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MensagemEnviado: 6/8/2003 21:53
por MrJones
Certissimo tudo o que disse! Só nao sei como é que define "mercado no seu todo".

O exemplo que dei era com o Nasdaq e se, como fazemos por aqui, olharmos para empresas ou para o nasdaq100 o que eu disse aplica-se. Pode (eu disse pode, nao que que acontece..) crescer a ritmos superiores ao mercado "no seu todo" por longos periodos de tempo (por ex. uma decada...) e tem um premio de risco (é um indice sectorial) que atenua muito o impacto de mudanças na risk-free rate.

Adicionalmente, analisar o impacto das yields numa "economia inteira" é um conceito estranho porque é dificil negociar PIB's...

De qq das formas obrigado por este "bocadinho". Aprendo sempre.

1 abraço,
Jones

P.S: Relativamente ao WB...sendo um dos meus "herois" nem me atrevo a comentar! Acho que devia publicar uma compilação das suas cartas aos accionistas para serem "ensinadas" nas escolas!

MensagemEnviado: 6/8/2003 21:31
por Incognitus
Quanto ao gráfico do Nasdaq na década de 90, e pela impossibilidade racional das expectativas de crescimento que supostamente incorporou, digo simplesmente que se tratou de uma bolha, e não de qq tipo de expectativas de crescimento.

Warren Buffett uma vez disse que, se fosse professor perguntaria num teste aos seus alunos como avaliar uma empresa da Internet. Quem respondesse chumbava.

MensagemEnviado: 6/8/2003 21:27
por Incognitus
Jones, eu estou a dizer que com taxas de juro baixas, as taxas de juro tornam-se quase que virtualmente MAIS importantes que os resultados, se falarmos de o mercado como um todo.

Se falarmos de um mercado como um todo, pelo que eu expliquei, deixamos de poder falar de variações da taxa de crescimento, excepto para poucos períodos a curto prazo, o que com taxas de juro baixas tem pouco impacto nas avaliações.

Repare que não estamos a falar de uma empresa e da variação dos resultados da dita, mas sim do mercado, e da variação dos resultados do dito. A longo prazo, tem que ser igual ao crescimento nominal do PIB, logo aí não se pode mexer. O curto prazo, com taxas baixas, perde o significado.

Claro, aqui o ponto em que podíamos discutir é se os lucros/PIB estão no seu ponto de equilíbrio a longo prazo. Teriamos, talvez, que normalizar isso.

Eu compreendo o raciocínio que o Mr.Jones está a fazer, e é o correcto para UMA empresa. Não para todas. Já agora, MESMO numa empresa, a taxa de crescimento a muito longo prazo NÃO pode exceder a taxa de crescimento nominal do PIB (e claro, em muitos estudos excede).

Sobre o prémio de risco, é um conceito algo estranho de se aplicar a uma economia inteira.

:-)

MensagemEnviado: 6/8/2003 21:15
por MrJones
Caro Incognitus,

Tenho estado retirado dos foruns há largo tempo...no entanto, ainda me lembro que era relativamente inutil esgrimir demasiados argumentos que a certa altura já ninguem lia.

Sendo assim limito-me a esclarecer algumas quesões mais obvias.

Antes de mais, não estou a defender as famosas estimativas dos "analistas". Nem me dou ao trabalho de as ler.

Apenas discordo do seu comentario, segundo o qual, as variações da risk-free rate são sempre mais importantes do que revisão das expectativas de crescimento. Eu digo que depende o Incognitus diz que é sempre mais importante.

A questão é que isto é matemática (a não ser que o Incognitus use formulas diferentes) e matemáticamente depende.

O exemplo que deu da perpetuidade está correcto..só se "esqueceu" de considerar uma perpetuidade com crescimento. Neste caso uma subida da taxa de desconto de 1% é exactamente anulada por uma subida de 1% da taxa de crescimento. PV = CF/(r-g) .

Relativamente á possibilidade de as empresas crescerem a um ritmo superior ao mercado...é mais ou menos verdade. É certo que é impossivel que a totalidade das empresas o faça..elas são o mercado. É impossivel que uma empresa o faça para sempre. No entanto...é possivel (se quiser posso dar exemplos) de empresas que crescem mais que o mercado durante longos periodos de tempo...Normalmente são as empresas lideres. As generalizações como a que fez são "misleading"

Para terminar, as obrigações apenas influenciam a risk-free rate. Logo, as variações das yields são, relativamente, maiores do que as das taxas de desconto (que tb incluem premios de risco que são frequentemente muito maiores)

Resumindo, não é correcto dizer que a variação das yelds é sempre mais importante do que a variação das expectativas de crescimento. Há duas maneiras de de provar isto: 1) Matematicamente; 2) Olhando para um grafico do Nasdaq na decada de 90.

1 abraço,
Jones

MensagemEnviado: 6/8/2003 20:07
por Incognitus
O problema durante a bolha, que ainda hoje perdura, é que os analistas julgam que têm liberdade a estabelecer as taxas de crescimento de longo prazo. E isso é mentira, a taxa de crescimento de longo prazo dos lucros do mercado como um todo não pode diferir materialmente da taxa de crescimento nominal do PIB, senão a longo prazo numa dada altura existiriam mais lucros que PIB, ou então, os lucros seriam irrelevantes dentro do PIB.

