" Pessoas estão com medo do futuro"
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A segurança social...
Sempre o mesmo martelo, a negação do estatuto que alterou a vida dos povos, a riqueza «invisível» do melhor «negocio» do mundo ocidental...
Em 1984, visitei a Madeira. Foi em Janeiro e para minha agradável impressão, estava «minada» de velhos de cor nórdica. Espontaneamente veio-me á memória, então, os meus velhos. Cidadãos de um pais pobre, de reformas miseráveis, queimados pela rigidez do clima Alentejano, ao contrário dos nórdicos, queimados e colorados por um qualquer sol comprado. Os conhecimentos dos meus velhos, do Mundo, existiam apenas naqueles olhares sobre o infinito, imaginando que o «passeio» das ilhas, era ali detrás de um qualquer «cerro» e que seria parecido talvez, com a serra das «Duas Hermanas», ou talvez como o «Cabeço da Forca», ou talvez ainda como o «Monte da boa Vista». As reformas, a miséria não davam para enriquecer o turismo da Madeira ou das outras tantas Madeiras deste universo. Ficava a fantasia...Aqui, a fantasia dos olhares, era apenas isso, não criava serviços, posto de trabalho, desenvolvimento, era apenas a imaginação de velhos a olhar o infinito e pensar que...
Em 1998/99, a segurança social dos funcionários públicos suíços, deu a maior barracada jamais conhecida no que vai de segurança social. Manipulação de ficheiros, vivos ou mortos todos no mesmo saco, pagamentos por conta. Este situação leva então para os jornais a discussão sobre a segurança social. Era uma fartura... Utópicos, fantasistas, economistas. sociólogos, aparecem todas as teorias e invenções, cada qual a melhor, a «salvar» a segurança nacional suíça. Desde escalas decimais com aumentos do IVA, para manter a segurança social ao nível do suportável, a enriquecer de qualquer forma todos os cidadão de uma só vez, para que com tais recursos não mais precisassem do social vivendo felizes e por muitos séculos sem precisar do suporte da chamada Segurança Social. Outros proponham simplesmente a destruição radical do sistema e inventar, começar tudo de novo. Escreveram de tudo, inventarem, era um ver se te havias á imaginação.
A sorte disto é que entre teóricos e fantasistas, as diferenças ao nível do palpável, estão a muitos séculos luz distante da realidade.
Quantos Rolandes Bergeres existem neste mundo?... Muitos, mesmo muitos!!!
Hoje por absurdo que pareça, tudo o que foi feito de bom em proveito de muitos milhões de pessoas é posto em causa, isto é, com o bem estar de muitos milhões de seres humanos, os ricos enriqueceram todavia mais, as diferenças existem, os privilégios também. Mas muitas mais pessoas vivem sem duvida melhor...
Produtividade, um poço sem fundo...
Produzir para o armazém. A quem serve uma tal filosofia?...Se for desempregado, não vou comprar, mesmo que o queira, os recursos são limitados. Um teso não serve o conceito social de hoje. Depende da segurança social?...
O estado injecta dinheiro no sistema em fases de fraqueza económica. Apenas na opinião dos Bergeres, a porta está do outro lado. Se temos muito, gastamos mais, se temos menos, gastamos em conformidade. Um circulo sem fim...Se o dou ao desempregado não posso dar ao empresário, mas no fundamental a injecção foi ministrada. Justamente se me derem a mim é melhor que o darem ao vizinho.
Como eles, os Bergeres, influenciam a sociedade dos políticos. Melhor, eles são os políticos, os fantasistas, os inventores, os que dizem ser mentira hoje, ao contrario do que defenderam no passado. Habilidades do arco da velha...
«Trata-se da primeira crise após o rebentamento da bolha da nova economia, que levou a uma deflação de activos, que não é comparável à que tivemos em 87 ou em qualquer outro ano depois de 1945. Essa deflação destruiu muitos valores - simbólicos, mas, de qualquer forma, valores - que estimulavam a economia e que deixaram de o fazer.»
Esta dá mesmo para pensar... Que grande mentira!!!
Eu que pensava e da maneira como o Berger o apresenta, o sistema produtivo de ontem contra o de hoje, era igual, puramente por razões de necessidade produtiva e inovação o sistema em si mesmo produz deflação.
Mas se o Berger o considera apenas no sistema produtivo tecnológico moderno, é de pensar mesmo que virá algum outro dizer que, a «deflação de activos» faz parte desde sempre dos sistemas produtivos, incluso da antiguidade e a conveniência do Berger é produzir mais uma conferencia.
«Não me parece que, de momento, estejamos numa situação em que o modelo keynesiano, que significa mais gastos por parte do Governo, traga nenhum crescimento. Simplesmente, porque ninguém investe»
Investir no que? Então e a deflação de activos? E o que estimularia a economia? È que você Senhor Berger quer cortar nas entradas dos consumidores...
Não é verdade. Os Estados se não investem na empresa, investe no desempregado, na chamada segurança social...
Já sei que se a minha opinião e directamente com o autor, este encontraria mil e um argumentos para me contradizer. Mais: ganharia a discussão, até porque o olhar do entrevistador seria de respeito superior no teórico, ao contrario de que o olhar que dedicaria ao «escritor» do Caldeirão.
Sim senhor Berger, quando as «conferencias» deixarem menos dinheiro e se inventar de político, vai-me dizer que tenho direito á reforma aos 40 (para mim com retroactivos) e em caso de eu duvidar vai encontrar formas matemáticas que eu até tenho que acreditar.
Oh, Herr Berger das Leben tut der Meister... Sie sind einfach auf dem falche Seite.
R. Martins
Sempre o mesmo martelo, a negação do estatuto que alterou a vida dos povos, a riqueza «invisível» do melhor «negocio» do mundo ocidental...
