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Caldeirão da Bolsa

Análise Técnica: Sorte ou Realidade?

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por MarcoAntonio » 28/8/2003 20:11

Exacto... Claro que nada impede. Isso faz parte do acaso. Anormal sería não encontrarmos nenhuma correlação desse tipo e se não for com os autocarros é com outra coisa qualquer...

Mas atenção, isso não invalida a AT (a AT não é apenas estatística no sentido estrito... se fosse apenas isso, estava bastante mal de facto).
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FLOP - Fundamental Laws Of Profit

1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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Ela é cega ...

por Merlin » 28/8/2003 16:16

A estatística. Deve
ter por base teorias sólidas e testadas. Nada impede de se obter um excelente coefeciente de correlação entre a pasagem de autocarros, frente à maternidade Alfredo da Costa, e o n.º de nascimentos :lol: :!:
"Nunca tão poucos deveram a tantos"
 
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por MarcoAntonio » 28/8/2003 11:34

Cem, como já investiguei alguma coisa nesta área há uns tempos atrás, aproveito para deixar alguns esclarecimentos (para a Marta também).

Este paper não trás nada de novo e é apenas um pequeno trabalho. Existem trabalhos muito mais completos e complexos sobre este tema. Inclusivamente já foram colocados à prova com métodos estatísticos exaustivos sistemas com provas dadas no mercado, no passado.

Agora convém esclarecer o seguinte: o que estes académicos dizem não é que os sistemas geram lucro por pura sorte mas antes que determinadas relações estatísticas surgem por pura sorte. Por outras palavras, eles não dizem que o sistema do Cem lhe gerou lucro por pura sorte, o que eles dizem é que surgem relações estatísticas no mercado que não são genuínas e o sistema do Cem as aproveitou...

Na realidade, numa determinada amostra, o anormal é não se encontrar nenhuma relação estatística, nenhum desvio. O normal é encontrar-se determinados desvios e anormalidades (aberrações estatísticas). Faz parte do acaso...

É um conceito complexo e que pode gerar alguma confusão para quem não estiver familiarizado com o tema mas é algo que não é afirmado de ânimo leve. Este tema é estudado por académicos reconhecidos há mais de 10 anos (e depois surgem pequenos trabalhos como este que a Marta colocou aqui, mas que não passa mesmo de um pequeno trabalho).

Eu deixo aqui um exemplo que é dado por vezes, imaginemos que um investidor resolve investir com base nas fases da lua. Acontece que por pura sorte existe uma relação entre as fases da lua e determinado mercado ou título (que o investidor detectou). Então o investidor desenvolveu um sistema com base nisso que eventualmente gerou lucro. A relação estatística não é genuína (a correlação é fruto do acaso... não se encontra presente por exemplo noutras amostras)... no entanto pode dar lucro.
E se pensarmos, a verdade é que há montes de abordagens deste tipo que deram eventualmente lucro a quem as aplicou (há diversos casos documentados) com abordagens deste tipo (astrológicas e muitas outras). No entanto, outros tentam aplicar os mesmos princípios noutros mercados (ou noutros momentos) e eles já não funcionam...

Depois existem outras questões como a natureza dos dados estatísticos que o mercado fornece. Os mercados não têm um comportamento puramente aleatório (isso está hoje mais do que demonstrado) e talvez a melhor definição para o comportamento do mercado seja o de que este apresenta um comportamento caótico.

Em todo o caso refiro que embora todos os académicos nesta área sejam relativamente unânimes a afirmar que os resultados da AT se devem em grande parte ao data-snooping bias da amostra, nem todos são unânimes a afirmar que a AT tem algum ou nenhum mérito. Uns acham que sim, que têm algum mérito e que o data-snooping exponencia outro mérito e outros acham que todo o mérito se deve ao data-snooping (ou seja, o mérito da AT deve-se a relações estatísticas que surgem no meio do acaso... porque FAZEM PARTE do acaso).

