Outros sites Medialivre
Caldeirão da Bolsa

AmLat - resumo da semana

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por nunofaustino » 9/5/2003 22:52

djovarius...
como eu te compreendo... eu acho q às vezes é díficl mudar do Inglês para o Português qto mais mudar do "Brasileiro" para o Português... ainda por cima parabenizar é uma das palavras que eu adoro em "brasileiro".
Um abraço
Nunofaustino
P.S.- Aqui não se lê nada sobre a violência no Brasil... achas que isso vai ter reflexos na economia ou que vai ser controlada antes disso?
Pluricanal... não obrigado. Serviço péssimo e enganador!!!
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 5157
Registado: 5/11/2002 5:10
Localização: Portugal

AmLat - resumo da semana

por djovarius » 9/5/2003 22:33

Falem-me de uma região do mundo que ainda há seis meses atrás parecia condenada à miséria, ao atraso, ao golpismo e à dependência externa.
Falem-me de uma outra região, que no momento presente, vive de dias de esperança, alívio, até de euforia e com melhor desempenho e perspectivas económicas do que o resto do Mundo.
É melhor nem cogitar. Estamos mesmo a falar da América Latina. Como seis meses podem não ser nada e podem ser uma eternidade.
A frieza dos números pode esconder as fragilidades, mas até prova em contrário, estes têm o dom de animar ou desiludir as pessoas. Que o digam os agentes económicos e financeiros.
Por estes dias descobriu-se a “pólvora”. Porque é que as moedas locais continuam a sua saga contra o dólar (existe alguma hoje que perca valor para o USD?) semana após semana !? Pois bem, na ausência de grandes investimentos empresariais de momento, a resposta surge no seio dos mercados financeiros. São os investimentos de “portfolio” que voltaram em força, tanto em acções quanto em renda fixa. O diferencial das taxas de juro entre os EUA e os países da região justifica tais movimentos, sobretudo porque a percepção do risco diminuiu substancialmente. Quem quer um rendimento fixo praticamente sem risco privilegia o Reino Unido, zona Euro, Canadá e Oceania. Quem suporta um risco maior, vem para a AmLat. A Argentina, o Brasil, o Chile e o México voltaram a merecer confiança dos, até há pouco, descrentes investidores. Veremos se o baile segue por muito mais tempo. Curioso foi o comentário da J. P. Morgan: as moedas latinas ainda estão desvalorizadas, mesmo com o recente “rally”. Há margem para mais subidas.
Não quis dizer que o investimento empresarial desapareceu, nem nada que se pareça. Somente caiu nos primeiros meses do ano, mas ainda há a ideia de que essa situação vai melhorar. Por exemplo, a norte-americana Alcoa, gigante dos alumínios, cotada no NYSE, adquiriu aqui no Brasil os 41% do Grupo Camargo Corrêa que ainda não detinha. Uma boa aposta, digo eu. Mais exemplos destes deverão surgir.

O mundo vai entrar em recessão? Bom, em 2002, a América Latina teve uma queda do PIB na ordem de 0,9%. As previsões para 2003 apontam para um crescimento de 2%, mas só se o resto do mundo não cair a pique. O Brasil deve liderar o crescimento com 2,5%. A Argentina, que caiu mais de 10% em 2002, deve crescer entre 1 a 5%, numa óptica optimista. Aqui reside o paradoxo: se as moedas continuarem numa espiral de alta, as exportações poderão ser afectadas, subtraindo ao crescimento do Produto. O consumo interno não vai ainda oferecer a contribuição necessária para o crescimento. Vende-se pouco em qualquer sector, excepto o retalho alimentar. Mesmo multinacionais emblemáticas como a Colgate-Palmolive e a Gilette queixam-se da situação, falam de “um consumo em baixa”. No entanto, confiança mantida.
O problema da inflação que afectou o Brasil pode ter os dias contados. Os primeiros números de Maio sugerem a queda dos preços ao consumidor para 0,5% ao mês, graças à queda do dólar que fez baixar alguns produtos e, melhor ainda, a gasolina. Na Argentina, onde já só são necessários 2,80 pesos para comprar um dólar, a inflação em 2003 deverá ficar em apenas 8% depois da escalada pós-desvalorização. A quase paridade entre Real e Peso fez reviver a ideia de uma futura moeda única para os dois países, ou mesmo para outros vizinhos do Mercosul. Uma ideia antiga, mas perseguida por muitos e considerada utópica por outros.
Por agora o que interessa realçar: forte confiança dos investidores e dos especuladores. A Bolsa de São Paulo no máximo dos últimos 12 meses, as acções de empresas que têm débitos externos a disparar face à queda do dólar. Real em alta face ao dólar – já passa de 22% no ano, a moeda “on fire” este ano. Títulos de dívida pública com valorizações fortes a atingir máximos de sempre e o risco país medido pela J. P. Morgan a cair para 734 pontos. Yields da dívida já entram na escala dos 10% ao ano. Os juros podem começar a baixar em breve, é só a inflação deixar...

Ficam os câmbios médios indicativos do Real – hoje, sexta-feira e do BOVESPA (números finais)

IBOVESPA – 13.214 pts – o índice subiu 3,3 % na semana (está no máximo últimos 12 meses)
US$ 1 = R$ 2,87 – o dólar desceu 3,2 % na semana
€ 1 = R$ 3,30 – o Euro desceu 0,9 % na semana

Obs.) Para quem está a chegar ao Brasil, de férias ou negócios, o câmbio turismo aponta para um valor de R$ 3,20 aprox.


P.S. – Hoje usei uma palavra muito pouco lusitana no Post dos parabéns ao Marco. Peço desculpa a quem se ofendeu, mas “saiu-me”. É a convivência diária com eles... acontece !! :oops:

Um abraço a todos e bom fds

djovarius
Cuidado com o que desejas pois todo o Universo pode se conjugar para a sua realização.
Avatar do Utilizador
 
Mensagens: 9128
Registado: 10/11/2002 19:32
Localização: Planeta Algarve


Quem está ligado:
Utilizadores a ver este Fórum: Bing [Bot], Google [Bot], Pmart 1 e 184 visitantes