Em 1984, visitei a Madeira. Foi em Janeiro e para minha agradável impressão, estava «minada» de velhos de cor nórdica. Espontaneamente veio-me á memória, então, os meus velhos. Cidadãos de um pais pobre, de reformas miseráveis, queimados pela rigidez do clima Alentejano, ao contrário dos nórdicos, queimados e colorados por um qualquer sol comprado. Os conhecimentos dos meus velhos, do Mundo, existiam apenas naqueles olhares sobre o infinito, imaginando que o «passeio» das ilhas, era ali detrás de um qualquer «cerro» e que seria parecido talvez, com a serra das «Duas Hermanas», ou talvez como o «Cabeço da Forca», ou talvez ainda como o «Monte da boa Vista». As reformas, a miséria não davam para enriquecer o turismo da Madeira ou das outras tantas Madeiras deste universo. Ficava a fantasia...Aqui, a fantasia dos olhares, era apenas isso, não criava serviços, posto de trabalho, desenvolvimento, era apenas a imaginação de velhos a olhar o infinito e pensar que...
Em 1998/99, a segurança social dos funcionários públicos suíços, deu a maior barracada jamais conhecida no que vai de segurança social. Manipulação de ficheiros, vivos ou mortos todos no mesmo saco, pagamentos por conta. Este situação leva então para os jornais a discussão sobre a segurança social. Era uma fartura... Utópicos, fantasistas, economistas. sociólogos, aparecem todas as teorias e invenções, cada qual a melhor, a «salvar» a segurança nacional suíça. Desde escalas decimais com aumentos do IVA, para manter a segurança social ao nível do suportável, a enriquecer de qualquer forma todos os cidadão de uma só vez, para que com tais recursos não mais precisassem do social vivendo felizes e por muitos séculos sem precisar do suporte da chamada Segurança Social. Outros proponham simplesmente a destruição radical do sistema e inventar, começar tudo de novo. Escreveram de tudo, inventarem, era um ver se te havias á imaginação.
A sorte disto é que entre teóricos e fantasistas, as diferenças ao nível do palpável, estão a muitos séculos luz distante da realidade.
Quantos Rolandes Bergeres existem neste mundo?... Muitos, mesmo muitos!!!
Hoje por absurdo que pareça, tudo o que foi feito de bom em proveito de muitos milhões de pessoas é posto em causa, isto é, com o bem estar de muitos milhões de seres humanos, os ricos enriqueceram todavia mais, as diferenças existem, os privilégios também. Mas muitas mais pessoas vivem sem duvida melhor...
Produtividade, um poço sem fundo...
Produzir para o armazém. A quem serve uma tal filosofia?...Se for desempregado, não vou comprar, mesmo que o queira, os recursos são limitados. Um teso não serve o conceito social de hoje. Depende da segurança social?...
O estado injecta dinheiro no sistema em fases de fraqueza económica. Apenas na opinião dos Bergeres, a porta está do outro lado. Se temos muito, gastamos mais, se temos menos, gastamos em conformidade. Um circulo sem fim...Se o dou ao desempregado não posso dar ao empresário, mas no fundamental a injecção foi ministrada. Justamente se me derem a mim é melhor que o darem ao vizinho.
Como eles, os Bergeres, influenciam a sociedade dos políticos. Melhor, eles são os políticos, os fantasistas, os inventores, os que dizem ser mentira hoje, ao contrario do que defenderam no passado. Habilidades do arco da velha...
«Trata-se da primeira crise após o rebentamento da bolha da nova economia, que levou a uma deflação de activos, que não é comparável à que tivemos em 87 ou em qualquer outro ano depois de 1945. Essa deflação destruiu muitos valores - simbólicos, mas, de qualquer forma, valores - que estimulavam a economia e que deixaram de o fazer.»
Esta dá mesmo para pensar... Que grande mentira!!!
Eu que pensava e da maneira como o Berger o apresenta, o sistema produtivo de ontem contra o de hoje, era igual, puramente por razões de necessidade produtiva e inovação o sistema em si mesmo produz deflação.
Mas se o Berger o considera apenas no sistema produtivo tecnológico moderno, é de pensar mesmo que virá algum outro dizer que, a «deflação de activos» faz parte desde sempre dos sistemas produtivos, incluso da antiguidade e a conveniência do Berger é produzir mais uma conferencia.
«Não me parece que, de momento, estejamos numa situação em que o modelo keynesiano, que significa mais gastos por parte do Governo, traga nenhum crescimento. Simplesmente, porque ninguém investe»
Investir no que? Então e a deflação de activos? E o que estimularia a economia? È que você Senhor Berger quer cortar nas entradas dos consumidores...
Não é verdade. Os Estados se não investem na empresa, investe no desempregado, na chamada segurança social...
Já sei que se a minha opinião e directamente com o autor, este encontraria mil e um argumentos para me contradizer. Mais: ganharia a discussão, até porque o olhar do entrevistador seria de respeito superior no teórico, ao contrario de que o olhar que dedicaria ao «escritor» do Caldeirão.
Sim senhor Berger, quando as «conferencias» deixarem menos dinheiro e se inventar de político, vai-me dizer que tenho direito á reforma aos 40 (para mim com retroactivos) e em caso de eu duvidar vai encontrar formas matemáticas que eu até tenho que acreditar.
Oh, Herr Berger das Leben tut der Meister... Sie sind einfach auf dem falche Seite.
R. Martins
Quem não conhece o «CALDEIRÃO» não conhece este mundo
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- Registado: 5/11/2002 9:23
"as pessoas estão com medo"
pois estão. Num mundo em constante mudança, onde já poucas coisas são "certas", surgiu nos últimos anos mais um "perigo" bem visivel por todo o lado - o terrorismo. A isto acrescente-se os casos cada vez mais frequentes de corrupção e fraudes com dinheiros públicos por parte de quem tinha o dever de "zelar" por eles.
