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Enviado:
9/7/2003 13:04
por Ulisses Pereira
Incognitus,
É por isso que continuo a defender que todas as atenções devem estar centradas no S&P que é o índice que mais fielmente representa a economia norte-americana. Aliás, é curioso ver que em 2000, o S&P era constituído por 40% de empresas tecnológicas, enquanto actualmente esse número é de cerca de 20%.
Um abraço,
Ulisses

Enviado:
9/7/2003 11:09
por Incognitus
Outra coisa impressionante, é que se não fosse o short interest, existiriam para aí 10-15% menos de acções das Eufóricas, e portanto essas mesmas eufóricas estariam AINDA mais altas do que estão hoje.
Exacto...

Enviado:
9/7/2003 10:46
por Surfer
Os trades que aqui por diversas vezes são anunciados no mercado americano são praticamente senão na totalidade sobre acções «techs» e quanto mais especulativa for o titulo, o interesse é maior.
Dai eu concluir que apesar das enormes perdas recentes ao longo dos ultimos 3 anos, são os ganhos loucos e espectaculares até 2000 que mais predomina na mente das pessoas. Acontece aqui, na Europa, nos EUA e no mundo inteiro, é incrivel que as pessoas tenham mais viva memória do que aconteceu há 3 anos atrás do que aconteceu até recentemente 3 ou 4 meses atrás.
Embora acredite em novos minimos nos mercados a longo-prazo, actualmente analisando os gráficos não posso ficar indiferente ao sentimento bullish presente e ser intrasigente nas minhas ideias ou convicções, até porque eu bem sei, que existe uma grande diferença entre o que nós pensamos e o que o mercado faz.
Abraço!

Enviado:
9/7/2003 10:46
por Flying Turtle
Eu não seria assim tão radical quanto ao facto de um novo bull ter de ser protagonizado por outras empresas que não as techs. Por, designadamente, quatro razões:
- O conceito de techs envolve coisas muito variadas, desde a electrónica às TIC, desde as eléctricas ao multimedia, desde a biotecnologia ao ambiente;
- Algumas tecnologias - como por exemplo as TIC - são transversais a todos os sectores de actividade, pelo que estarão sempre envolvidas em novos saltos tecnológicos e competitivos, sejam em que sector forem;
- Qualquer que seja o sector que lidere novos saltos competitivos (por exemplo as fuel cells) é afinal um sector tecnológico, logo cá teremos de novo as techs a liderarem a retoma
- A economia é hoje caracterizada por fenómenos como a globalização, as externalidades de rede e a complexificação pluritecnológica associada a cada produto, concomitante com a diversificação pluriproduto associada a cada tecnologia. Falamos hoje de plataformas tecnológicas e não de produtos (o sector automóvel é um dos melhores exemplos neste domínio, mas há outros), pelo que muitas tecnologias estarão provavelmente envolvidas numa nova retoma da economia.
Uma nota final: As estatísticas relativas ao capital de risco nos EUA mostram que, tendo baixado o montante investido no último ano, o share das ciências da vida aumentou consideravelmente. Isto mostra claramente uma alteração das opções estratégicas dos investidores de risco, mas não um abandono das empresas tecnológicas...
Um abraço
FT
exactamente

Enviado:
9/7/2003 10:34
por cmafonso
incognitus por aqui nunca se ve ninguem tirando os "mineiros"(mas esses ate sao bears de longo prazo)a falar noutra coisa que nao seja nas techs e isso para mim e um sinal de que isto e um ressalto e nao um bull market pois os "motores" de um novo bull nao sao os mesmos do anterior . ou seja a adoraçao por estes papeis ainda nao acabou(nem se prespectiva o seu fim)enfim as pessoas olham para os graficos destas "coisas" e veem picos nos 200 e tal ora como estamos a 25 isto tem um potencial enorme entao quem domina os mercados sabe disso e tem que dar o tiro de partida depois a euforia "erotico-festiva"(carpatos)faz o resto .
abraço.

