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MensagemEnviado: 12/10/2003 17:08
por Comentador
Caro Flying Turtle,

Embora com muito atraso (cheguei agora de fim de semana), agradeço o post.

Até breve
Comentador

MensagemEnviado: 10/10/2003 9:04
por Flying Turtle
Caro Comentador

Antes de mais, as minhas felicitações por mais um bom contributo para o "pensamento" do Caldeirão :)

Eu não vou à Dinamarca há mais de 10 anos mas, entre os anos de 1987 e 1991, fui lá umas boas dezenas de vezes e exerci lá actividade económica/profissional.

Já nessa altura tive essa mesma impressão daquele País (menos da Suácia, confesso, mas não a conheci tão bem) e, desde então, quanto me perguntam em que outro País eu gostaria de viver e trabalhar, eu respondo imediatamente "Dinamarca". Porquê, perguntam-me, e eu respondo precisamente com os argumentos que apresentas. Já naquela altura, eram impressionantes a consciência social, a rectidão de comportamentos, o nível geral de confiança existente e a quase obsessão de fazer o que se faz bem feito, em todos os aspectos da sociedade, desde o lazer ao trabalho e aos negócios.

E isto, para mim, é qualidade de vida!

Um abraço
FT

Respostas

MensagemEnviado: 9/10/2003 23:41
por Comentador
Caro djovarius,

Ainda bem que gostou. Fico satisfeito por ter conseguido que fizesse um intervalo de descompressão das lides do Forex.


Cara Lybra,

Agradeço as suas palavras. Também meditei no que escreveu: a ironia por vezes é mesmo crua. Não foi deliberado, mas saíu mesmo assim!

Cumprimentos para os dois
Comentador

Sim Sr.

MensagemEnviado: 9/10/2003 16:49
por Lybra
Gostei desse comentário, de uma crueza imensa mas que nos faz pensar.

Quanto ao último paragrafo, Cito uma frase proferida por um ministro no livro "o Conde de Abranhos do grande Eça de Queiroz.

"...O que é bom para a mim é bom para a Pátria..."

E claro que para ser gestor de topo em Portugal não e necessário ter conhecimentos, delinear estratégias, ou preocupação em gerar valor acrescentado para os accionistas. Apenas é preciso ter um Mercedes uma Casa em Cascais e Outra no Algarve e claro de vez em quanto aparecer na revista Caras... :twisted:

MensagemEnviado: 9/10/2003 16:27
por djovarius
Sim, senhor !!

O nosso Comentador está em plena forma.

Delicioso o último parágrafo... para reflectir !

Parabéns pela clarividência

dj

Países à beira de um esgotamento

MensagemEnviado: 9/10/2003 16:06
por Comentador
Com a tranquilidade que deriva da minha experiência, posso testemunhar que todos andam enganados sobre a riqueza dos Países, traduzida pelo simpático indicador conhecido pelo nome de Produto Interno Bruto ou simplesmente PIB (GDP).

Pois deixem-me que lhes diga, desde já, que eu estou deveras preocupado com os PIB´s de muitos países, mesmo da grande maioria deles, à escala do nosso planeta. E, reparem, não vou falar agora nem de valores absolutos nem de valores per capita, que até davam para uns paradoxos interessantíssimos. Vou abordar principalmente o crescimento da riqueza, ou seja, a percentagem de aumento anual do PIB.

Vejam só isto: parece que todos os países estão a crescer, a enriquecer. A China 8% ao ano, o Laos 3%, o Uruguai, 4%, a Espanha 2%, os EUA 4%, Portugal 0,01%, a Nova Zelândia 5%, os Camarões 3,5%. Mas, alguém acredita nisto? Quando há um País mais aflito, com “crescimento negativo”, a coisa é passageira, rapidamente volta ao normal e ás subidas anuais do PIB.

É um verdadeiro mistério. Sim, porque a economia tem aspectos insondáveis, em que até é preciso um pouco de coragem para meter o nariz. Olhamos para a África, pobre, delapidada, emigrada, e o que é que nos dizem as estatísticas? Adivinharam! O crescimento do PIB é positivo, com uma média muito redonda de 3 a 4% (!), acrescentando esses dados que será ainda necessário um maior aumento (!!) para que se diminua o atraso relativo desse continente (!!!).

E isto é só mais um exemplo que vale, com as devidas proporções, para todos os países e continentes com atrasos relativos no seu de crescimento. Claro que eu passo por cima do Iraque, Afeganistão, Yémen, Somália, Venezuela e outros, que ficam de fora destes comentários por uma simples questão de bom senso.