Perante este quadro social, com incerteza de emprego e insegurança fisica, os liders ocidentais que têem para lhes oferecer?
a pouca credibilidade da maioria deles, que raramente fazem o que prometeram quando oposição, ou até mudam as leis para proveito próprio e dos grupos que representam, e por vezes até para se livrarem da justiça (como o Italiano).
não há uma liderença política credível, como já houve, e são estes políticos (que cada vez mais governam ao sabor das sondagens) que vão fazer as reformas necessárias, começando por "emagrecer" o Estado?
penso que as pesoas sentem que a grande maioria dos políticos não estão verdadeiramente interessados em fazer reformas e garantir o futuro, e mais interessados em tratarem do "SEU" futuro
o Estado nunca foi capaz de gerir, e muito menos produzir fosse o que fosse. o Estado é indolente, ganancioso, injusto, ou seja incompetente- então como confiar na sua gestão dos dinheiros públicos e das Previdências?
Os estados Europeus precisam de descobrir novas formas de gestão da despesa pública, e de descobrir liders capazes de enfrentar os interesses instalados, mesmo os sindicais.
se eles não aparecerem depressa, corremos os risco que o descontentamento e o medo sejam aproveitados por mais algum "iluminado" manipulador das consciências
pois estão. Num mundo em constante mudança, onde já poucas coisas são "certas", surgiu nos últimos anos mais um "perigo" bem visivel por todo o lado - o terrorismo. A isto acrescente-se os casos cada vez mais frequentes de corrupção e fraudes com dinheiros públicos por parte de quem tinha o dever de "zelar" por eles.
Perante este quadro social, com incerteza de emprego e insegurança fisica, os liders ocidentais que têem para lhes oferecer?
a pouca credibilidade da maioria deles, que raramente fazem o que prometeram quando oposição, ou até mudam as leis para proveito próprio e dos grupos que representam, e por vezes até para se livrarem da justiça (como o Italiano).
não há uma liderença política credível, como já houve, e são estes políticos (que cada vez mais governam ao sabor das sondagens) que vão fazer as reformas necessárias, começando por "emagrecer" o Estado?
penso que as pesoas sentem que a grande maioria dos políticos não estão verdadeiramente interessados em fazer reformas e garantir o futuro, e mais interessados em tratarem do "SEU" futuro
o Estado nunca foi capaz de gerir, e muito menos produzir fosse o que fosse. o Estado é indolente, ganancioso, injusto, ou seja incompetente- então como confiar na sua gestão dos dinheiros públicos e das Previdências?
Os estados Europeus precisam de descobrir novas formas de gestão da despesa pública, e de descobrir liders capazes de enfrentar os interesses instalados, mesmo os sindicais.
se eles não aparecerem depressa, corremos os risco que o descontentamento e o medo sejam aproveitados por mais algum "iluminado" manipulador das consciências
Pois caro Jas
Tocaste aí num ponto importantíssimo.
De quando em vez ...retorna-se ao tema da eutanásia.....pricipalmente na holanda , belgica, reino unido....locais onde impera o liberalismo mais feroz.
Pretende-se que as massas ignaras comecem a aceitar essa ideia como legitima.....tempos haverá..em que se vai determinar uma idade limite...dado que fica muito cara a manutenção da vida para além dela.... .
Has-de reparar na proxima vez que falarem dessa coisa......temos então o liberalismo à outrance....por isso eles andam a proclamar os direitos humanos...prevenindo a revolta do homem....mas também há quem pense....
cumps
Tocaste aí num ponto importantíssimo.
De quando em vez ...retorna-se ao tema da eutanásia.....pricipalmente na holanda , belgica, reino unido....locais onde impera o liberalismo mais feroz.
Pretende-se que as massas ignaras comecem a aceitar essa ideia como legitima.....tempos haverá..em que se vai determinar uma idade limite...dado que fica muito cara a manutenção da vida para além dela.... .
Has-de reparar na proxima vez que falarem dessa coisa......temos então o liberalismo à outrance....por isso eles andam a proclamar os direitos humanos...prevenindo a revolta do homem....mas também há quem pense....
cumps
Se naufragares no meio do mar,toma desde logo, duas resoluções:- Uma primeira é manteres-te à tona; - Uma segunda é nadar para terra;
Sun Tzu
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- Localização: vila nova de gaia
Re: " Pessoas estão com medo do futuro"
Roland Berger Escreveu:Desenvolvemos uma cultura de Estado-Providência que é simplesmente insustentável.(...)
Eu acho que podemos manter o nosso modelo europeu, mas simplesmente num nível de gastos muito mais modesto, muito mais razoável, com mais elementos de solidariedade social, com mais elementos de subsidiariedade.
Existe por aqui uma contradição...
É insustentável e preconiza mais "soladidariedade" e mais "subsídios"?
O problema que se irá pôr a muito curto prazo é o das pessoas não morrerem de doença (porque já se descobriu a cura e/ou já se desenvolveu a prevenção) e não morrerem de velhice (porque se substituem as peças...).
E, sendo assim, ou veremos ser estabelecido um "limite de idade por decreto" (e desligam a máquina...)ou veremos a idade da reforma aumentar ou, na aus~encia das anteriores, veremos a Previdência falir...
Roland Berger Escreveu:Penso que, no máximo, talvez no final desta década possamos ver florescer novas tecnologias, como a biotecnologia, a nanotecnologia, e que possam constituir uma parte significativa do PIB, o que poderá dar um bom impulso à nossa economia.
Isso, além de um boom na indústria farmacêutica, na genética, na piscicultura (comam agora peixinhos enquanto não são todos de aviário...), na regeneração e protecção do Ambiente, etc, etc.
JAS
comentário
"Roland Berger: «Desenvolvemos uma cultura de Estado-Providência que é simplesmente insustentável»"
Foi esta a frase que, de relance, li no expresso com a fotografia da pessoa que a profere.
Depois, pensei para mim...... este também foi comprado...para as coisas não serem esclarecidas......e não li mais nada.
Mas aqui pude ler o artigo que o "heroi grego" editou no post.
