
A outra abordagem, dado que a multa é pouco significativa:
Eu mudaria ou não de envelope, não com base num pressuposto matemático (de que devería mudar ou não) mas com base no valor do envelope influenciado pelas minhas expectativas e pela minha noção de valor.
O valor não segue uma regra linear e depende das expectativas de cada um. Exemplificando, se a minha expectativa (objectivo de vida) é comprar um avião particular e se este custa 100 mil contos e estou perante um envelope que diz 120 mil contos, eu não mudo!...
Neste caso eu tinha duas possibilidades, o outro envelope valer 240 mil contos ou valer 60 mil contos. Acontece que «meio» avião é coisa que não existe (ou melhor, existe mas não tem qq utilidade) e eu estou pouco interessado em ter dois aviões (ou melhor, o interesse de ter dois aviões não é o dobro do interesse de ter um avião).
Obviamente, o avião trata-se de um exemplo, mas que penso que transmite a mensagem. Isto é, pode ser para mim, mais importante evitar de perder metade do que tentar ganhar o dobro. Mas essa decisão está dependente do valor do envelope e do que esse valor representa para mim.
Se o valor é pequeno e não me realiza qq objectivo (imaginemos, 10 contos), eu troco. Para mim, ganhar 5 ou 10 cts, é indiferente. Mas 20cts já era qq coisa... Assim, nem me importaria de arriscar os 5cts (tenho estado a ignorar a multa pois é irrelevante para esta abordagem, tratando-se de uma multa pequena em percentagem).
Se o segundo envelope fosse de 5cts e eu tivesse portanto perdido na troca, essa perda não tería para mim qq significado pois o valor não é relevante para mim. No entanto, se estivesse perante um envelope de centenas de milhares de contos, eu tería interesse em manter o envelope, pois a perda de metade do valor podería ser mais significativa para mim do que a tentativa de ganhar o dobro, para os quais eu não tinha objectivos de definidos (ou seja, para mim é indiferente ganhar 1 ou 2 milhões de contos). No entanto, para o Bill Gates, este 1 ou 2 milhoes de contos representariam praticamente o papel que para mim representavam os 5 ou 10cts...
Resumindo, conforme os meus objectivos (mesmo assumindo a multa de 5%) eu mudaria ou não consoante o valor do primeiro envelope, não por razões estatísticas/matemáticas, mas por razões de noção de valor e do impacto que este tería ou não na minha qualidade de vida. Se o que eu podería ganhar fosse mais importante do que o que eu podería perder, eu mudaría. Se o que eu podería perder fosse mais importante (mesmo tratando-se de uma diferença mais pequena) do que aquilo que eu podería ganhar, eu mantería...
Caso o exemplo do avião não tenha sido totalmente esclarecedor quanto à não linearidade de noção de valor, deixo outro exemplo: imaginemos que não se tratava de um concurso e de envelopes mas de uma entrevista de emprega e de ordenados...
O meu futuro patrão, homem que gosta de colocar desafios aos outros, após propor-me um salario de 150cts colocou-me a seguinte situação:
Tens diante de ti dois envelopes, um que diz <b>metade</b> e outro que diz <b>dobro</b>. Agora, ou manténs o ordenado ou arriscas a pegar num dos envelopes...
Ao que eu respondería (hipoteticamente)
- Mantenho!
O futuro patrão perguntaría intrigado
- Não queres arriscar?... terías mais a ganhar do que a perder...
E eu
- Pois, mas acontece que eu tenho uma renda de 80cts para pagar e ainda tenho que me alimentar, vestir e distrair... 75cts seríam insuficientes para eu viver pelo que prefiro não arriscar.
Mas se o ordenado proposto inicialmente fosse de 800cts, eu provavelmente arriscava. Os 400cts seríam, neste caso, mais do que suficientes para eu viver... E os 1600cts de ordenado mensal seríam muito aliciantes e permitiriam-me atingir um nível de vida excelente. Caso me calha-se o envelope <b>metade</b>, em qq dos casos tratava-se de um valor mais do que suficiente para pagar os tais gastos...
Mais uma vez, a questão de valor é subjectiva e varía de indivíduo para indivíduo e um outro fulano podería reagir de forma diferente a qq uma destas situações...
