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AmLat - Resumo da Semana (DJOVARIUS)

MensagemEnviado: 3/8/2003 23:38
por MarcoAntonio
Por dificuldades de acesso do Djovarius, coloco aqui o resumo da autoria dele:

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AmLat - Resumo da semana

Olá, tudo bem? Espero que possam usufruir desse calor, mais típico destas latitudes, mas que por vezes sempre aparece na boa e velha Europa.
Por aqui, as coisas começaram a “aquecer” à medida que a semana ia chegando ao fim, culminando que uma sexta-feira de quedas: Bolsas, moedas locais. Só o petróleo em alta, para gáudio da Venezuela e do México.
A Bovespa teve um dia feio (-3,26%) e uma semana pior ainda (-5%), com o sector das Telecoms a liderar as quedas, devido aos maus resultados das empresas de telecomunicações, com destaque para a Telemar. O Real caiu porque as exportações brasileiras caíram em Julho pela primeira vez em 13 meses, talvez devido à subida recente face ao dólar americano. A queda foi de 2% face a igual mês do ano passado frustrando as expectativas dos exportadores. Como as importações caíram muito mais, o saldo positivo do mês ainda foi bom, cerca de 2 mil milhões de dólares, pelo que, no ano corrente, já vai em 12,5 mil milhões de dólares. Ainda assim, hoje o Real sofreu porque o mercado está preocupado com as disputas políticas em torno da reforma da Previdência Social. Também a reforma fiscal deverá trazer problemas, pois os governadores dos Estados preparam-se para exigir contrapartidas Federais pela perda de receitas, dificultando o equilíbrio orçamental da União.
Em geral, além dos mínimos de 9 semanas do Real, tivemos estabilidade do peso Argentino após notícias de que a taxa de desemprego no país caiu em Maio para 15,6% contra 17,8% em Outubro passado. O do México em forte alta devido à subida do petróleo. Cerca de 3% na semana. Salvo esta excepção, as moedas latino-americanas vão perdendo a força demonstrada no primeiro semestre. Mesmo as Obrigações do Tesouro dos países da região começaram a perder terreno graças ao aumento do yield dos títulos dos Estados Unidos. Os investidores começam agora a diminuir a exposição ao risco. Foi a pior semana para os detentores destes papéis. O C-Bond brasileiro perdeu terreno. O yield, que se move na direcção inversa, ganhou de cerca de 10 para 12%. É mais um caso em que o mercado antecipou boas notícias que tardam a chegar, penalizando agora os títulos. Tudo isto merece um comentário: muito capital especulativo entrou a partir de Outubro, após um quase pânico. Talvez esse capital esteja a preparar a sua “saída” do país. Um fenómeno que atinge os emergentes, e que nenhum Governo parece querer entender. Todos teimam em acreditar que “desta vez é diferente”....
No Brasil, uma boa notícia para o Governo: atingiu um superavit orçamental primário superior a 5% do PIB, quando o FMI “apenas” exige 4,25%. Este esforço deverá continuar nos próximos tempos, permitindo uma poupança posterior. Menos satisfeitos estão os empresários que acreditam ser indispensável uma redução dos juros reais para 8% este ano e 5% no próximo. Actualmente, a taxa de juro real deve situar-se em torno de 14% ao ano.
O país continua paralisado à espera de melhores dias. As exportações são a salvação, se o Real continuar a cair um pouco, como sucedeu esta semana. Internamente, fica o exemplo das declarações do CEO da General Motors – Brasil: “A manter-se esta situação, alguma das montadoras de automóveis pode sair do país”. Toda a gente percebeu que “alguma” poderia ser a própria GM. Há quem ache que não, também.
Na semana passada, referimos um sinal da crise internacional a afectar o Brasil, a queda do investimento directo estrangeiro de 9,6 para apenas 3,5 mil milhões de dólares no 1º semestre. Pois bem, foi uma queda abrupta em quase todos os sectores, com destaque para os do comércio e serviços. Só a agricultura ganhou mais investimentos, mas partiu de um patamar muito baixo – cerca de 200 milhões. Portugal já não aparece na lista dos maiores investidores (chegou a ser o terceiro maior), mas os Estados Unidos, Alemanha e Espanha seguem entre os primeiros. Apesar de tudo, o Brasil ainda está no pódio mundial das nações que recebe maiores investimentos do exterior.
Notas finais: para o México, onde o fundo de Investimentos e Caridade de Bill Gates adquiriu 7% das acções do Grupo Televisa – o maior grupo latino-americano de comunicação social. Para a Venezuela que consegue respirar à conta do elevado preço do petróleo. A S&P fez o upgrade da dívida do país, passou para B - !!
E à margem dos mercados fica a saudade do carro mais popular do século XX – os últimos VW carocha saíram da linha de montagem no México. Coleccionadores de todo o mundo acorreram ao país para garantir um exemplar. Eles foram dispostos a pagar um preço salgado. Mas é, sem dúvida, um momento histórico do mundo automóvel...

E os mercados pregaram a partida, sobretudo nesta sexta-feira. Será uma inversão?

Ficam os câmbios médios indicativos do Real – sexta-feira e do BOVESPA (números finais)

IBOVESPA – 13.130 pts – o índice desceu 4,8 % na semana
US$ 1 = R$ 3,03 – o dólar subiu 4,5% na semana
€ 1 = R$ 3,42 – o Euro subiu 2,6 % na semana

Obs.) Para quem está a chegar ao Brasil, de férias ou negócios, o câmbio turismo aponta para um valor de R$ 3,30 aprox.

Um abraço, bom fim de semana e/ou boas férias

djovarius
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