Amigo Cem,
É sempre com prazer que leio os teus artigos sobre Sistemas embora seja raro particicipar na discussão pela simples razão de não os utilizar nem estar a pensar fazê-lo.
Costumo comparar os sistemas com a navegação automática. É muito cómoda e eficiente mas tira-nos o gozo de pilotar...
(Até acredito que um bom sistema me poderia gerar mais lucros mas, se eu consegui passar a ter tempo para estar na bolsa on-line, com que é que eu me ia divertir?)
Sobre o que escreveste vou apenas fazer alguns comentários sobre uns pontos sobre os quais, com sistema ou sem sistema, interessa sempre meditar tendo em vista o aumento da eficácia.
Cem Escreveu:A explicação do uso com sucesso de indicadores de tendência com resultados no longo prazo acaba por não ser surpreendente, visto que acaba por ser a materialização das grandes entradas ou saídas ( inflow e outflow) da enorme massa diferencial dos capitais que são injectados nos mercados. O trader limita-se a usar sempre posições a favor desse caudal.
Não há aqui nada de mágico na forma de obtenção de mais lucros do que prejuízos, os sistemas com sucesso só resultam porque seguem a corrente dominante direccional por onde entram ou saem os capitais que na realidade fazem mexer e movimentar os mercados sob a forma de tendência. Nadar a favor da corrente é a única realidade que gera retornos positivos. Nadar o máximo de tempo na direcção dessa corrente dominante é a resposta reactiva que um bom sistema de trading tem de gerar(...)…
Este tema da entrada e saída de capitais é confuso para muito boa gente (na qual não estás englobado...)que continua a raciocinar como se, de facto, o dinheiro passasse ou deixasse de estar no mercado. Não me canso de insistir que o dinheiro dentro do mercado é sempre o mesmo, que quando alguém compra é porque alguém vende, e que o dinheiro que alguém meteu messa operação é exactamente igual ao dinheiro que alguém tirou.
Isto apenas para fazer notar que o que é importante, como muito bem dizes, é conseguir determinar de que lado estão os detentores dos capitais que fazem as grandes entradas ou as grandes saídas e que são os que geram as inversões das tendências.
Perceber isto até é simples se pensarmos que 1 detentor de 1 milhão de acções pode ter uma estratégia coerente enquanto que 10.000 detentores de 100 acções serão uma amalgama de estratégias muitas vezes até contrárias que não definem qualquer rumo.
Concorde-se ou não com esta explicação para o início da inversão o que interessa é que o sistema a detecte rapidamente permitindo iniciar o trade.
A partir daí, com sistema ou sem sistema, com mais ou menos daytrade para aproveitar algumas correcções, é apenas questão de estar posiccionado de acordo com a tendência e poderemos admitir que os ganhos do sistema ou de um simples utilizador da AT serão similares e poderão ter a mesma eficiência.
Quando se der a reversão da tendência o que interesserá é que o sistema também a consiga detectar mais cedo.
E aqui entramos no que é o ponto chave.
Cem Escreveu:Nadar o máximo de tempo na direcção dessa corrente dominante é a resposta reactiva que um bom sistema de trading tem de gerar(...)…
Estás aqui a meter uma frase literariamente bonita mas julgo que na tua linguagem matemática não estarás a pensar no "máximo de tempo" mas sim em "aprovetar ao máximo a zona mais inclinada".
Para melhorares a eficiência do sistema haverá, portanto, apenas 2 zonas onde podes ser diferente e mais eficiente. Terás que conseguir uma entrada mais cedo, ou uma saída mais cedo, ou ambas o que seria o ideal. E de o fazeres sem reduzir significativamente a % de acertos...
Os analistas socorrem-se de alguns indicadores para tentarem antecipar as inversões e conseguirem esses objectivos.
Mas se o teu objectivo é que o teu sistema consiga bater esses analistas só te resta conseguires detectar os movimentos que fazem variar esses indicadores ainda mais cedo do que eles.
E o mais cedo que podes conseguir será no exacto momento em que acontecem.
(antes de acontecerem só com inside news...)
É por essa razão que hoje em dia eu dou maior importância aos cofres e dedico mais tempo a observar o que se passa nos títulos que me interessam.
Não propriamente ao volume acumulado das ordens ou à sua quantidade mas à sua variação. E o que me interessa não é a variação quantitativa mas sim a qualitativa.
Se vemos, em determinado título, que houve 1000 tipos que compraram 1000 acções cada um e que do outro lado houve igualmente 1000 tipos com quantidades similares o resultado daquela negociação de um 1 milhão será, muito provavelmente, a manutenção da tendência em curso.
Mas se conseguirmos descobrir que foram 1 ou 2 tipos que limparam ou impingiram o mesmo milhão aos tais 1000 tipos podemos desconfiar de que estamos em presença dos primeiros sintomas de que algo diferente se vai passar.
E se a cena se repetir algumas vezes, conseguimos "advinhar" que se iniciou a tua "materialização das grandes entradas ou saídas ( inflow e outflow)".
O que se segue ambos sabemos. Na maior parte dos casos gera-se seguidamente o efeito bola de neve que é detectado na AT e no teu sistema. O que tem o inconveniente de só se obter uma confirmação com parametros seguros depois de já ter sido consumida uma parte substancial da tal zona inclinada.
Conseguir descobrir o inflow ou outflow a olho nu e através dos cofres é difícil.
Informaticamente isso parece-me relativamente simples mas implica uma análise contínua e on-line da listagem dos negócios.
O aumento de eficácia compensará o acréscimo de custos derivado dessa informatização e da obtenção desses dados on-line?
(Se compensar tu ficas rico e eu perco o gozo...)
Um abraço,
JAS