Resumindo: o concorrente mudará ou não consoante é para ele mais importante evitar perder (parte do prémio inicial) ou tentar ganhar mais (do que o prémio inicial).
Eu mudaria ou não de envelope, não com base num pressuposto matemático (de que devería mudar ou não) mas com base no valor do envelope influenciado pelas minhas expectativas e pela minha noção de valor.
O valor não segue uma regra linear e depende das expectativas de cada um. Exemplificando, se a minha expectativa (objectivo de vida) é comprar um avião particular e se este custa 100 mil contos e estou perante um envelope que diz 120 mil contos, eu não mudo!...
Neste caso eu tinha duas possibilidades, o outro envelope valer 240 mil contos ou valer 60 mil contos. Acontece que «meio» avião é coisa que não existe (ou melhor, existe mas não tem qq utilidade) e eu estou pouco interessado em ter dois aviões (ou melhor, o interesse de ter dois aviões não é o dobro do interesse de ter um avião).
Obviamente, o avião trata-se de um exemplo, mas que penso que transmite a mensagem. Isto é, pode ser para mim, mais importante evitar de perder metade do que tentar ganhar o dobro. Mas essa decisão está dependente do valor do envelope e do que esse valor representa para mim.
Se o valor é pequeno e não me realiza qq objectivo (imaginemos, 10 contos), eu troco. Para mim, ganhar 5 ou 10 cts, é indiferente. Mas 20cts já era qq coisa... Assim, nem me importaria de arriscar os 5cts (tenho estado a ignorar a multa pois é irrelevante para esta abordagem, tratando-se de uma multa pequena em percentagem).
Se o segundo envelope fosse de 5cts e eu tivesse portanto perdido na troca, essa perda não tería para mim qq significado pois o valor não é relevante para mim. No entanto, se estivesse perante um envelope de centenas de milhares de contos, eu tería interesse em manter o envelope, pois a perda de metade do valor podería ser mais significativa para mim do que a tentativa de ganhar o dobro, para os quais eu não tinha objectivos de definidos (ou seja, para mim é indiferente ganhar 1 ou 2 milhões de contos). No entanto, para o Bill Gates, este 1 ou 2 milhoes de contos representariam praticamente o papel que para mim representavam os 5 ou 10cts...
Resumindo, conforme os meus objectivos (mesmo assumindo a multa de 5%) eu mudaria ou não consoante o valor do primeiro envelope, não por razões estatísticas/matemáticas, mas por razões de noção de valor e do impacto que este tería ou não na minha qualidade de vida. Se o que eu podería ganhar fosse mais importante do que o que eu podería perder, eu mudaría. Se o que eu podería perder fosse mais importante (mesmo tratando-se de uma diferença mais pequena) do que aquilo que eu podería ganhar, eu mantería...
Caso o exemplo do avião não tenha sido totalmente esclarecedor quanto à não linearidade de noção de valor, deixo outro exemplo: imaginemos que não se tratava de um concurso e de envelopes mas de uma entrevista de emprega e de ordenados...

Tens diante de ti dois envelopes, um que diz <b>metade</b> e outro que diz <b>dobro</b>. Agora, ou manténs o ordenado ou arriscas a pegar num dos envelopes...
Ao que eu respondería (hipoteticamente)
- Mantenho!
O futuro patrão perguntaría intrigado
- Não queres arriscar?... terías mais a ganhar do que a perder...
E eu
- Pois, mas acontece que eu tenho uma renda de 80cts para pagar e ainda tenho que me alimentar, vestir e distrair... 75cts seríam insuficientes para eu viver pelo que prefiro não arriscar.
Mas se o ordenado proposto inicialmente fosse de 800cts, eu provavelmente arriscava. Os 400cts seríam, neste caso, mais do que suficientes para eu viver... E os 1600cts de ordenado mensal seríam muito aliciantes e permitiriam-me atingir um nível de vida excelente. Caso me calha-se o envelope <b>metade</b>, em qq dos casos tratava-se de um valor mais do que suficiente para pagar os tais gastos...
Mais uma vez, a questão de valor é subjectiva e varía de indivíduo para indivíduo e um outro fulano podería reagir de forma diferente a qq uma destas situações...
Resumindo: o concorrente mudará ou não consoante é para ele mais importante evitar perder (parte do prémio inicial) ou tentar ganhar mais (do que o prémio inicial).