Enfim, em tempos dei um exemplo sobre um fulano que todos os dias que apanhava um semáforo vermelho ao sair de casa, apercebeu-se que nesses dias a PT caía... ao fim de vários dias pôs-se a pensar se havía de investir com base neste facto ou não.

<i>PS: como todos sabem, eu acredito que a AT tem (alguma/bastante) validade.</i>
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1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
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Amiga Patinha

por Cem » 28/8/2003 11:14

Não houve problema nenhum, cada um pode e deve ter a sua opinião própria sobre qualquer tema desde que o faça com honestidade e seriedade.
Só que, em função da experiência própria que acumulei neste tema ao longo de uma data de anos, fiquei um pouco chocado com o facto de alguém ter publicado tamanhas conclusões tão disparatadas baseado em pressupostos que, como bem disseste, são um atentado ao absurdo.
Porquê? Porque um sistema de trading é de facto muito mais complexo que um simples indicador técnico, tem de se saber adaptar a todos os padrões possíveis que possam provocar reacções emocionais humanas predominantes que antevejam probabilisticamente o que se vai passar em seguida.
Mas pronto, provavelmente levei este assunto demasiado a peito, desculpem se por acaso me excedi ou feri algumas susceptibilidades, o meu propósito era dar a minha simples contribuição para este debate tão interessante, aliás à semelhança de outros que decorrem no forum.
Admito que este tema me é muito caro por aqui ter investido milhares de horas de pesquisa, que felizmente me estão a dar o devido retorno compensatório com o passar dos anos.
Cumprimentos e bons negócios a todos os participantes e um agradecimento generalizado a todos pela importante visão ou experiência própria de cada um de vocês
Cem
 
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por Pata-Hari » 28/8/2003 10:38

pelo que eu vi ele nem testou exactamente um sistema de trading, testou um conjunto de indicadores em performances individuais e separadamente. Big deal...

Achei piada à coisa, de qq modo.
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por Flying Turtle » 28/8/2003 10:34

Boas! :)

Mais um thread sobre a mesma questão, excelente! :wink:

Já argumentei no outro thread sobre o assunto, não vou repetir os mesmos argumentos. Limito-me portanto a três observações adicionais:

- Concordo com a generalidade das opiniões que tendem a considerar a análise feita como sendo demasiado simplista. O perdigueiro do Cem é cobiçado por meio mundo e muitos outros há, só nesta comunidade, que atestam a validade efectiva da AT e/ou dos sistemas mecânicos (como o arnie diz, basicamente são uma e a mesma coisa na sua essência).

- É relevante, e pode explicar muita coisa, a observação feita pelo djovarius quanto aà "qualidade" do objecto observado para a análise efectuada. Um dos vários problemas da investigação empírica prende-se precisamente com os enviesamentos que podem ser induzidos pela qualidade da amostra. Este parece ser um caso paradigmático...

- Uma última observação quanto ao facto de 4 anos serem, ou não, insuficientes para testar um sistema de trading. Eu penso que, de novo, depende do horizonte temporal do investidor. Sinceramente, para daytrading, e admitindo a reecolha de cotações aos 5 minutos, não me parece pouco, estamos a falar, grosso modo, de 1000 sessões x 8,5h x 12 = ±100.000 observações. Ora, em termos de position trading com base em cotações EOD e gráficos diários, isso equivale a 102.000 / 250 = ±400 anos :shock: :lol: Será suficiente?

Um abraço
FT
"Existo, logo penso" - António Damásio, "O Erro de Descartes"
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Pois o Xanax

por Xanax » 28/8/2003 9:55

acha que a AT vale o que vale.
Quando o meu feelingzinho alerta nao h'a AT que o convenca.

Cumps Xanax de ferias
Abracos para todos
Xanax
Cumps
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por arnie » 28/8/2003 8:41

AT versus AF
Sistemas Mecânicos versus Sistemas Discricionários

Estes dois temas provocam autênticas dores de cabeça.

