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Caldeirão da Bolsa

AmLat - resumo da semana

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

AmLat - resumo da semana

por djovarius » 5/7/2003 0:28

Olá, tudo bem! Vamos ao que realmente importa, esperando que todos tenham feito bons negócios.
Ufa, que semana morta, poucos negócios, clima de férias não só na Europa e Estados Unidos (aqui veja-se o que um feriado faz aos mercados globais), mas também na América do Sul, onde Julho é o mês tradicional das mini-férias de Inverno. 8-)
Assim, pouco se falou de negócios. As próximas semanas não deverão trazer grandes novidades.
Deixando de lado as previsões, vamos para o que aconteceu, uma nota preocupante em estilo “fim de festa” – esta semana, os fundos de Obrigações dos mercados emergentes tiveram o maior número de resgates do ano de 2003, à medida que os investidores viram que os ganhos acumulados talvez ainda não se justifiquem perante os dados das Economias dos países. Os mercados accionistas, nem sim nem sopas, pouco se mexeram, apesar de hoje, sem Nova York, tanto Buenos Aires como SP terem andado sempre positivos, mas sem volume. Quanto aos câmbios, pouco movimento. O peso Mexicano está fraco, este ano não acompanha a tendência dos vizinhos, não se valoriza face ao USD. Já o peso Argentino voltou a subir e acumula 23% no ano face ao “greenback”. O Real chegou aos máximos de 12 meses face ao dólar na semana, mas as duas últimas sessões foram de queda devido aos problemas políticos que Lula tem de enfrentar. Já falaremos disso !!
Recordamos agora que o semestre que findou na segunda-feira foi espantoso. Na América Latina, enquanto renascia a esperança por melhores dias, os mercados afirmaram essa crença, dando azo a fortes valorizações nos mercados. Para os investidores que têm o USD como moeda base, a festa foi completa, obtendo valorizações (Bolsa + ganho cambial) de quase 50% na Argentina, cerca de 30% no Brasil e 15% no México. O actual semestre vai ser emocionante. Continuará a euforia? Veremos correcções leves que levem a novas subidas? Ou o descalabro por muitos anunciado vai chegar ? Veremos...
O optimismo no Brasil arrefece à medida que terras agrícolas são invadidas por todo o país, perante uma certa passividade do Governo que, no passado enquanto oposição, defendeu essas atitudes. Lula vai sorrindo para os invasores enquanto pede o fim das ocupações. Os invasores “sem-terra” exigem a reforma agrária imediata como o PT queria em tempos. No meio do impasse, os investidores temem que as reformas política, fiscal e da Previdência sejam adiadas devido a rupturas políticas no Congresso. Por isso, o Real começou a cair e talvez continue.
Isso seria bom para as exportações, as quais evitam que o PIB mostre a paralisia da Economia interna.
O superavit comercial brasileiro no semestre findo atingiu a nossa marca de 10 mil milhões de dólares, tendo ultrapassado mesmo aquele valor em 200 milhões. Excelente número que não se deverá repetir no segundo semestre, tradicionalmente mais “virado” para a importação de produtos já apensar no Natal e Verão. O mercado gostou e mais ainda: o défice em conta corrente fica quase a zero devido ao saldo comercial. Nos últimos 12 meses está em apenas 0,1% do PIB. Ainda assim, a liquidez global beneficia o sector financeiro local. O Banco do Brasil conseguiu captar empréstimos no exterior na ordem de US$ 230 milhões a uma taxa de juros considerada espantosa... apenas 5,95% ao ano. Impensável num país que há nove meses atrás rolava dívidas a 90% ao ano em títulos a 30 dias. Os institucionais estrangeiros procuram rendimento e esse só o conseguem nos mercados emergentes, por isso arriscam através de taxas mais favoráveis. O interessante do empréstimo do BB que mencionámos é que ele é baseado em garantias muito pouco ortodoxas. O garante daquele montante serão os gastos dos turistas no Brasil com cartão Visa, do qual o BB é o gestor local !!! Ainda dizem que não há génios nos mercados... :mrgreen:
Mas nem tudo são rosas. Quando se diz que a Economia interna está estrangulada pelos juros ainda altos, as consequências são várias. Deflação foi a palavra da semana nas televisões. Em todos os índices ela apareceu, inclusive nos preços ao consumidor. Alguns sectores, como o alimentar, tiveram quedas de preços superiores a 1%. Os bolsos andam vazios. Os negócios não facturam. O sector automóvel continua a travessia do deserto – a Fiat vai parar a produção e dar férias colectivas em São Paulo. Os trabalhadores temem o pior.
Grave é também a situação financeira do sector eléctrico. A distribuidora do Rio de Janeiro, a Light deu um calote aos credores e vive um impasse. Esperam-se novos capítulos, mas as empresas de distribuição eléctrica não estão bem. Talvez só a Electropulo escape à escuridão do sector.
Quanto ao caso das tarifas dos telefones fixos, a Protecção ao consumidor foi aconselhada pelo próprio Governo a recorrer à justiça em todos os Estados para impedir os aumentos já anunciados, os quais são suportados pelos contratos de concessão que permite o reajuste pela inflação passada e não pela prevista.
No entanto, a Justiça pode travar o processo, porque a lei impede que certos serviços e produtos tenham aumentos de preços “imorais”. Leia-se, aumentos susceptíveis de provocar distorções na Economia. Isso é o que vai alegar o Procon, dizendo que não se justifica um aumento de quase 30% quando a economia já sente a deflação em quase todos os itens de consumo.
Fica o link da notícia que deixei antes sobre a primeira decisão judicial de carácter Federal sobre o assunto: www.caldeiraodebolsa.com/forum/viewtopic.php?t=12928

Vamos esperar então por semanas mais mexidas nos mercados latino-americanos, embora o mês de Julho não seja o melhor para isso. Aqui em São Paulo, de momento, há mais vontade de ir para a estância de inverno de Campos do Jordão – um daqueles lugares do tipo Europa no Brasil... :P

Ficam os câmbios médios indicativos do Real – hoje e do BOVESPA (números finais)

IBOVESPA – 13.273pts – o índice subiu 1,8 % na semana
US$ 1 = R$ 2,84 – o dólar desceu 1,2% na semana
€ 1 = R$ 3,26 – o Euro desceu 0,8% na semana

Obs.) Para quem está a chegar ao Brasil, de férias ou negócios, o câmbio turismo aponta para um valor de R$ 3,14 aprox.

Um abraço lusitano e bom fim de semana

djovarius
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