Detetado primeiro caso de conflito de interesses no PRR

[djovarius]

Esperava-se uma semana tranquila nos mercados Latino Americanos por influência do feriado norte americano relativo ao Dia da Acção de Graças. De uma maneira geral foi assim, sem grandes eventos políticos a assinalar.
Nos principais mercados, registou-se tranquilidade como no México, enquanto na Argentina a situação ainda é de espera com uma enorme expectativa em relação a futuros acordos com o FMI, considerados essenciais para relançar a frágil economia local.
Mas o mundo continua de olhos postos no Brasil, devido à expectativa criada em torno do novo governo do PT de Lula da Silva. Enquanto se espera pela posse do novo Presidente e enquanto decorrem inúmeras negociações para a formação de base governista sólida, as notícias sobre a economia real deixam transparecer algumas “nuvens negras” para o ano de 2003. O crescimento económico em termos de PIB nos primeiros nove meses de 2002 foi anémico, não tendo sequer atingido 1% ao ano. Mais preocupante foi a revelação dos dados sobre a inflação (valor provisório de Novembro) medida pelo índice IGP-M, utilizado para actualização de contratos e tarifas de bens públicos e essenciais, que ultrapassou os 5% só no mês em curso, sinalizando o regresso à inflação de dois dígitos para os próximos tempos. Há muito que não se falava na TV na possibilidade do regresso à hiper inflação que marcou a década de 80. Essa realidade fez aumentar o receio de uma nova elevação da taxa de desconto do Banco Central que já foi aumentada recentemente para 22% ao ano, enquanto os juros bancários para contas à ordem a descoberto e crédito ao consumo dos particulares já atinge os 160% ao ano. A estes receios, somaram-se ainda as notícias que dão conta do aperto orçamental que será necessário para os primeiros seis meses do próximo ano, uma vez que no período, vão vencer títulos de dívida pública no valor de US$ 60 mil milhões. A avaliar pelo que sucedeu esta semana, os investidores querem que a rolagem dos títulos brasileiros seja feita em prazos muito curtos ou em alternativa com taxas de juro muito elevadas. O título brasileiro em dólar, mais negociado em NY, o C-Bond, continua com um yield muito elevado. Tudo isto levou a que o Real voltasse a cair face ao dólar, interrompendo a trajectória de recuperação iniciada na época da segunda volta das eleições Presidenciais. Recorde-se que o dólar chegou a valer 3,99 reais em Outubro e recuou posteriormente até à casa dos R$ 3,50. Todavia, ninguém quer sequer falar num calote da dívida, alegando que a situação é perfeitamente administrável. A Bolsa de São Paulo foi de alguma forma um sinónimo de estabilidade na semana, tendo tido forte alta de 2,6% na sexta-feira, fechando nos 10.500 pontos. Algumas notícias vindas a público, sinalizam um novo e forte aumento de tarifas de “utilities” como é o caso da electricidade para o consumo doméstico que pode sofrer um aumento muito forte, superior a 20% ainda até ao final do corrente ano, a exemplo do que sucedeu com o gás de cozinha e a gasolina.

Ficam agora os câmbios médios indicativos do Real – fecho de sexta-feira

US$ 1 = R$ 3,65
€ 1 = R$ 3,63


Obs. – Como é a primeira vez que surge este artigo, há que referir que os câmbios indicativos são comerciais e não servem para o câmbio turismo, o qual é mais desfavorável para o turista. Aconselham-se os viajantes para o Brasil a fazer uso de cartão de débito directo nas caixas automáticos dos Bancos que aceitam os mesmos, pois o “spread” é mais favorável do que o do câmbio em dinheiro vivo, situação mais evidente ainda tratando-se de Euros. A maioria dos turistas já o fazem hoje em dia. Na sexta-feira, o Euro Turismo poderia comprar em torno de 3,50 reais.