A meu ver, a AT é destinada ao short term trading e a AF ao investimento, o de longo prazo.
Não se pode pegar em resultados trimestrais de uma empresa e dizer que daqui a 2 dias a mesma se situa 5% acima da cotação actual tal como não se pode pegar num gráfico e dizer que daqui a 5 anos esta empresa estará 25% acima da cotação actual devido ao aumento de vendas, etc...

Cada area tem o seu proprio espaço de intervenção e para mim, ambos não devem ser misturados.

Relativamente aos sistemas, discricionário e mecânico, a coisa já é diferente.
Sinceramente vejo imensas semelhanças entre eles. Aliás cada vez mais acredito que são idênticos.

O que é um sistema discricionário? Um sistema baseado apenas na visão do interveniente, utilizando o seu "poder" de reconhecimento através da visão, o seu auto controle relativamente às emoções, o controle relativamente à colocação de stops e sua execução, etc...

O que é um sistema mecânico? Um sistema cujo o qual o seu criador, incorporou vários padrões técnicos, que ao serem repetidos o sistema dá um sinal de compra/venda,deixando deste modo o componente emocional fora pois o seu utilizador sabe, devido a testes feitos sob um historico, no final terá sempre uma carteira positiva, não se preocupando muito se o trade em questão terá sucesso ou não.

Porque razão acho que ambos são idênticos? Simples, se o trader/investidor tiver a disciplina necessária poderá ter uma performance igual ou superior ao de um sistema mecânico pois poderá por vezes incluir o seu "feeling", tirando assim partido do mesmo.

Disciplina está acima de tudo. Mesmo usando um sistema mecâncio poderemos não ter sucesso no trade pois não tivemos disciplina suficiente para seguir o que o sistema indicava.

Agora, o que um sistema mecânico leva vantagem sob um sistema discricionário é a questão da gestão dos trades, ou seja, com um sistema mecâncio gere-se muito melhor uma posição em 3 ou 4 mercados ao mesmo tempo do que com um sistema discricionário. Pessoalmente, é-me impossivel possuir + do que 2 posições abertas ao mesmo tempo, principalmente se for um daytrade. Ainda não tenho capacidade para gerir varios valores em + de 2 posições.

Volto a repetir, a disciplina está acima de tudo. Existindo, pode-se fazer coisas maravilhosas, independentemente de se usar um sistema discricionário ou mecâncio.
 
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por Visitante » 28/8/2003 1:32

Qdo li este post pensei
"Este brasileiro precisava de falar um pouco com o Cem...".

Qdo quiseres deitar o teu perdigueiro para o lixo avisa que eu posso arranjar um canil aqui perto....

Um abraço
Nunofaustino
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por djovarius » 28/8/2003 1:00

Agradou-me muito esta leitura e não era para intervir numa área da qual não sou grande "espingarda"... mas temos que levar as coisas a sério !!
Olhem que raio de índice que eles foram escolher para o estudo. Porque não o S&P 500 que é super liquido e sobretudo "widely held" !!??
O Ibovespa é o último dos grandes índices que podem servir de base a um estudo, porque:
É movido por poucas mãos fortes.
É altamente especulativo, conforme crises nacionais ou regionais, não obedecendo à AF e à AT eficazmente.
Move-se tanto ou mais pelo sentimento político de uma Nação do que por outra coisa, podendo ser alavacado em alta ou baixa conforme o capital estrangeiro entra ou sai em massa.
Last but not least... agora movimenta uns dinheiros, mas ainda há poucos meses, movimentava por dia no mercado à vista menos que o PSI-20, enquanto após o auge do plano Real, movimentava até 10 vezes mais...

Não há AT que aguente...

