
ING desce recomendação do BPI de «comprar» para «vender»
Quarta, 11 Jun 2003 12:30
O ING baixou a recomendação para o BPI para «vender», sugerindo um preço alvo de 2,30 euros. Segundo a corretora, dada a concentração da actividade no crédito à habitação, o BPI será um dos mais penalizados com a escalada do desemprego em Portugal.
Segundo ING Financial Markets, o Banco BPI [Cot, Not, P.Target], desde 29 de Abril, altura da apresentação das contas trimestrais, superou em 10% o comportamento em bolsa do rival Banco Comercial Português (BCP) [Cot, Not, P.Target] e em 11% a performance do Banco Espírito Santo (BES) [Cot, Not, P.Target], um factor que pesou na recomendação de vender.
«Não vemos nenhum factor que possa vir a espevitar as acções do BPI e que possa prolongar esta tendência de 'outperform'».
Em termos de liquidez, o ING diz que o BPI, com um volume médio negociado por dia de cerca de 2 milhões de euros, é um dos menos líquidos no universo das instituições financeiras cobertas pelo ING, «o que exige ao banco ter um maior prémio de risco».
O BPI tem uma quota em Portugal de 8,2% no mercado dos empréstimos, e de 11% nos depósitos, com um enfoque estratégico a nível do crédito à habitação, o que representa mais de um terço do total dos empréstimos.
Na altura da apresentação das contas trimestrais, o banco liderado por Artur Santos Silva reiterou aos analistas a intenção de focar-se na actividade de banca a retalho, com especial atenção no crédito à habitação, um factor de preocupação para o ING que cita o nível de endividamento das famílias em Portugal, bem como a taxa de desemprego que subiu para níveis de 1994.
No terceiro trimestre de 2002, a taxa de desemprego em Portugal foi de 5,1%, tendo passado para os 6,4% no primeiro trimestre de 2003 o que, segundo o analista Carlos Garcia, representa um problema para o BPI «já que o desemprego é um dos factores que mais está correlacionado com os níveis do NPL», ou seja, o rácio de que mede a qualidade do crédito concedido.
De acordo com o banco de investimento, nos últimos cinco anos, a taxa de crescimento média anual nos empréstimos à habitação em Portugal foi de 18%, «muito acima da média europeia».
Em relação ao BPI, o crédito à habitação face ao total dos empréstimos a clientes cresceu de 27% em Dezembro de 2002, para 40% em Dezembro de 2002, tendo o banco ganho uma quota de mercado adicional neste segmento de 3,4%.
De acordo com o analista Carlos Garcia, a posição do BPI, em termos de rácios de capital, é a mais confortável quando comparada com a dos rivais domésticos.
O rácio core Tier 1 do BPI é de 5,7%, acima dos 4,6% do BES e dos 5% do BCP, «o que não faz antever uma necessidade de aumentar o capital, a não ser num contexto de descida do valor da sua carteira de investimento, ou dos fundos de pensões».
As acções do BPI, depois de uma valorização máxima de 2,6%, seguiam em queda de 1,49% para 2,65 euros. O banco chegou a tocar nos 2,76 euros, o valor 'intraday' mais alto desde 18 de Junho de 2001, altura em que a cotação do banco chegou a bater nos 2,86 euros.
por Pedro Carvalho
Quarta, 11 Jun 2003 12:30
O ING baixou a recomendação para o BPI para «vender», sugerindo um preço alvo de 2,30 euros. Segundo a corretora, dada a concentração da actividade no crédito à habitação, o BPI será um dos mais penalizados com a escalada do desemprego em Portugal.
Segundo ING Financial Markets, o Banco BPI [Cot, Not, P.Target], desde 29 de Abril, altura da apresentação das contas trimestrais, superou em 10% o comportamento em bolsa do rival Banco Comercial Português (BCP) [Cot, Not, P.Target] e em 11% a performance do Banco Espírito Santo (BES) [Cot, Not, P.Target], um factor que pesou na recomendação de vender.
«Não vemos nenhum factor que possa vir a espevitar as acções do BPI e que possa prolongar esta tendência de 'outperform'».
Em termos de liquidez, o ING diz que o BPI, com um volume médio negociado por dia de cerca de 2 milhões de euros, é um dos menos líquidos no universo das instituições financeiras cobertas pelo ING, «o que exige ao banco ter um maior prémio de risco».
O BPI tem uma quota em Portugal de 8,2% no mercado dos empréstimos, e de 11% nos depósitos, com um enfoque estratégico a nível do crédito à habitação, o que representa mais de um terço do total dos empréstimos.
Na altura da apresentação das contas trimestrais, o banco liderado por Artur Santos Silva reiterou aos analistas a intenção de focar-se na actividade de banca a retalho, com especial atenção no crédito à habitação, um factor de preocupação para o ING que cita o nível de endividamento das famílias em Portugal, bem como a taxa de desemprego que subiu para níveis de 1994.
No terceiro trimestre de 2002, a taxa de desemprego em Portugal foi de 5,1%, tendo passado para os 6,4% no primeiro trimestre de 2003 o que, segundo o analista Carlos Garcia, representa um problema para o BPI «já que o desemprego é um dos factores que mais está correlacionado com os níveis do NPL», ou seja, o rácio de que mede a qualidade do crédito concedido.
De acordo com o banco de investimento, nos últimos cinco anos, a taxa de crescimento média anual nos empréstimos à habitação em Portugal foi de 18%, «muito acima da média europeia».
Em relação ao BPI, o crédito à habitação face ao total dos empréstimos a clientes cresceu de 27% em Dezembro de 2002, para 40% em Dezembro de 2002, tendo o banco ganho uma quota de mercado adicional neste segmento de 3,4%.
De acordo com o analista Carlos Garcia, a posição do BPI, em termos de rácios de capital, é a mais confortável quando comparada com a dos rivais domésticos.
O rácio core Tier 1 do BPI é de 5,7%, acima dos 4,6% do BES e dos 5% do BCP, «o que não faz antever uma necessidade de aumentar o capital, a não ser num contexto de descida do valor da sua carteira de investimento, ou dos fundos de pensões».
As acções do BPI, depois de uma valorização máxima de 2,6%, seguiam em queda de 1,49% para 2,65 euros. O banco chegou a tocar nos 2,76 euros, o valor 'intraday' mais alto desde 18 de Junho de 2001, altura em que a cotação do banco chegou a bater nos 2,86 euros.
por Pedro Carvalho