A europa continental está com mêdo....pois está a travar uma guerra sem quartel com os USA-UK.
Esta guerra tem campos de acção rigorosamente vigiados e continua violentíssima. É uma guerra dissimulada nos meandros da hipocrisia civilizacional.
Os actores principais em conflito são de difícil resolução, pois escondem-se nos diversos poderes que constituem os estados. Não se sabe quem são, nem onde moram. É este o drama...não se sabe quem determina a guerra e porque razões objectivas.
O homem, começa a pensar....e já não acredita no poder absoluto da razão...já admite..o poder moderador do coração como mitigador da crueza dos mercados cada vez mais sob o efeito de reengenharias mais cruentas do que uma guerra , para a obtenção da eficácia dos métodos reinventados. Nem o sofisma dos direitos humanos..poderá impedir a revolta do homem perante os crimes sociais que hoje se fazem em nome do mercado e do lucro.
A evolução da organização politoco-social do homem tem de suceder......estamos no estado nação ..e temos de ir para algum lado......o liberalismo deseja grandes espaços económicos, onde , numa multidão de escravos, sem o saberem, retira maior réditos das mais valias que individualmente recolhe. Mas existem alternativas.....como seja a agregação dos homens em comunidades de actividades complementares e que as novas tecnologias podem viabilizar. De resto existem projectos e se calhar já realidades , desse novo modo de viver.
Se assim fosse, acabaria a concentração de riqueza feita de modo indecente e ilegítimo....na europa do norte....e nos USA de NY e Washington.
É este o medo do senhor arauto dos que mandam que se chama "roland berger"
A guerra entre a europa (continental) e os USA-UK, continua ..e cada vez a aproximar-se mais, da confrontação directa..... Portugal está nos dois lados...ou nem está.....será este um dos fctores porque nos autonomizamos de castela , antes da crise de 1383/85??.... trmos de fazer a nossa autognose....
Que Deus nos acompanhe
cumps
Foi esta a frase que, de relance, li no expresso com a fotografia da pessoa que a profere.
Depois, pensei para mim...... este também foi comprado...para as coisas não serem esclarecidas......e não li mais nada.
Mas aqui pude ler o artigo que o "heroi grego" editou no post.
A europa continental está com mêdo....pois está a travar uma guerra sem quartel com os USA-UK.
Esta guerra tem campos de acção rigorosamente vigiados e continua violentíssima. É uma guerra dissimulada nos meandros da hipocrisia civilizacional.
Os actores principais em conflito são de difícil resolução, pois escondem-se nos diversos poderes que constituem os estados. Não se sabe quem são, nem onde moram. É este o drama...não se sabe quem determina a guerra e porque razões objectivas.
O homem, começa a pensar....e já não acredita no poder absoluto da razão...já admite..o poder moderador do coração como mitigador da crueza dos mercados cada vez mais sob o efeito de reengenharias mais cruentas do que uma guerra , para a obtenção da eficácia dos métodos reinventados. Nem o sofisma dos direitos humanos..poderá impedir a revolta do homem perante os crimes sociais que hoje se fazem em nome do mercado e do lucro.
A evolução da organização politoco-social do homem tem de suceder......estamos no estado nação ..e temos de ir para algum lado......o liberalismo deseja grandes espaços económicos, onde , numa multidão de escravos, sem o saberem, retira maior réditos das mais valias que individualmente recolhe. Mas existem alternativas.....como seja a agregação dos homens em comunidades de actividades complementares e que as novas tecnologias podem viabilizar. De resto existem projectos e se calhar já realidades , desse novo modo de viver.
Se assim fosse, acabaria a concentração de riqueza feita de modo indecente e ilegítimo....na europa do norte....e nos USA de NY e Washington.
É este o medo do senhor arauto dos que mandam que se chama "roland berger"
A guerra entre a europa (continental) e os USA-UK, continua ..e cada vez a aproximar-se mais, da confrontação directa..... Portugal está nos dois lados...ou nem está.....será este um dos fctores porque nos autonomizamos de castela , antes da crise de 1383/85??.... trmos de fazer a nossa autognose....
Que Deus nos acompanhe
cumps
Se naufragares no meio do mar,toma desde logo, duas resoluções:- Uma primeira é manteres-te à tona; - Uma segunda é nadar para terra;
Sun Tzu
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E outra coisa
este medo é salutar pois quando surge a incerteza e o receio, cresce a poupança e diminui o consumo
Apesar da queda do consumo ser negativa no curto/médio prazo, será uma purga que permitirá às empresas mais eficientes resistirem e ficarem mais fortes
Por outro lado, as taxas negativas de poupança não podem continuar. É a super bolha. É um castelo de cartas feito de crédito fácil e de poupança nula
É um desequilibrio muito grande que a economia mais tarde ou mais cedo terá de corrigir e se não for progressivamente será violentamente e com custos sociais muito elevados
Apesar da queda do consumo ser negativa no curto/médio prazo, será uma purga que permitirá às empresas mais eficientes resistirem e ficarem mais fortes
Por outro lado, as taxas negativas de poupança não podem continuar. É a super bolha. É um castelo de cartas feito de crédito fácil e de poupança nula
É um desequilibrio muito grande que a economia mais tarde ou mais cedo terá de corrigir e se não for progressivamente será violentamente e com custos sociais muito elevados
Como Roland Berger diz, precisamos de novas indústrias e novas tecnologias. Perfeitamente de acordo. As novas tecnologias da informação foram, para já, um fiasco se compararmos com as expectativas.No meu entender, as nossas velhas indústrias tedem a desaparecer, sendo tranferidas para países menos industrializados, a custo bastante mais baixo, se nada de novo acontecer. Mas pode haver uma salvação: os supercondutores. Já repararam que, se estes supercondutores, à temperatura ambiente, surgissem no mercado, tudo quanto é motor , gerador, condutor ou linha de transporte seria, com vantagens económicas elevadas, substituído? Teriamos uma nova revolução industrial.Ainda não há muito tempo, se julgava que a sua aparição estaria eminente. Isto leva-me a pensar que já não estaremos muito longe da quilo que poderá ser a grande renovação industrial das industrias tradicionais, com emprego para muita gente...
