mais fáceis de encontrar há uns anos..."
Por isso a BH passou os tempos da bolha (pelo menos dos seus anos finais) quase sem fazer compras.
Mas nos USA é fácil encontar 5000 empresas cotadas, e algumas das mais pequenas estão bem baratas.
O que ele quer dizer é:
Face aos volumes de investimento que nos interessam, não conseguimos encontar empresas baratas. (Por isso não compramos, e temos montes de cash em stand-by...)
Quanto a uma "carteira" de sugestões que correu mal...
Bom, a AF não é trivial, senão todos a conseguiriam fazer bem e as minhas competências valeriam muito pouco...
Mas essas sugestões são completamente estúpidas. Basta ver a quantidade de .com que são citadas.
Isso eram apostas especulativas do tempo da bolha, não empresas escolhidas com base em critérios de AF...
