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Caldeirão da Bolsa

A Teoria dos Três R´s

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Boa idéia

por artista_ » 15/11/2003 16:03

Tenho uma prenda em atraso para um amigo e estou com falta de idéias... ora aqui está uma!!! depois até lhe posso pedir o livro emprestado!!!

bom fim-de-semana
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A Teoria dos Três R´s

por Comentador » 15/11/2003 14:07

Será agora que a nossa EDP arranca? O Euro não consegue por agora subir mais um pouco e vai fazer uma correcção para ganhar forças? A situação político-económica japonesa impõe neste momento um acompanhamento mais apertado? E, muito importante, o ouro vai mesmo passar os 400 dólares como se fosse uma flecha?…

Estas e outras questões necessitam de resposta, acompanhamento e acção.

Mas a vida é só isto? Claro que era bom que pudéssemos viver dos ganhos nos mercados financeiros, mas mesmo assim, há mais coisas, existem outros interesses, é imprescindível alargar os horizontes!

Vamos mesmo abrir um parêntesis na nossa vida semanal e fazer uma pequena sessão de relax, aplicando o sistema dos 3 R´s do trader de sucesso (Rest, Relaxation, Research).

Então vamos falar de viagens? Bolas, isso é um bocado banal. Não, eu gosto mesmo é de as fazer, vamos escolher outro tema!

Discutir a nossa situação política e a contribuição do nosso país no esforço para estreitar os laços … bla bla bla bla bla bla … Bem, isso não vai descontrair nada, até porque há alguns dramas em curso. O melhor é ficar para uma outra vez.

Ahh! Já sei, desporto… talvez futebol, estão interessados em futebol? Não? Porque é outra vez uma misturada de política e … pois, é melhor não. Se calhar podíamos falar das outras modalidades desportivas, agora que começam a estar próximos os Jogos Olímpicos. Mas, talvez, não mencionando aquele novo produto que afinal era tão dopping ou mais que os outros todos. Mas assim não fica quase nada para falar, não é? Também me parece!

Estou a ver, não têm coragem de confessar, mas o que gostavam mesmo era de uma boa dica, de uma opinião certeira, de dados que justificassem aquela subida desafiadora ou aquela descida quase infame, com bases técnicas e fundamentais tão promissoras.

Mas não, não me convencem, agora vamos mesmo fazer um intervalo. E como não há alternativa, vou mesmo falar de um das raras coisas que neste ano da graça de 2003, me interessou e entusiasmou. Estou a referir-me ao livro “Equador” de Miguel Sousa Tavares.

Fiz a leitura deste livro, com mais de 500 páginas, de uma forma mais do que interessada, avassaladora, quase obsessiva, não descansando enquanto não o terminei. Eu sou um crónico leitor de inícios de livros - que são depois postos de lado, de livros corajosamente levados até metade – que depois ficam para acabar mais tarde, de livros policiais desprezados – excepto de dois ou três autores, de livros escolhidos até à exaustão – sempre com um critério muito apertado. É por isso que ter gostado tanto do “Equador” é um caso fora do comum, que só me acontecia quando lia, em criança, Emilio Salgari, e depois, já quase adulto, Eça de Queiroz.

Para mim o livro é extraordinariamente interessante a vários níveis.

Primeiro, porque a sua escrita é sempre inteligente, criando um ambiente de realismo quase palpável. E isso ligado a um estilo fluente e sólido, com desenvolvimentos inesperados, que faz com que acompanhemos a acção com interesse crescente.

Para além disso, o tema, que partiu de uma situação verídica, é de uma densidade assombrosa, com uma história tão humana quanto heróica, e que merece ter sido romanceada a tão alto nível.

Sousa Tavares, anda talvez a perder-se na sua função qualificada mas menos importante de comentador. Ele, que discorre e emite opiniões sobre os mais variados casos e assuntos do nosso país, numa tarefa árdua e que provoca muitos ódios de estimação, não pode dessa maneira ficar com o tempo e a paz de espírito suficientes para ser o romancista que ele pode ser.

Mas voltando ao livro, um dos seus aspectos centrais vai buscar muito à condição de ser português, daquele que tenta cumprir os ditames da honra como primeiro objectivo. Mas na vida, não basta pensar que se tem razão, é preciso algo mais, ver mais longe. É necessário ter uma percepção muito clara sobre a viabilidade da reacção dos outros: será que eles poderão, quererão ou estarão dispostos a ser convencidos da nossa razão?

No plano estritamente individual, se em consciência pudermos antever que as nossas certezas não têm condições de vingar, só há uma saída: seguir outro caminho e não ter que dar contas a ninguém.

Um abraço e bom fim de semana

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