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Obrigado, Ulisses pelo destaque à entrevista de Nicolau Santos no Expresso com Roland Berger, o que já não acontece pela primeira vez, quer dizer, é uma figura que aparece frequentemente citada pelo Semanário dirigido por J. A. Saraiva.
Vejamos: ele fala na falência do Estado - Providência, uma ideia já antiga. Lamentável que os políticos sacudam a água do pacote, não elaborando reformas por viverem apenas para o momento eleitoral.
Sobre deflação: ainda bem que há quem tenha coragem de admitir que o mundo hoje está numa espiral deflacionista, graças à revolução tecnológica, mas também devido à deslocalização. Produtos e até SERVIÇOS são gerados à distância, onde o custo é menor, sem prejudicar a qualidade dos mesmos. Portanto, o desemprego crescente no Ocidente não é conjuntural, mas sim cada vez mais estrutural.
A revolução tecnológica já se deu em parte, mas temos que ver que ela segue nesta década com destaque para o campo da medicina, que está à beira de espantosas evoluções nos mecanismos de prevenção / detecção de doenças graves, conseguindo-se num futuro próximo desviar o foco da medicação, passando a questão para a cura na fase inicial da maleita e não após o consumar da mesma, facto de contribui para o enriquecimento da indústria de Fármacos. Há que acreditar que nas áreas relacionadas à biotecnologia vamos ter desenvolvimentos mais espantosos do que os que tivemos nas comunicações, revolução que ainda não se esgotou.
Finalmente a ideia principal: mais Estado não vai resolver nada, nem tão pouco o aumento de liquidez que verificamos. O dinheiro barato não traz riquezas, pode somente amenizar os custos assumidos antes para a aquisição de riqueza (quem compra uma casa a 30 anos sabe bem como é bom um juro baixo). Isso pode impedir uma recessão, mas ao mesmo tempo não se produzindo o choque económico esperado e uma crise realmente grave, não haverá dirigentes que se arrisquem a inovar, por falta de justificação. Assim, apesar de homens avisados como Berger, resta-nos esperar que o Estado, como sempre, continue a "empurrar as coisas com barriga"... sempre virão outros para apagar a luz...
Bom descanso, amigos
dj
Vejamos: ele fala na falência do Estado - Providência, uma ideia já antiga. Lamentável que os políticos sacudam a água do pacote, não elaborando reformas por viverem apenas para o momento eleitoral.
Sobre deflação: ainda bem que há quem tenha coragem de admitir que o mundo hoje está numa espiral deflacionista, graças à revolução tecnológica, mas também devido à deslocalização. Produtos e até SERVIÇOS são gerados à distância, onde o custo é menor, sem prejudicar a qualidade dos mesmos. Portanto, o desemprego crescente no Ocidente não é conjuntural, mas sim cada vez mais estrutural.
A revolução tecnológica já se deu em parte, mas temos que ver que ela segue nesta década com destaque para o campo da medicina, que está à beira de espantosas evoluções nos mecanismos de prevenção / detecção de doenças graves, conseguindo-se num futuro próximo desviar o foco da medicação, passando a questão para a cura na fase inicial da maleita e não após o consumar da mesma, facto de contribui para o enriquecimento da indústria de Fármacos. Há que acreditar que nas áreas relacionadas à biotecnologia vamos ter desenvolvimentos mais espantosos do que os que tivemos nas comunicações, revolução que ainda não se esgotou.
Finalmente a ideia principal: mais Estado não vai resolver nada, nem tão pouco o aumento de liquidez que verificamos. O dinheiro barato não traz riquezas, pode somente amenizar os custos assumidos antes para a aquisição de riqueza (quem compra uma casa a 30 anos sabe bem como é bom um juro baixo). Isso pode impedir uma recessão, mas ao mesmo tempo não se produzindo o choque económico esperado e uma crise realmente grave, não haverá dirigentes que se arrisquem a inovar, por falta de justificação. Assim, apesar de homens avisados como Berger, resta-nos esperar que o Estado, como sempre, continue a "empurrar as coisas com barriga"... sempre virão outros para apagar a luz...
Bom descanso, amigos
dj
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
Muito interessante o artigo Ulisses. É um tema particularmente interessante que dá azo para mangas.
Uma das coisas que acho mais curiosas no tempo que vivemos é o "assalto" ao poder da geração de Maio de 68 e da Revolução dos Cravos. Este tem sido um tema que tem gerado algumas discussões interessantes entre amigos da "nossa" geração.
Igualmente pertinente é a associação que não pode deixar de ser feita entre os últimos anos de crise com o mandato de GW Bush nos EUA. É a minha percepção que uma das origens da actual crise de confiança foi provocada pela nova Administração norte-americana. Esta questão levanta uma outra igualmente preocupante: de que forma irá o mundo evoluir num cenário de eleições presidenciais americanas já ao virar da esquina?
Por último, realçar a grande crise de confiança que se vive presentemente em Portugal. Durante as minhas férias por aí há umas semanas atrás, a grande maioria das pessoas com quem falei reflectiam precisamente esse estado de espírito. Desde familiares mais próximos, aos amigos, aos conhecidos e às conversas circunstanciais aqui e acolá. Por alguma razão a emigração cresceu tanto em Portugal nos últimos 12 meses, eu incluído. Isto levanta ainda muitas outras questões interessantes mas afastadas do assunto principal deste fórum.
Um abraço,
MozHawk
Uma das coisas que acho mais curiosas no tempo que vivemos é o "assalto" ao poder da geração de Maio de 68 e da Revolução dos Cravos. Este tem sido um tema que tem gerado algumas discussões interessantes entre amigos da "nossa" geração.