Pessoalmente, gosto de analisar fundamentais, enquadrando-os no sentimento de mercado !!

djovarius
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
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por Pata-Hari » 28/8/2003 0:50

Bem, muito francamente eu coloquei isto aqui pela piada da coisa. Mas os testes são evidentemente simplórios e são aplicações directas de coisas standard. Se fosse assim tão simples analisar e testar a validade de AT, seria que a AT era uma coisa tão simplória que ou estariamos todos ricos, ou então não funcionava.

Cem, não é preciso levar tão a peito, não é pessoal nem contra ninguém.

Boa noite.
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por MarcoAntonio » 28/8/2003 0:46

Anonymous Escreveu:...
A minha questão é: tendo testado o sistema desde o início do ano 2000 até à actualidade, revelando estes testes ganhos consistentes, quer isto dizer que mesmo assim não o deveria levar à prática? Quase 4 anos de teste não chegam? Não podemos assumir que os pricipais índices têm, por assim dizer, "personalidade" própria, com tendência de repetição de determinados comportamentos?



Para um sistema mecânico, 4 anos são na realidade muito pouco. Um sistema que poderá ter sido fantástico nestes últimos 4 anos poderá ser desastroso nos próximos 4 anos. Nada nos diz que os próximos 4 anos vão ter a «mesma personalidade» dos últimos 4...

Os próximos 4 anos tanto podem ter uma «personalidade» que o mercado nunca teve antes como ter uma «personalidade» que já teve no passado mas que não coincide com a dos últimos 4 anos.

Essa «personalidade» é precisamente aquilo que os académicos chamam de <i>data-snooping bias</i>.

O <i>data-snooping bias</i> ocorre, convém sublinhar, mesmo em dados puramente aleatórios (numa amostra limitada os dados não seguem por exemplo a distribuição normal, necessariamente... e um desvio pode surgir numa amostra e noutra amostra surgir um desvio totalmente diferente do anterior).
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por Visitante » 28/8/2003 0:31

Há muito que me dedico a desenvolver sistemas de daytrade para o S&P e o Nasdaq. A minha questão é: tendo testado o sistema desde o início do ano 2000 até à actualidade, revelando estes testes ganhos consistentes, quer isto dizer que mesmo assim não o deveria levar à prática? Quase 4 anos de teste não chegam? Não podemos assumir que os pricipais índices têm, por assim dizer, "personalidade" própria, com tendência de repetição de determinados comportamentos?
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por MarcoAntonio » 28/8/2003 0:17

Anonymous Escreveu:o que é data-snooping ?


É um conceito algo complexo para explicar em duas ou três linhas, mas basicamente o data-snooping (data snooping effect ou data snooping bias) refere-se ao problema de estarmos a analisar uma amostra de dados (limitada) e à probabilidade de determinadas relações estatísticas surgirem por «pura sorte» (a coincidência faz parte do acaso, convém lembrar) e tais relações poderem desaparecer ao serem testadas noutra amostra. Trata-se de questionar se as relações estatística são genuínas ou aparentes...

Os académicos são unámimes em afirmar que a AT tem uma boa dose de data-snooping bias e que se o efeito deste for descontado, a qualidade da AT (ou mérito dos seus resultados) baixa significativamente. Não são no entanto unanimes em afirmar se o desconto do data-snooping bias tira todo o mérito à AT ou apenas algum...
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Bem...

