Revisitando alguns temas

Caro MrJones,
Também não pretendo expressar explicações à prova de bala, como diz e muito bem. Vou somente indicar-lhe o que penso relativamente a cada uma das questões que me pôs, com base no que sei dos mercados, da informação que tenho sobre os aspectos concretos e da opinião dos traders e analistas do mercado americano que consulto diariamente. Acho que não é um mau ponto de partida, sendo certo que o meu objectivo não é teorizar mas discorrer um pouco sobre estes assuntos.
Ponto 1.
As acções nos mercados americanos desceram efectivamente no passado dia 5, data da colocação da tranche de 24 biliões de Treasuries de 3 anos. Como o mercado vive de situações concretas que podem ser acompanhadas ao minuto pelos traders, a certeza generalizada é a de que o mercado caiu especialmente por causa da referida emissão.
Meu caro MrJones, se as acções descem muitas vezes ou não, mesmo não havendo emissões todos os dias, há-de convir que isso não tem qualquer relevância para o caso. Interessa é saber se naquele dia as acções desceram influenciadas pela dita emissão.
Ponto 2.
Pelas informações que tenho, as Treasuries de 3 anos não tinham roll-over. Já as outras 2 emissões, de 18 biliões cada, de 5 e 10 anos, eram para substituir emissões que se venciam. O impacto existe sempre mas é bem menor, como aliás está a acontecer.
Importa realçar que a minha primeira afirmação de que o mercado se está agora a confrontar com a realidade tem a ver naturalmente com uma continuidade de emissões do governo EUA e de grandes empresas cotadas, no futuro mais ou menos próximo. Também é óbvio que as bonds/yields são um factor muito importante, mas existem muitos outros como você também disse e muito bem.
Ponto 3.
Quando eu disse “não é bom para o dólar”, queria significar que o dólar desvalorizaria.
É uma força de expressão. Naturalmente há muitas situações em que, ao invés, uma moeda a descer é muito vantajoso parta determinado país (Veja-se a China, com o yuan).
Penso que o sentido da frase era óbvio e talvez não valha a pena acrescentar mais nada.
Ponto 4.
Como sabe, presentemente a situação económica dos EUA está segura por arames, sendo curioso saber até quando a artilharia monetária utilizada e a utilizar vai conseguir aguentar o castelo de cartas composto pelos vários défices, bolhas, pequenas e médias guerras, etc. Neste contexto, a continuação a prazo do aumento dos yields é mau, quer para as empresas (aumento dos custos financeiros na renovação da dívida e em novos investimentos) quer para os particulares (diminuição de consumo, por estrangulamento financeiro e maiores dificuldades de acesso ao crédito).
Se a taxa de inflação nos EUA crescer mais do que o aumento dos yields, e se novas previsões para o PIB EUA apontarem para aumentos muito menores resvalando para valores “europeus” (ou menores, com ou sem recessão), então o USD vai seguramente diminuir de valor em relação ao Euro, aliás em consonância com a sua actual tendência descendente de longo prazo.
Um abraço
Comentador
Também não pretendo expressar explicações à prova de bala, como diz e muito bem. Vou somente indicar-lhe o que penso relativamente a cada uma das questões que me pôs, com base no que sei dos mercados, da informação que tenho sobre os aspectos concretos e da opinião dos traders e analistas do mercado americano que consulto diariamente. Acho que não é um mau ponto de partida, sendo certo que o meu objectivo não é teorizar mas discorrer um pouco sobre estes assuntos.
Ponto 1.
As acções nos mercados americanos desceram efectivamente no passado dia 5, data da colocação da tranche de 24 biliões de Treasuries de 3 anos. Como o mercado vive de situações concretas que podem ser acompanhadas ao minuto pelos traders, a certeza generalizada é a de que o mercado caiu especialmente por causa da referida emissão.
Meu caro MrJones, se as acções descem muitas vezes ou não, mesmo não havendo emissões todos os dias, há-de convir que isso não tem qualquer relevância para o caso. Interessa é saber se naquele dia as acções desceram influenciadas pela dita emissão.
Ponto 2.
Pelas informações que tenho, as Treasuries de 3 anos não tinham roll-over. Já as outras 2 emissões, de 18 biliões cada, de 5 e 10 anos, eram para substituir emissões que se venciam. O impacto existe sempre mas é bem menor, como aliás está a acontecer.
Importa realçar que a minha primeira afirmação de que o mercado se está agora a confrontar com a realidade tem a ver naturalmente com uma continuidade de emissões do governo EUA e de grandes empresas cotadas, no futuro mais ou menos próximo. Também é óbvio que as bonds/yields são um factor muito importante, mas existem muitos outros como você também disse e muito bem.
Ponto 3.
Quando eu disse “não é bom para o dólar”, queria significar que o dólar desvalorizaria.
É uma força de expressão. Naturalmente há muitas situações em que, ao invés, uma moeda a descer é muito vantajoso parta determinado país (Veja-se a China, com o yuan).
Penso que o sentido da frase era óbvio e talvez não valha a pena acrescentar mais nada.
Ponto 4.
Como sabe, presentemente a situação económica dos EUA está segura por arames, sendo curioso saber até quando a artilharia monetária utilizada e a utilizar vai conseguir aguentar o castelo de cartas composto pelos vários défices, bolhas, pequenas e médias guerras, etc. Neste contexto, a continuação a prazo do aumento dos yields é mau, quer para as empresas (aumento dos custos financeiros na renovação da dívida e em novos investimentos) quer para os particulares (diminuição de consumo, por estrangulamento financeiro e maiores dificuldades de acesso ao crédito).
Se a taxa de inflação nos EUA crescer mais do que o aumento dos yields, e se novas previsões para o PIB EUA apontarem para aumentos muito menores resvalando para valores “europeus” (ou menores, com ou sem recessão), então o USD vai seguramente diminuir de valor em relação ao Euro, aliás em consonância com a sua actual tendência descendente de longo prazo.
Um abraço
Comentador