O IRC incide sobre os resultados anuais e não sobre os trimestrais.
No 4º Trimestre, e consequentemente no final do ano, as provisões realizadas e acumuladas podem ser mantidas ou não.
«O esforço adicional nas provisões é um sinal que os tempos difíceis ainda estão por vir»
Relativamente a esta frase, muito repetida por alguns analistas, ela significa que eles pensam que o BCP fez estas provisões exageradas porque espera um mau final do ano.
Fazer provisões não significa que espere isso... Apenas significa que SE isso acontecer já estará preparado para isso.
E o "isso" poderá ser, por exemplo, uma queda das cotações das empresas onde o BCP tem fortes participações (EDP, BRI, CPR) ou prejuizos nas empresas que entram no balanço consolidado (bancos na Polónia, Grécia e Turquia, Seguros&Pensões, etc).
Se alguma destas coisas acontecer e "consumir totalmente as provisões acumuladas" pode-se dizer que já NÃO vai introduzir qualquer prejuízo nas contas pois JÁ FOI foi anteriormente contabilizado em Provisões e estas serão utilizadas para esse fim.
Se as surpresas forem mais agradaveis e as provisões não forem utilizadas (a tapar buracos...) elas poderão ser anuladas e contabilizadas como lucros.
(julgo que contabilisticamente podem ser constituídas as provisões que acharem melhor. Mas em termos de IRC há limites e julgo que o BCP, dado as enormes provisões que fez o ano passado, já terá ultrapassado os máximos se não as utilizou. O que estiver acima dos limites será considerado como lucros e tributado como tal).
Se em 31 de Dezembro de 2003 as cotações dos títulos detidos pelos Bancos forem inferiores às cotações de 2002(e as participações forem similares) isso, como é obvio, implica prejuízos.
O BCP está preparado para essa eventualidade que me parece remota. Os outros não estão ou não estarão tanto...
Se as cotações forem idênticas ou superiores haverá lucros.
O BCP não utilizará as provisões e isso traduz-se em lucro adiccional. Os outros bancos não terão que anular tantas provisões e, portanto, terão menores lucros adiccionais.
(os prejuízos ou lucros adiccionais referem-se à comparação com as cotações de 30 de Setenbro de 2003 dado existirem resultados trimestrais com as cotações desse dia).
Não me parece que os tubarões estejam a vender acções. O escasso volume durante a queda comprova isso. Parece-me mais natural que se tenham limitado a engolir grande parte do que apareceu em saldos.
Já constatei que existe por aqui pelo Caldeirão um "clube dos longos do BCP" no qual eu me sinto incluído...
Apesar de defender que no curto/médio prazo o BCP me parece uma boa aposta há que reconhecer que a grande aposta teria sido ter vendido a 1,85 e já as ter recomprado na sexta-feira a 1,69...
(Eu não vendi mas reforcei. E, infelizmente, nem sequer foi aos preços mínimos dos saldos...)
JAS