por Cem » 27/8/2003 23:39

...eu de facto só uso indicadores de AT de forma "automática".
Devo concluir, através do estudo apresentado, que posso deitar para o lixo o meu sistema de trading visto que tudo se resume a mera sorte!
Muito sortudo devo ter sido desde 1996 para cá quando comecei a usar a AT de forma automatizada sem qualquer decisão "humana"...
Basta fazer testes a qualquer período longo de comportamentos diferenciados do passado em qualquer activo significativo, de preferência confirmados com outras dezenas de activos diferentes e não correlacionados, para verificar a credibilidade de qualquer sistema de trading!
Para que servem os rácios de eficiência que retornam valores sistematicamente favoráveis em termos de profit/loss, profit/risk, drawdowns, etc,etc?
É certo que para chegar a afinar um sistema vencedor não basta testar um indicador de cada vez ou juntar dois indicadores e já está, nunca mais chegavam à solução...infelizmente também eu cheguei à triste conclusão que ter uns quantos indicadores de tendência e outros tantos osciladores não chegam para ganharmos dinheiro, temos de ir mais além e criar uma data de condições específicas adaptadas a configurações bem diferenciadas.
Duvido que o autor do estudo o tenha feito!
Mesmo assim, à cautela, vou ainda manter o sistema de trading que uso por mais uns tempos.
Boa noite,
Cem
 
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por Visitante » 27/8/2003 23:36

o que é data-snooping ?
Visitante
 

por MozHawk » 27/8/2003 22:19

Bem Marco,

Nisto concordo contigo. Tudo aponta para que se tenha feito um teste "automático" quando, na realidade, a AT não é utilizada dessa maneira. Basta fazer uns testes simples com alguns indicadores num papel qualquer.

Se assim fosse, era simples. Metia-se a carteira em modo automático e no fim do ano festejava-se os lucros ou a ausência deles conforme o trabalho do nosso colega brasileiro.

Um abraço,

MozHawk
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por MarcoAntonio » 27/8/2003 21:53

Pata-Hari Escreveu:Nossos resultados são similares aos encontrados nos mercados internacionais, contribuindo para
o conjunto de evidências que mostram aos investidores que as estratégias de análise técnica (pelo
menos nas formas simples como as utilizadas neste trabalho) não são úteis como investimento."


Estou só de passagem mas gostaria de deixar um brevíssimo comentário...

A questão é mesmo esta que se vê na conclusão. São pouquíssimos (e muito naifs) os analistas técnicos que vêm a análise técnica conforme ela é avaliada e analisada nestes testes.
<i>
(só uma pequena nota, eu não li o conteúdo deste trabalho mas não deverá ser novidade parara mm pois há uns tempos fiz uma pesquisa e encontrei vários papers académicos sobre esta questão... só que o problema é que a análise técnica não é, para mim e para a maior parte dos analistas técnicos, aquilo que eles testam... já todos sabemos que a estatística pura não funciona nos mercados... enfim, eu gostaria de desenvolver mais isto mas de momento não tenho disponibilidade de tempo pelo que fica aqui apenas este brevíssimo comentário... de qq das formas creio que já abordei esta questão nos princípios do caldeirao aqui num artigo)
</i>
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por Pata-Hari » 27/8/2003 21:19

blá blá b~lá, ele continua a descrever o RSI , MACD, blablablá... passemos às conclusões senão nem a gente janta...

"Conclusão
Após a realização dos testes, concluimos que as estratégias de análise técnica não devem ser
utilizadas para auxiliar as decisões de investimento. o , Não somos capazes então de rejeitar a
hipótese de eficiência de mercado, já que as estratégias não remuneram adequadamente o investidor.
Apesar de sua construção ser bastante simples (ou por causa dela), estas estratégias são utilizadas
em larga escala por pequenos investidores no mercado financeiro brasileiro. Como mostram os
resultados acima, a performance destas estratégias é fruto do acaso e seu uso leva o investidor
médio a fracassar na tentativa de obter ganhos em relação aos da estrategia “comprar-e-esperar”.
Outro ponto importante é a relevância de considerarmos todo o espaço de estratégias disponíveis
ao investidor. As conclusões extraídas quando isto não é feito nos levam à rejeição da EMH. Porém,
o uso conjunto das informações do espaço de estratégias,nos mostra na verdade, que elas não são
capazes de gerar retornos significativos.
Em relação aos trabalhos feitos anteriormente no país, esperamos ter agregado valor à literatura
dos testes de eficiência de mercado. O trabalho é o primeiro a chamar atenção para os problemas
causados pelo uso de um mesmo conjunto de dados para comparação da capacidade preditiva de
15
modelos na área de finanças. O teste de realidade é uma ferramenta poderosa que permite ao
economista validar de forma mais precisa suas afirmações e teorias.
Nossos resultados são similares aos encontrados nos mercados internacionais, contribuindo para
o conjunto de evidências que mostram aos investidores que as estratégias de análise técnica (pelo
menos nas formas simples como as utilizadas neste trabalho) não são úteis como investimento."
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por Pata-Hari » 27/8/2003 21:12