Ás vezes parece-me que alguma coisa me escapa neste permanente crescimento à escala mundial. Eu bem me ponho a pensar humildemente em que cada vez há mais reformados, maior número de jovens sem emprego e multidões de desempregados, muitos deles que há muito desistiram de arranjar trabalho. Por outro lado, nos países mais desfavorecidos, as produções agrícolas, por exemplo, sofrem grandes destruições por motivos climáticos e outros e o respectivo reflexo nas estatísticas não se descortina. Mas dizem-me que, no primeiro caso, os trabalhadores que restam no activo têm uma enorme produtividade e que, no segundo caso, os apoios internacionais compensam esses outros países mais atrasados, equilibrando-os minimamente. Estes argumentos são extremamente interessantes, não acham?

Mas há aqui uma ilusão qualquer, uma grande falácia inter-continental! Já repararam que se uns não trabalham por que não podem, outros porque não querem, ainda outros porque não precisam, como é que a riqueza nasce? São as fabricas a trabalhar em piloto automático, são as máquinas a substituir cada vez mais o homem? São as industrias tecnológicas e de inovação que marcam a diferença? Ah, então se é isso está explicado, não é? Mas, por exemplo, na Ásia toda é assim?

Estamos nitidamente a tender para uma sociedade em que uma pequena minoria tem que trabalhar para que a grande maioria faça ou o que bem lhe apeteça, no género “ agora é que vou ter tempo para ler e viajar” ou, pelo contrário, não faça nada, com um lamento de “e agora o que é que eu vou fazer, aos 39 anos?”.

Estou para ver é quando os chineses chegarem a este nível de desenvolvimento! Já pensaram o que serão algumas poucas dezenas de milhões (uma ínfima parte da sua população total), a “ler e a viajar”? Bom, haverá alguns países (de destino turístico) em sério risco de irem literalmente ao fundo; e que dizer das edições de bolso de livros ocidentais traduzidos para o chinês? Vão fazer-se muitas fortunas, só é preciso acertar com o enredo adequado!

Mas a evolução e o crescimento dos países é uma verdadeira caixinha de surpresas. Ainda não há muitas décadas atrás havia um grupo de países (China, Brasil, Índia, Japão, Austrália, Canadá) considerados como grandes potências num futuro que se pensava anterior ainda ao ano 2000. Está-se a ver o que aconteceu: exceptuando a China, que terá fôlego para isso daqui a várias décadas, os outros lá se vão aguentando, uma vezes melhor outras vezes pior, mas com os mais evoluídos a dispensarem completamente esse objectivo que terá que ser repensado mais cedo ou mais tarde.

Mas, o contrário já aconteceu com uma rapidez incrível. A União Soviética evaporou-se como o vodka, da noite para o dia, e a Rússia passou a desempenhar o papel de parente muito pobre do G-7.

E o que dizer dos Estados Unidos da América, a única superpotência em exercício, a terra dos Kennedy´s e da Marilyn, do clã Sinatra e da Ella Fitzgerald, de Estados tão diferentes como o Utah e a Califórnia, do basebol e do golfe, do futuro e dos futures and options. Pois esses EUA, têm mesmo de tomar cuidado, os problemas às vezes estão mesmo ao voltar da esquina, aparecem de repente e deixam estragos por muito tempo. Gastar muito mais do que se tem, anos e anos a fio, é demasiado arriscado mesmo para uma superpotência. Mas isto somos nós a falar, claro!?

A propósito, o mês passado fui à Dinamarca e é bem visível para toda a gente, que a qualidade de vida deles está centrada mais nas pessoas do que no país. Não querem ter bombas atómicas (que alguns países pobres teimam em obter), nem pretendem efectuar viagens à lua ou ao sistema solar (que continua a ser uma atracção dos que se julgam grandes). Países como a Dinamarca (e a Noruega e a Suécia), só pretendem continuar a ter um dos mais altos níveis de vida do mundo, sem apresentarem qualquer franja de verdadeira pobreza.

Mas enfim, voltar para casa é sempre agradável, neste Portugal em que todos os políticos agora dizem que as instituições funcionam. Se isso é verdade então eu devo ser o Bill Gates disfarçado de Comentador. Neste país que tem gestores de topo que não sabem o que é uma cobertura do risco de câmbio e que julgam que o yield é o nome de um desporto radical, desfrutamos o privilégio de observar tudo o que não funciona com um sorriso nos lábios, com aquela serena esperteza ou o amável desprezo de sabermos bem o que a casa gasta.

Um abraço

Comentador