Bom, amigo, respondo já !!!
De uma forma sucinta, digo já que Bonds são as famosas Obrigações, títulos de dívida, que são uma das formas possíveis de financiamento, quer das empresas, quer dos Estados. No caso dos EUA, tantos o Governo Federal, como os Estados e os Municípios emitem dívida, que o mercado compra.
No texto, eu falo das Obrigações ou notas do Tesouro Americano, que têm diversos prazos de maturidade e que são consideradas pela J. P. Morgan, de risco-zero, portanto são um benchmark da dívida pública internacional. São as mais procuradas como investimento de refúgio. Em tempos de crise, muitos investidores fogem de acções e outros activos de risco, procurando a a dívida pública com o objectivo de atingirem uma renda mais ou menos fixa. Com o aumento da procura, o rendimento das Obrigações (yield) desce, e vice-versa. Por isso se diz que para diminuir os juros no mercado aberto, a Reserva Federal poderia adquirir estes títulos, sobretudo os de prazos mais longos (30 anos), aumentando os preços do papel e assim, diminuindo o yield. Isto é uma troca de papéis de dívida por cash, há uma monetização de dívida, aumento de liquidez, o que ajuda mais ainda a diminuir os custos do dinheiro, contribuindo para a expansão económica.
Ora bem, se o FED provoca um aumento da liquidez e dos diversos agragados monetários, o sistema bancário pode disponibilizar dinheiro aos clientes, grandes e pequenos a taxas mais baixas.
Acredita-se que, como aconteceu no passado recente, esta liquidez seja parcialmente utilizada para investimentos, mais ou menos especulativos, nas Bolsas.
Por outro lado, vendo a relação com o Forex, temos que ter em conta que os capitais globais num mercado aberto procuram, dentro de vários níveis de risco, o maior rendimento possível pelo menor risco. Por isso, se um título americano só render 3% ao ano e um Alemão render 3,5%, pode-se concluir que dentro do mesmo nível de risco, é preferivel o Alemão, beneficiando o Euro face ao dólar.
De igual modo, estão a ser beneficiadas moedas de maior risco, mas com um rendimento maior, como as do Canadá, Austrália, África do Sul, Brasil, entre outras, países cujo dívida pública paga juros maiores.
A questão do duplo défice é mais complexa. Mas, grosso modo, se os Estados Unidos mantiverem um forte défice da balança de pagamentos, causado sobretudo pela balança comercial, num quadro de fraco crescimento económico, terão mais dificuldade em manter o valor da sua moeda face a muitas outras. A zona Euro, por exemplo, tem superavits e o Japão, mais ainda. Por seu turno, o défice duplo completa-se agora com um pesado défice orçamental. As necessidades de financiamento serão maiores. Os investidores neste mesmo mercado aberto exigirão prémios maiores para a compra de dívida, forçando ao aumento de juros, na prática. Aqui, configura-se um problema grave: juros de longo prazo mais alto assustam o mercado porque inibem a recuperação da actividade económica, o que é negativo para o dólar. Aqui, completa-se o ciclo, menor actividade económica, leva à procura maior de títulos de dívida, o que faz o yield diminuir, levando os traders de Forex a procurar outras moedas.
Um último detalhe: na negociação de Forex, as posições no mercado à vista rendem juros sobre o valor da posição por inteiro e não só sobre a nossa margem. No caso do par EUR/USD, como a zona Euro tem uma taxa de desconto maior do que os EUA, posições longas abertas sobre o Euro rendem juros diários sobre esse diferencial e vice-versa, quem tem posições a favor do dólar "paga" juros.
Num diferencial de 1% ao ano, temos cerca de 0,07% ao mês, o que é muito dinheiro para Institucionais que têm posições abertas de milhares de milhões de dólares...
Isto tem pano para mangas...
Espero ter ajudado nalguma coisa !!
Um abraço
djovarius