Tabela 1: Estatísticas Descritivas dos Retornos (em log) da Série do Ibovespa Futuro
Medidas r1 r10 (r1)2 (r10)2
Média -0,013% -0,122% 0,118% 0,891%
Desv. Pad. 3,426% 10,425% 0,320% 2,559%
Assimetria -0,053 -0,508 9,006 6,011
Curtose 7,583 6,589 - -
Autocorrelações
&#961;(1) -0,0334* 0,0027 0,2662** 0,1160
&#961;(2) -0,0085 -0,0699 0,2708** -0,1306
&#961;(3) -0,0263 -0,0060 0,2110** -0,1937
&#961;(4) -0,0148 -0,0402 0,1873** 0,0379
&#961;(5) -0,0307 -0,0021 0,1603** -0,0281
&#961;(6) -0,0862* -0,0701 0,1951** 0,0240
2.2

2.2 Estratégias de Análise Técnica (Elder, 1993)
A análise técnica de investimentos baseia-se no uso da informação passada dos preços de um
ativo para gerar sinais de compra e venda. Ela pode ser dividida em dois tipos básicos de estratégias:
análise gráfica e análise computadorizada.
A análise gráfica teve início no começo do século XX e consiste na identificação de padrões
recorrentes nos gráficos da série dos preços. Seu maior problema é a subjetividade da tomada de
decisões e por isso tais estratégias não são consideradas neste trabalho, apesar de já terem sido alvo
de estudos teóricos (Osler e Chang, 1995).
A análise computadorizada usa funções dos preços passados - os indicadores técnicos - na decisão
de investimentos. Estes indicadores tentam expressar um suposto consenso de mercado para o preço
do ativo no futuro, usando para isto informações correntes como volume e preços de fechamento,
máximo ou mínimo. A facilidade com que estes indicadores podem ser calculados nos permite
estabelecer objetivamente critérios de compra e venda de um ativo, tornando extremamente simples
sua implementação computacional (Lo et al., 2000).
São considerados cinco tipos básicos de estratégias: médias móveis, o índice de força relativa
(Relative Strength Index - RSI), indicador William’s %R, Estocástico e o indicador de Média Móvel
Convergência-Divergência (Moving Average Convergence-Divergence - MACD). Este conjunto é
escolhido por estas estratégias serem muito utilizadas pelos investidores nos mercados e possui a
vantagem de ser mais complexo do que aqueles utilizados em trabalhos anteriores. Este espaço de
estratégias considera não somente a série dos preços de fechamento, mas também as de máximo e
4
mínimo, usando um conjunto de informações maior à disposição dos agentes. Isto também permite
verificar se resultados anteriores, que indicam a rejeição da utilidade das estratégias de análise
técnica, ocorrem devido ao tipo de estratégia utilizada.


