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Portugal Telecom entrega 1,1 mil milhões de euros

MensagemEnviado: 17/9/2003 3:27
por JAOR
Portugal Telecom entrega 1,1 mil milhões de euros aos accionistas

Ilda Matos


A compra de acções próprias que a operadora telefónica vai efectuar elevará o dividendo a pagar em 40%.

A Portugal Telecom vai despender cerca de 1,1 mil milhões de euros a remunerar os accionistas. Um valor que envolve a compra em bolsa de 10% do seu capital até ao fim de 2004 e os cerca de 200 milhões de euros destinados ao pagamento de um dividendo em dinheiro que a empresa agora fixou em 22 cêntimos por acção – no dia do Investidor admitiu um dividendo entre os 20 e os 22 cêntimos por acção, segundo disse ao Diário Económico Miguel Horta e Costa, presidente da empresa.

De acordo com o responsável, a PT deverá concretizar ainda este ano a compra de um lote significativo de acções no âmbito desta operação, que estava estava projectada desde Abril, quando a operadora pediu à assembleia de accionistas autorização para comprar 10% de acções próprias. O facto de a conjuntura se apresentar algo difícil levou a que a empresa adoptasse uma postura conservadora quanto à remuneração dos accionistas. Os bons resultados conseguidos pelo grupo em Julho e Agosto acabaram por dar sinais de que o negócio estava a recuperar e permitiu à PT avançar neste sentido.

Segundo Miguel Horta e Costa, com a operação de compra de acções próprias a PT eleva o dividendo a pagar aos accionistas em cerca de 40%. A opção por este modelo em detrimento de um pagamento de um dividendo extraordinário em dinheiro pretende evitar uma subida repentina do dividendo, que se pretende que tem que ser estável e progressiva. De outro modo, na opinião de Horta e Costa, os investidores poderiam passar a ver a PT «como uma empresa de yeld e não uma empresa de crescimento, e não é assim».

As expectativas para o final são favoráveis, o que reforça a convicção da PT de que poderá chegar a Dezembro com a sua dívida na casa dos 3.200 milhões de euros, quando o mercado está a contar com uma descida dos actuais 3,72 mil milhões para 3,5 mil milhões. O encaixe da venda da Mascom e o facto de o negócio estar a melhorar, a TMN teve em Julho e Agostos crescimentos elevados, contribuindo para uma geração de cash-flow no grupo na casa dos 250 milhões de euros nesse período, contribuem para essa convicção. Além do Brasil, já que a Vivo apresenta margens de EBITDA na casa dos 40%, e o real já apresenta alguma estabilidade, além de que a própria PT Multimédia já dará lucros este ano, e actualmente já está com margens de EBITDA de 30%, a meta a que se propunha para o final do ano. Outro facto reforça a convicção de que o exercício de 2003 fechará bem: «como os resultados foram bons, a a PT repercutiu na totalidade no semestre os 278 milhões de euros que teve que pagar com a redução de pessoal». Com os 1000 funcionários que deixaram o grupo agora elevam-se a 1500 os funcionários que deixaram o grupo este ano. Para este ano não estão previstas mais saídas, uma vez que a redução levada a efeito é elevada e obriga a um redesenho dos processos, para os adaptar à nova estrutura. Mas em 2004 a redução de pessoal poderá ter a mesma dimensão, segundo o presidente da PT.

Horta e Costa destaca ainda o facto e os resultados da PT no primeiro semestre, descontado o impacto dos custos com a redução de pessoal, terem apresentado uma subida de 53,7%. No final, acabaram por se saldar em 143,5 milhões de euros, contra 202,5 milhões de euros no período homólogo, mas ainda assim acima do consenso dos analistas, que andava na casa dos 125 milhões de euros.

Com o impacto da redução de custos, a PT apresentou no semestre uma quebra de lucros de 30%, em contraciclo com as principais incumbentes europeias que registaram na generalidade dos casos melhorias acentuadas dos lucros. Facto que não preocupa a PT, pois considera que ao nível operacional o semestre correu favoravelmente, apesar de o negócio fixo ter continuado sob pressão. De qualquer modo, segundo disse ao DE o presidente da PT, a empresa «está a conseguir fidelizar os clientes, mudar-lhe os hábitos, o que é visível nos mais de 300 mil pacotes de planos de preços vendidos».

No semestre, as receitas do serviço fixo caíram 7,3%, para 920 milhões de euros. Uma quebra que se deve à conjuntura macroeconómica desfavorável à canibalização do serviço fixo pelo móvel.

Esta circunstância provocou uma quebra de 4,5% nas receitas da PT, para 2,72 mil milhões de euros.

imatos@economica.iol.pt