Enviado:
9/7/2003 10:14
por Incognitus
Surfer, eu não dou o "pulo" para dizer que isto tem que voltar a cair e fazer mínimos. Acho que isso é possível, mas francamente olhando só para o mercado a única coisa que parece é que vai subir mais. As valorizações não fazem sentido, mas aparentemente já ninguém, absolutamente ninguém, liga para elas.
Também vejo a montanha de dívida que se está a criar nos EUA, o que me fez finalmente ontem fazer um hedge dos meus USD para EUR. Esta montanha de dívida só tem uma saída: Inflação. A Inflação tb é a única forma que o USD tem de continuar a desvalorizar (pois senão tudo fica impossivelmente barato nos EUA). Assim sendo, só vejo um futuro de inflação e desvalorização do USD.
Os mercados normalmente dão-se muito mal com a possibilidade de inflação crescente. Principalmente se partem de valorizações elevadas.
Mas isto foge do post original, da "vontade" de comprar tech. Não é difícil de ver essa vontade, mesmo aqui no fórum. TODOS os trades longos que aqui aparecem sobre activos dos EUA são em acções tech, já reparaste?
Incognitus...

Enviado:
9/7/2003 10:03
por Surfer
Essa análise e observação é bastante interessante nomeadamente do ponto de vista psicológico das massas.
Podemos concluir portanto, que as pessoas tem ainda mais presente as mais valias chorudas feitas até 2000, do que as enormes perdas recentes ao longo dos ultimos 3 anos.
Agora novas questões se levantam, por exemplo será que se os mercados voltarem no sentido da tendência bearish de longo-prazo dos mercados, as massas retiram o dinheiro refugiando-se das perdas, ao contrário de 2000 em que ficaram durante muito tempo «holders»?!
Razão teve sempre o meu amigo César Borja ao longo do bearmarket, quando os mercados faziam sempre novos minimos e as pessoas nessas alturas questionavam se ainda seria possivel cairem mais, ele respondia e defendia sempre que o sentimento bullish ainda era superior ao bearish nos mercados e provavelmente ainda iriam passar alguns anos até o sentimento bearish dominar por completo os mercados.
Esta euforia presente e actual nas «techs» é a prova real que os mercados ainda não corrigiram o que tem para corrigir de forma a iniciar-se um verdadeiro e autêntico bullmarket de longo-prazo.
Abraço!

Enviado:
9/7/2003 9:56
por Incognitus
Sim, e eu ainda me esqueci de um factor ... as acções que por manifesta impossibilidade (faliram), desapareceram. Contra a vontade de todos aqueles que obviamente acreditavam nelas. E que tb desinflaccionaram o Índice.
Esta característica é talvez a coisa que mais separa este crash do de 1929 ou 1973/74 - a vontade manteve-se mesmo perante a queda. Daí que os volumes de negociação se mantenham muito elevados, tb.
Não tivemos (nos EUA) aquela fase de não querer saber do mercado. Porém, em Portugal, parece-me que a tivemos.

Enviado:
9/7/2003 9:49
por Flying Turtle
Não estou em condições, em termos de detenção de informação, para comentar esta tua análise Incognitus, mas quero dar-te os parabéns pela mesma pois, a ser como afirmas, parece-me muito bem visto e dá que pensar...
Um abraço
FT
Será que o Nasdaq caiu assim tanto...?

Enviado:
9/7/2003 7:59
por Incognitus
Existe a ideia generalizada de que o Nasdaq caiu brutalmente dos seus máximos, de 5000 pontos para 1750 agora, e de que tal queda correspondeu, de uma forma ou outra, a uma procura de acções tech menor.
Mas será que a realidade é mesmo essa?
Bem, queda houve certamente. Mas existem vários factores bastante fortes a dizer que, durante essa queda, existiu na realidade investimento em acções tech ...
Isto porque:
1) As techs na sua maioria vêm exercidos em stock options 1-2% das acções existentes por ano. Durante 3 anos de queda, isto significa aproximadamente 3-6% mais em número de acções, apenas nalguns casos mitigado por recompras de acções.
2) Os tech insiders passaram todo esse tempo a vender líquido. Ou seja, o free float de praticamente todas as acções aumentou.
3) Os maiores accionistas das ditas empresas fizeram o mesmo, aumentando tb o free float destas.
4) As próprias empresas tech venderam imensas acções de outras tech (caso particular do caso anterior geral).
5) O maior efeito: o aumento generalizado do short interest "criou" acções. Quando alguém shorta 1 acção, esse alguém "cria" uma acção.
Ou seja, mesmo tendo nós observado uma queda do PREÇO das acções tech, a verdade é que a outra variável da procura destas acções - a quantidade existente - aumentou substancialmente.
Quer isto dizer o mesmo que já disse antes: que a bolha apenas acabou por falta de dinheiro pontual, pois a VONTADE de deter e aumentar a participação neste tipo de acções nunca foi maior.