2.2.1Médias Móveis
Esta estratégia consiste na compra do ativo quando a média móvel de curto prazo do preço de
fechamento (Pt) for superior a uma média móvel de longo prazo, e na venda caso o inverso ocorra.
O cálculo da média móvel com p defasagens de uma série é feito através da seguinte fórmula:
Pt(p) =
pPi=1
Pt&#8722;i
p
(1)
A explicação dada pelos analistas técnicos para o uso desta estratégia é que a média móvel nos
permitem identificar uma opinião dos agentes a respeito dos preços. Suponha dois números c e l,
onde c < l. Caso uma média móvel de curto prazo (Pt(c)) seja maior do que uma média móvel de
longo prazo (Pt(l)), o mercado está mais otimista (“bullish”) e o ativo deve ser comprado.6
As diferentes estratégias são obtidas pela combinação de médias móveis com diferentes
defasagens e também com a inclusão de filtros (1+f ), que alteram as decisões de investimento. Isto
é feito para dificultar o início de uma operação sem impor restrições sobre seu término, diminuindo
o número de ordens executadas e com isso, os custos de transação. A inclusão do filtro nos dá a
seguinte regra de decisão: ( Inicia compra, caso Pt(c) > (1 + f )Pt(l)
Encerra compra, caso Pt(c) < Pt(l)
( Inicia venda à descoberto, caso Pt(c)(1 + f ) < Pt(l)
Encerra venda à descoberto, caso Pt(c) > Pt(l)
Suponha um filtro de 5%, com P1(2) = 100, P1(20) = 95, P10(2) = 95 e P10(20) = 101. Como
100 = P1(2) > (1 + f )P1(20) = 99, 75, compramos o ativo na data t = 1. Na data t = 10,
95 = P10(2) < P10(20) = 101 e por isso encerramos a operação e vendemos o ativo à descoberto
somente se (1 + f )P10(2) < P10(20).
6As estratégias técnicas abaixo consideram tanto estratégias de “momento” quanto estratégias que buscam captar
uma reversão à média dos preços.
5
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Análise Técnica: Sorte ou Realidade?

por Pata-Hari » 27/8/2003 21:06

Vejam lá o que eu fui descobrir :P . Se alguém quiser ler a totalidade, basta apitar...

Pedro A. C. Saffi
London Business School

Resumo: Este trabalho busca testar a validade da hipótese de eficiência dos mercados no mercado
futuro do índice Ibovespa através do uso das chamadas estratégias de análise técnica. São utilizados
testes de habilidade preditiva para verificar a hipótese de superioridade destas regras de decisão
como forma de investimento. Estes testes possuem a vantagem de considerar a possibilidade de
data-snooping na escolha da melhor estratégia, permitindo identificar se a aparente capacidade
preditiva destes modelos é realmente significativa ou mero produto do acaso. Os resultados indicam
que as estratégias de análise técnica não são capazes de gerar retornos estatisticamente significativos
quando os efeitos de data-snooping são levados em conta. Estes resultados estão de acordo com o
previsto pela hipótese fraca de eficiência de mercado.

1 Introdução
A discussão sobre a eficiência dos mercados é um dos assuntos que mais controvérsia gerou (e
ainda gera) entre os economistas, sendo até hoje alvo da atenção da comunidade acadêmica.
Dentre as diversas estratégias de investimento à disposição dos agentes, a análise técnica utiliza
informações passadas sobre os preços para definir decisões de investimento. Este tipo de estratégia
é utilizada por vários autores (Fama e Blume, 1966; Sweeney 1988), em busca de evidências sobre
sua performance superior na geração de retornos superiores à estratégia de referência “comprar e
esperar”.1 Estas evidências por sua vez implicariam na rejeição da eficiência sob a forma fraca,
resultados encontrados mesmo após considerarmos os custos de transação.
Uma das críticas feitas a estes trabalhos é que suas conclusões baseiam-se na aplicação das
estratégias de análise técnica somente a uma realização do processo estocástico do preço do
ativo: a série observada dos preços. Estaríamos portanto sujeitos aos problemas relacionados a
data-snooping, já que é muito provável que, dentre milhares de estratégias diferentes, alguma (ou
algumas) apresente performance superior (em termos de excesso de retorno). Isto poderia ter
ocorrido simplesmente ao acaso e não devido à uma capacidade preditiva superior da estratégia.
Tentanto minimizar este problema, trabalhos posteriores (Brock et al., 1992) utilizaram a técnica
de bootstrap para simular realizações alternativas da série dos preços. Esta técnica permite, sob
algumas condições, construir a distribuição empírica da performance de uma estratégia de análise
técnica particular e assim, verificar se uma performance estatisticamente significativa é realmente
devido à uma capacidade preditiva superior, ou um mero produto do acaso.
Este trabalho busca testar a validade da hipótese de eficiência dos mercados no mercado futuro
do índice Ibovespa através do uso das chamadas estratégias de análise técnica. São utilizados testes
de habilidade preditiva (White, 2000; Hansen 2001) para verificar a hipótese de superioridade destas
regras de decisão como forma de investimento. Os resultados indicam que nenhuma das 14.630
estratégias de análise técnica é capaz de gerar retornos estatisticamente significativos quando os
efeitos de data-snooping são levados em conta. Estes resultados estão de acordo com o previsto
pela hipótese fraca de eficiência de mercado.
1Todos os cálculos do retorno das estratégias estão em termos de excesso de rentabilidade em relação ao modelo
de referência.