Igualmente pertinente é a associação que não pode deixar de ser feita entre os últimos anos de crise com o mandato de GW Bush nos EUA. É a minha percepção que uma das origens da actual crise de confiança foi provocada pela nova Administração norte-americana. Esta questão levanta uma outra igualmente preocupante: de que forma irá o mundo evoluir num cenário de eleições presidenciais americanas já ao virar da esquina?
Por último, realçar a grande crise de confiança que se vive presentemente em Portugal. Durante as minhas férias por aí há umas semanas atrás, a grande maioria das pessoas com quem falei reflectiam precisamente esse estado de espírito. Desde familiares mais próximos, aos amigos, aos conhecidos e às conversas circunstanciais aqui e acolá. Por alguma razão a emigração cresceu tanto em Portugal nos últimos 12 meses, eu incluído. Isto levanta ainda muitas outras questões interessantes mas afastadas do assunto principal deste fórum.
Um abraço,
MozHawk
" Pessoas estão com medo do futuro"
" «Pessoas estão com medo do futuro»
Para vencer a crise, temos de aceitar mais sacrifícios privados, defende ROLAND BERGER. Mas o mundo está demasiado inseguro
Alterar tamanho
Rudiger Nehmzow
Roland Berger: «Desenvolvemos uma cultura de Estado-Providência que é simplesmente insustentável»
AS PESSOAS estão com medo, quer na Europa quer nos Estados Unidos, mas o remédio para sair desta crise, «muito mais grave que qualquer das anteriores», é ir mais fundo nos sacrifícios privados e liberalizar mais a economia para criar uma estrutura empresarial nova. A receita é de Roland Berger, 65 anos, presidente da Roland Berger Strategy Consultants, que na próxima semana estará em Lisboa para encontros com membros do Governo, empresários e banqueiros.
EXPRESSO - A actual crise económica é do mesmo tipo das de 1973, 1982 e 1992 ou é diferente?
ROLAND BERGER - É provavelmente um novo tipo de crise, especialmente para a Europa mas também para o resto do mundo em geral. E isso prende-se com várias razões. Trata-se da primeira crise após o rebentamento da bolha da nova economia, que levou a uma deflação de activos, que não é comparável à que tivemos em 87 ou em qualquer outro ano depois de 1945. Essa deflação destruiu muitos valores - simbólicos, mas, de qualquer forma, valores - que estimulavam a economia e que deixaram de o fazer.
EXP. - Isso vai conduzir a uma deflação?
R.B. - Não creio que a Europa Ocidental ou a América vão enfrentar uma deflação. Mas o risco de deflação existe porque temos vários factores deflacionários: um é a nova tecnologia em si mesma - a tecnologia de informação produz enormes saltos no aumento de produtividade, o que faz baixar os preços; temos a já referida deflação de activos, que inclui, em muitos países - e vai continuar a incluir - a propriedade imobiliária; temos uma quantidade crescente no mercado mundial de países de baixos custos que oferecem mercadorias normais, não alta tecnologia, a preços muito baixos.
EXP. - E há a questão da insegurança...
R.B. - Esta crise, particularmente na Europa Ocidental continental, assenta também nos efeitos de três questões que estão interligadas: uma é a questão demográfica, que se faz sentir pela primeira vez nos Orçamentos do Estado, nos orçamentos para a Segurança Social, etc., e que limita os gastos. Essencialmente, os nossos sistemas de segurança social estão a chegar ao fim, financeiramente. Depois, a falta de reformas é sentida pela primeira vez nesta crise - e é também por isso que esta crise dura há tanto tempo, três anos. Não é uma recessão normal que termina ao fim de mais ou menos um ano. E há um novo elemento, na área transatlântica europeia, que é a incerteza política. Vivemos com a Guerra Fria, mas essencialmente vivemos mais de 50 anos em paz na Europa Ocidental e nos Estados Unidos. Os Estados Unidos passaram por guerras na Ásia, mas nunca sofreram uma agressão no seu próprio país. Este tempo que estamos a viver, de terrorismo, de pequenas guerras, de novas tendências políticas - a famosa doutrina de prevenção de Bush -, originam constantes crises políticas, militares e terroristas, infelizmente recorrentes e prolongadas, e o mundo tem de habituar-se a viver com elas. No momento está a gerar muita incerteza nos consumidores, entre as pessoas comuns nos seus ambientes de trabalho, as pessoas estão inquietas...
EXP. - Uma incerteza que trava o consumo e o investimento...
R.B. - Daí que eu considere que esta crise é muito mais grave que qualquer das anteriores. Tem, de facto, características diferentes. Não estou a dizer que não consigamos sair dela, mas penso que esta primeira década do século XXI vai ser, muito provavelmente, do género dos anos 70 do século XX em que, em dez anos, tivemos três crises que provocaram abrandamento económico, grande insegurança, etc. Mas vai ser ainda pior, e não temos uma tecnologia estimulante como aconteceu nos anos 80 e 90, em que se iniciou o «boom» das tecnologias de informação e que originou uma nova era de crescimento, a nova economia, com elevados ganhos de produtividade, efeitos muito positivos. Penso que, no máximo, talvez no final desta década possamos ver florescer novas tecnologias, como a biotecnologia, a nanotecnologia, e que possam constituir uma parte significativa do PIB, o que poderá dar um bom impulso à nossa economia.
EXP. - Disse que as pessoas, na Europa, estão com medo...
R.B. - Não só na Europa. Pela primeira vez vi pessoalmente que, também nos Estados Unidos, as pessoas estão com medo, coisa que nunca tinham.
EXP. - Não caminhamos mais para o modelo asiático do que para o modelo americano?
