Caro Ulisses
Mais uma vez deste provas do teu espírito arguto e percuciente.
Claro que o mercado não sobre por a guera apenas ser possível depois de Janeiro. Mas o facto de ser impossível, técnica e politicamente, iniciar a guerra antes desse mês permitiu ao mercado a satisfação de uma vontade que se fazia sentir: alguma recuperação. Depois das grandes quedas de Setembro parecia sentir-se uma vontade, irracional já se vê, de o mercado fazer alguma recuperação, nem que fosse um mero ajuste técnico. Se a guera pudesse iniciar-se logo em Outubro ou Novembro seria pouco provável que esta reacção se concretizasse.
Quanto à divulgação dos resultados acima das expectativas, mas em vários casos abaixo do ano anterior, cronologicamente ocorreu quando já estava em curso o início da subida, dando-lhe consistência. Isso veio trazer algum optimismo no público em geral que, começando a aperceber-se de algumas subidas significativas, deve ter regressado ao mercado, dando mais um empurrão na subida. Com a lógica egoística das empressas reduzirem custos, designadamente através de despedimentos, sem atenderem ao efeito global que isso terá na economia, têm melhorado os seus resultados, sendo previsível que em vários sectores o final do ano, com maiores disponibilidades financeiras dos consumidores natalícios, se caracterize por resultados ainda melhores do que no 3.º trimestre.
Assim, todos esses factores podem contribuir para que a subida se prolongue. Pelo menos é isso que eu desejo em face do posicionamento que adoptei em alguns papéis. E talvez seja o meu desejo para que isso aconteça que me ofusca a visão, fazendo-me acreditar que o futuro realizará as minhas expectativas.
Mas quem me manda amim, simples sapateiro, querer tocar rabecão. Já estou a falar de mais do que não sei e manda a prudência e o bom senso falarmos e escrevermos apenas do que sabemos.
Saudações