2 Metodologia
2.1 Dados
O ativo escolhido para análise das estratégias no mercado brasileiro é o contrato futuro do
índice Bovespa (Ibovespa) negociado na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). Isto deve-se
primordialmente à grande facilidade de execução de ordens de venda à descoberto, que são muito
difíceis (quando não impossíveis) de serem efetuadas no mercado brasileiro de ações. Os contratos
futuros possuem prazo de vencimento de três meses, sempre na quarta-feira mais próxima ao dia 15
do mês de vencimento, tendo como objeto de negociação o valor do Ibovespa na data de vencimento.
A construção desta série é feita através da união dos preços dos contratos mais negociados em
um dado momento. A fim de que os dados sejam consistentes, uma correção é feita através da
multiplicação de toda a série antiga pelo percentual esperado de valorização/desvalorização expressa
nos preços dos contratos futuros.2 Isto é feito através da seguinte fórmula:
F ator de Ajuste(t) = Pt(Contrato Novo)
Pt(Contrato Anterior)
Este fator de ajuste nos dá o grau esperado de variação do Ibovespa pelos agentes. Quando
multiplicado pela série antiga, ele faz com que os preços passados passem a fazer referência ao
contrato mais líquido, garantindo a integridade dos dados após a união das séries. Estes dados
ajustados nos permitem calcular retornos idênticos àqueles que seriam obtidos através da “rolagem”
da posição de um contrato para outro.3 Os preços diários (máximo, mínimo, abertura e fechamento)
utilizados compreendem o período entre 04/06/1992 e 08/01/2002, perfazendo um total de 2.369
observações.4
Os preços de fechamento exibem retornos logarítmicos negativos de −13, 60% no período,
sendo ligeiramente assimétricos à esquerda e leptocúrticos. A autocorrelação de primeira ordem,
apesar de pequena, é estatisticamente significativa conforme mostra a tabela abaixo.5 Analisando
o quadrado destes retornos, observamos grande autocorrelação, indicando a presença de um
componente autoregressivo na variância condicional. Exibimos também os cálculos para os
retornos não-justapostos no período de 10 dias. Neste caso, tanto r10 quanto (r10)2 não exibem
autocorrelações estatisticamente significativas, sugerindo que a hipótese de passeio aleatório pode
ser aplicada neste caso.
2A série antiga refere-se à série de preços calculada até o momento.
3Não considerados custos de transação. Esta hipótese não altera os resultados obtidos. Além disso, para grandes
investidores (fundos de investimento, etc...) os custos são muito próximos a zero.
4As séries foram obtidas através do programa Economática.
5O termo ri representa o retorno no período de i dias. ρ(k) representa a autocorrelação de ordem k. O símbolo
*(**) denota confiança a 95% (99%).
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