R.B. - Não. Eu acho que podemos manter o nosso modelo europeu, mas simplesmente num nível de gastos muito mais modesto, muito mais razoável, com mais elementos de solidariedade social, com mais elementos de subsidiariedade. Mas penso que tem havido uma utilização abusiva do modelo europeu nos últimos 30 anos. Desenvolvemos uma cultura de Estado-Providência, particularmente na Alemanha, em França e na Itália, que é simplesmente insustentável, e é por isso que neste momento assistimos a reformas que são verdadeiras reviravoltas em termos de iniciativas por parte de todos os governos - como o Governo alemão, neste momento - relativamente aos mercados de trabalho, a uma reforma do sistema de pensões, a uma reforma do sistema de saúde, do sistema de segurança social...
EXP. - A situação na Alemanha é similar à do Japão?
R.B. - Não. É totalmente diferente. Primeiro, porque a economia alemã faz parte da economia europeia, possui um sistema bancário estável cuja reestruturação estará terminada em finais deste ano e somos uma economia aberta da zona euro. A verificar-se uma deflação ela atingiria toda a zona euro e não apenas a Alemanha. É verdade que temos uma deflação de activos, mas é só.
EXP. - O que recomenda que a Europa faça? Teremos de esquecer o Pacto de Estabilidade?
R.B. - Não, o que eu acho que realmente se deve fazer é aquilo que a Agenda 2010 de Gerhard Schroeder sugere e está a começar: uma maior desregulamentação dos nossos mercados, incluindo principalmente os mercados de trabalho; uma redução dos custos com a segurança social em toda a Europa, o que implica duros cortes nos hábitos de muitos europeus, especialmente os menos jovens; cortes nos subsídios a velhas indústrias; reduzir o peso estatal na economia, que na Alemanha é de quase 50%, tal como em França, através de privatizações. Na Alemanha existem mais de 100 empresas que podem ser privatizadas. E depois, claro, temos de usar o resultado dessas poupanças e devolvê-lo às pessoas, através de uma redução dos impostos, para que elas possam decidir onde gastar o seu dinheiro. Isto deverá aumentar o consumo, bem como o investimento, criando portanto novas formas de crescimento. Temos de investir cada vez mais em I&D, investir mais em infra-estruturas, na Bolsa de Valores ou investimentos empresariais e despesas de capital em geral, e na educação e na formação, formação constante e reciclagem das pessoas, etc.
EXP. - Mas se as pessoas já estão com medo, com estes cortes vão ficar ainda com mais medo. Assim sendo, de onde é que virá a recuperação? Do investimento?
R.B. - Não me parece que, de momento, estejamos numa situação em que o modelo keynesiano, que significa mais gastos por parte do Governo, traga nenhum crescimento. Simplesmente, porque ninguém investe. Porque temos capacidade suficiente: o uso de capacidades da nossa economia é, em média, cerca de 75 ou 77% e, por isso, há ainda 23% de capacidades não utilizadas na Europa e em todas as nossas indústrias. Portanto, não precisamos de novos investimentos, o que precisamos é de novas actividades económicas. Os consumidores não gastam porque estão com medo do futuro, mas uma coisa é certa: temos de ir mais fundo nos sacrifícios privados. Toda a gente, em média, claro, tem poupanças suficientes para sobreviver a este aprofundamento. É óbvio que cada país tem diferentes padrões de vida. Mas é preciso este aprofundamento para criar uma economia mais liberal onde possamos criar uma estrutura empresarial nova. Temos demasiadas indústrias velhas e não temos indústrias de alta tecnologia suficientes, nem indústrias inovadoras suficientes, nem serviços inteligentes ou serviços produtivos suficientes.
Nicolau Santos, em Berlim "
(in www.expresso.pt)
Para vencer a crise, temos de aceitar mais sacrifícios privados, defende ROLAND BERGER. Mas o mundo está demasiado inseguro
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Rudiger Nehmzow
Roland Berger: «Desenvolvemos uma cultura de Estado-Providência que é simplesmente insustentável»
AS PESSOAS estão com medo, quer na Europa quer nos Estados Unidos, mas o remédio para sair desta crise, «muito mais grave que qualquer das anteriores», é ir mais fundo nos sacrifícios privados e liberalizar mais a economia para criar uma estrutura empresarial nova. A receita é de Roland Berger, 65 anos, presidente da Roland Berger Strategy Consultants, que na próxima semana estará em Lisboa para encontros com membros do Governo, empresários e banqueiros.
EXPRESSO - A actual crise económica é do mesmo tipo das de 1973, 1982 e 1992 ou é diferente?
ROLAND BERGER - É provavelmente um novo tipo de crise, especialmente para a Europa mas também para o resto do mundo em geral. E isso prende-se com várias razões. Trata-se da primeira crise após o rebentamento da bolha da nova economia, que levou a uma deflação de activos, que não é comparável à que tivemos em 87 ou em qualquer outro ano depois de 1945. Essa deflação destruiu muitos valores - simbólicos, mas, de qualquer forma, valores - que estimulavam a economia e que deixaram de o fazer.
EXP. - Isso vai conduzir a uma deflação?
R.B. - Não creio que a Europa Ocidental ou a América vão enfrentar uma deflação. Mas o risco de deflação existe porque temos vários factores deflacionários: um é a nova tecnologia em si mesma - a tecnologia de informação produz enormes saltos no aumento de produtividade, o que faz baixar os preços; temos a já referida deflação de activos, que inclui, em muitos países - e vai continuar a incluir - a propriedade imobiliária; temos uma quantidade crescente no mercado mundial de países de baixos custos que oferecem mercadorias normais, não alta tecnologia, a preços muito baixos.
EXP. - E há a questão da insegurança...