Assim sendo, as taxas de crescimento dos lucros a longo prazo NÃO podem mudar (a menos que achemos que a economia pode passar a crescer mais rápido, forever), pelo que toda a mudança de lucros é a curto prazo.

Ora, quando as taxas de juro são baixas acontecem 2 coisas:
1) O curto prazo tem menos peso na análise, pois muito do valor está distante no tempo (os valores mais distantes são descontados a uma taxa baixa pelo que ainda têm muito impacto hoje).
2) Variações absolutas pequenas das taxas têm muito peso. Por exemplo, numa perpetuidade de 100, se calcularmos o seu valor com taxas de juro de 3.1%, temos um valor de 3225.8, se utilizarmos 4.5%, temos um valor de 2222.22, ou seja, com uma subida de taxas de apenas 1.4%, o valor da perpetuidade caiu 40% !!! A variação nas taxas de 10 anos nos EUA foi de 3.1% no seu ponto mais baixo, para 4.5% recentemente (hoje 4.35%).

Ainda haveria muito mais a dizer, mas a conclusão é a mesma, com taxas de juro baixas, as variações das yields tendem a ser mais importantes que tudo o resto.

Aliás, taxas de juro baixas tendem a coincidir com alavancagens elevadas. Ora, sendo a componente dívida uma parte fixa do valor da empresa, a componente equity, accionista, varia AINDA mais fortemente do que o exemplo acima da perpetuidade. MUITO mais fortemente.

A conclusão é a mesma.

nao exactamente..

MensagemEnviado: 6/8/2003 19:47
por MrJones
Não é exactamente assim...

Alias, foi o que aconteceu no periodo da "bolha"..os movimentos das risk-free eram practicamente irrelevantes face ao premio de risco ou as "expectativas de crescimento".

No caso geral, depende dos prazos que se consideram e depende da mudança relativa das duas taxas (desconto e crescimento). Adicionalmente, uma mudança da risk-free reflecte-se apenas parcialmente na taxa de desconto.

Como caso extremo, se considerarmos para uma perpetuidade crescente, um aumento de taxa de desconto é exactamente equivalente a uma diminuição da taxa de crescimento, pelo mesmo valor.

De qq das formas...estou longe de considerar (como referi..) que este factor é que está a definir o movimento do mercado.

MensagemEnviado: 6/8/2003 19:30
por Pata-Hari
Oi Jones, opá, até me esqueci de te cumprimentar comme il faut... ando meio aluada ainda com as férias. Estás bom....!? :)

Pois, mas não me parece que estejamos em momento de excepcional crescimento. Talvez não estejamos tão mal quanto antes, mas não é propriamente o boom económico...

MensagemEnviado: 6/8/2003 19:22
por Incognitus
É quase impossível de um aumento esperado dos lucros para o futuro ser mais importante do que uma mudança nas taxas de desconto, quando as taxas de desconto são tão baixas. As yields são sempre mais relevantes.

oops

MensagemEnviado: 6/8/2003 19:12
por MrJones
este post era continuação do thread...não sei como veio aqui parar....

não é nada óbvio...

MensagemEnviado: 6/8/2003 19:11
por MrJones
Olá Patinha,

Não é nada óbvio...Não consigo encontrar uma explicação consistente, sem ter de levar em conta factores muiiito subjectivos que não me deixam muito confortavel.

Uma explicação possivel baseia-se no facto de os timeframes dos dois efeitos serem diferentes. O aumento das yields poderia originar uma revisão das taxas de desconto e consequente desvalorização das acções, agora. Por outro lado a, suposta, recuperação da economia eleva as expectativas de resultados futuros das empresas. Se o "mercado" considerar que o segundo efeito compensa o primeiro podemos assistir a aumento de yields e, simultaneamente, valorização de mercados accionistas.

Na verdade este fenomeno não seria invulgar num periodo de forte crescimento economico..o problema é que parece ser o caso...

de qq das formas a realidade terá de surgir, mais tarde ou mais cedo. Seja ela no sentido de sustentar o crescimento ou de mais um "rebentamento" de bolha..

Outro efeito extremamente interessante está referido num outro post...o fed está a baixar taxas directoras (ou melhor esta a injectar liquidez..) mas a economia "real" vê as taxas de financiamento a aumentar. Este sim é um efeito perigosissimo...A questão é quem é que está a absorver este spread. o sistema financeiro..claro.
Na verdade a economia não chega a ser estimulada pelas taxas de juro mais baixas porque os intermediarios entre o fed os agentes economicos bloqueiam este mecanismo.
Qual o impacto deste "fenomeno" e qual a sua origem?

Uma explicação possivel seria que as instituições financeiras não estão a "comprar" a suposta retoma economica que o governo tenta vender, logo está a diminuir o rating de credito (risco) dos seus clientes..ou seja a encarecer o dinheiro e a diminuir o consumo.
Bonito.

Enfim, este tema tem muito que se lhe diga e eu não tenho respostas... :-)

beijinhos,
Jones