
16 de Novembro de 2003
2003-11-16 00:00:00
Primeira entrevista em liberdade
DESCENDENTES DE ALI BABÁ
O jornalista Carlos Raleiras, 33 anos, deu ontem a sua primeira entrevista em liberdade à rádio onde trabalha, a TSF. Extraímos algumas passagens marcantes.
É claro que nós sabíamos das dificuldades. O contigente da GNR e as tropas britânicas disseram que não havia condições de segurança.
Ao primeiro ou segundo tiro partiram o vidro de trás do jipe.
Ao longo deste dia e meio tive a sensação de que estive praticamente sempre na região de Safoan.
O dinheiro que estava comigo foi roubado, a aliança que tinha no dedo foi roubada, curiosamente olharam para o relógio, como que em ar de gozo e disseram que “não vale a pena”.
Perceberam que tinham em poder um jornalista em poder e tentaram tirar partido.
A partir daí levaram-me o telemóvel, fiquei às escuras naquele barracão e não sei mais o que é que aconteceu.
Não houve mais sinal até que me deixaram, depois de me dizerem que ia ser libertado.
Encontrei-me num sítio desconhecido , numa noite completamente cerrada.
Estava a andar por uma zona que eu tinha receio que pudesse estar minada. Fui a pisar areia que estava mais ou menos pisada.
Fui dar a uma casa. Bati à porta, disse quem era e as pessoas acolheram-me. Disponibilizaram o telemóvel. Ofereceram-me de jantar. Fui tratado como um autêntico príncipe.
O grupo era organizado, havia um carro que nos perseguia e havia um outro com outros elementos.
Eles próprios diziam que quando eu fosse para Portugal devia dizer que estive com os descendentes de Ali Babá e os 40 ladrões.
Eles meteram-me na mala do carro, taparam-me com vários cobertores, num espaço muito apertado e depois começou a aquecer. Foi talvez o momento em que acabei por me sentir pior em condições fisicas.
Fui bebendo água e comendo algumas bolachas que eles me deram e fizeram alguma insistência para que me fosse alimentando.
Não fui maltratado, no sentido que não fui molestado fisicamente.
Outros diziam: Portugalia? Ah Luís Figo! E conheciam perfeitamente Luís Figo e Rui Costa.
Agora só falta mesmo cumprir a missão que me trouxe ao Iraque e acompanhar o desenvolvimento da instalação dos elementos da GNR em Nassíria.
2003-11-16 00:00:00
Primeira entrevista em liberdade
DESCENDENTES DE ALI BABÁ
O jornalista Carlos Raleiras, 33 anos, deu ontem a sua primeira entrevista em liberdade à rádio onde trabalha, a TSF. Extraímos algumas passagens marcantes.
É claro que nós sabíamos das dificuldades. O contigente da GNR e as tropas britânicas disseram que não havia condições de segurança.
Ao primeiro ou segundo tiro partiram o vidro de trás do jipe.
Ao longo deste dia e meio tive a sensação de que estive praticamente sempre na região de Safoan.
O dinheiro que estava comigo foi roubado, a aliança que tinha no dedo foi roubada, curiosamente olharam para o relógio, como que em ar de gozo e disseram que “não vale a pena”.
Perceberam que tinham em poder um jornalista em poder e tentaram tirar partido.
A partir daí levaram-me o telemóvel, fiquei às escuras naquele barracão e não sei mais o que é que aconteceu.
Não houve mais sinal até que me deixaram, depois de me dizerem que ia ser libertado.
Encontrei-me num sítio desconhecido , numa noite completamente cerrada.
Estava a andar por uma zona que eu tinha receio que pudesse estar minada. Fui a pisar areia que estava mais ou menos pisada.
Fui dar a uma casa. Bati à porta, disse quem era e as pessoas acolheram-me. Disponibilizaram o telemóvel. Ofereceram-me de jantar. Fui tratado como um autêntico príncipe.
O grupo era organizado, havia um carro que nos perseguia e havia um outro com outros elementos.
Eles próprios diziam que quando eu fosse para Portugal devia dizer que estive com os descendentes de Ali Babá e os 40 ladrões.
Eles meteram-me na mala do carro, taparam-me com vários cobertores, num espaço muito apertado e depois começou a aquecer. Foi talvez o momento em que acabei por me sentir pior em condições fisicas.
Fui bebendo água e comendo algumas bolachas que eles me deram e fizeram alguma insistência para que me fosse alimentando.
Não fui maltratado, no sentido que não fui molestado fisicamente.
Outros diziam: Portugalia? Ah Luís Figo! E conheciam perfeitamente Luís Figo e Rui Costa.
Agora só falta mesmo cumprir a missão que me trouxe ao Iraque e acompanhar o desenvolvimento da instalação dos elementos da GNR em Nassíria.