R.B. - Esta crise, particularmente na Europa Ocidental continental, assenta também nos efeitos de três questões que estão interligadas: uma é a questão demográfica, que se faz sentir pela primeira vez nos Orçamentos do Estado, nos orçamentos para a Segurança Social, etc., e que limita os gastos. Essencialmente, os nossos sistemas de segurança social estão a chegar ao fim, financeiramente. Depois, a falta de reformas é sentida pela primeira vez nesta crise - e é também por isso que esta crise dura há tanto tempo, três anos. Não é uma recessão normal que termina ao fim de mais ou menos um ano. E há um novo elemento, na área transatlântica europeia, que é a incerteza política. Vivemos com a Guerra Fria, mas essencialmente vivemos mais de 50 anos em paz na Europa Ocidental e nos Estados Unidos. Os Estados Unidos passaram por guerras na Ásia, mas nunca sofreram uma agressão no seu próprio país. Este tempo que estamos a viver, de terrorismo, de pequenas guerras, de novas tendências políticas - a famosa doutrina de prevenção de Bush -, originam constantes crises políticas, militares e terroristas, infelizmente recorrentes e prolongadas, e o mundo tem de habituar-se a viver com elas. No momento está a gerar muita incerteza nos consumidores, entre as pessoas comuns nos seus ambientes de trabalho, as pessoas estão inquietas...
EXP. - Uma incerteza que trava o consumo e o investimento...
R.B. - Daí que eu considere que esta crise é muito mais grave que qualquer das anteriores. Tem, de facto, características diferentes. Não estou a dizer que não consigamos sair dela, mas penso que esta primeira década do século XXI vai ser, muito provavelmente, do género dos anos 70 do século XX em que, em dez anos, tivemos três crises que provocaram abrandamento económico, grande insegurança, etc. Mas vai ser ainda pior, e não temos uma tecnologia estimulante como aconteceu nos anos 80 e 90, em que se iniciou o «boom» das tecnologias de informação e que originou uma nova era de crescimento, a nova economia, com elevados ganhos de produtividade, efeitos muito positivos. Penso que, no máximo, talvez no final desta década possamos ver florescer novas tecnologias, como a biotecnologia, a nanotecnologia, e que possam constituir uma parte significativa do PIB, o que poderá dar um bom impulso à nossa economia.
EXP. - Disse que as pessoas, na Europa, estão com medo...
R.B. - Não só na Europa. Pela primeira vez vi pessoalmente que, também nos Estados Unidos, as pessoas estão com medo, coisa que nunca tinham.
EXP. - Não caminhamos mais para o modelo asiático do que para o modelo americano?
R.B. - Não. Eu acho que podemos manter o nosso modelo europeu, mas simplesmente num nível de gastos muito mais modesto, muito mais razoável, com mais elementos de solidariedade social, com mais elementos de subsidiariedade. Mas penso que tem havido uma utilização abusiva do modelo europeu nos últimos 30 anos. Desenvolvemos uma cultura de Estado-Providência, particularmente na Alemanha, em França e na Itália, que é simplesmente insustentável, e é por isso que neste momento assistimos a reformas que são verdadeiras reviravoltas em termos de iniciativas por parte de todos os governos - como o Governo alemão, neste momento - relativamente aos mercados de trabalho, a uma reforma do sistema de pensões, a uma reforma do sistema de saúde, do sistema de segurança social...
EXP. - A situação na Alemanha é similar à do Japão?
R.B. - Não. É totalmente diferente. Primeiro, porque a economia alemã faz parte da economia europeia, possui um sistema bancário estável cuja reestruturação estará terminada em finais deste ano e somos uma economia aberta da zona euro. A verificar-se uma deflação ela atingiria toda a zona euro e não apenas a Alemanha. É verdade que temos uma deflação de activos, mas é só.
EXP. - O que recomenda que a Europa faça? Teremos de esquecer o Pacto de Estabilidade?
R.B. - Não, o que eu acho que realmente se deve fazer é aquilo que a Agenda 2010 de Gerhard Schroeder sugere e está a começar: uma maior desregulamentação dos nossos mercados, incluindo principalmente os mercados de trabalho; uma redução dos custos com a segurança social em toda a Europa, o que implica duros cortes nos hábitos de muitos europeus, especialmente os menos jovens; cortes nos subsídios a velhas indústrias; reduzir o peso estatal na economia, que na Alemanha é de quase 50%, tal como em França, através de privatizações. Na Alemanha existem mais de 100 empresas que podem ser privatizadas. E depois, claro, temos de usar o resultado dessas poupanças e devolvê-lo às pessoas, através de uma redução dos impostos, para que elas possam decidir onde gastar o seu dinheiro. Isto deverá aumentar o consumo, bem como o investimento, criando portanto novas formas de crescimento. Temos de investir cada vez mais em I&D, investir mais em infra-estruturas, na Bolsa de Valores ou investimentos empresariais e despesas de capital em geral, e na educação e na formação, formação constante e reciclagem das pessoas, etc.
EXP. - Mas se as pessoas já estão com medo, com estes cortes vão ficar ainda com mais medo. Assim sendo, de onde é que virá a recuperação? Do investimento?
R.B. - Não me parece que, de momento, estejamos numa situação em que o modelo keynesiano, que significa mais gastos por parte do Governo, traga nenhum crescimento. Simplesmente, porque ninguém investe. Porque temos capacidade suficiente: o uso de capacidades da nossa economia é, em média, cerca de 75 ou 77% e, por isso, há ainda 23% de capacidades não utilizadas na Europa e em todas as nossas indústrias. Portanto, não precisamos de novos investimentos, o que precisamos é de novas actividades económicas. Os consumidores não gastam porque estão com medo do futuro, mas uma coisa é certa: temos de ir mais fundo nos sacrifícios privados. Toda a gente, em média, claro, tem poupanças suficientes para sobreviver a este aprofundamento. É óbvio que cada país tem diferentes padrões de vida. Mas é preciso este aprofundamento para criar uma economia mais liberal onde possamos criar uma estrutura empresarial nova. Temos demasiadas indústrias velhas e não temos indústrias de alta tecnologia suficientes, nem indústrias inovadoras suficientes, nem serviços inteligentes ou serviços produtivos suficientes.
Nicolau Santos, em Berlim "
(in www.expresso.pt)
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